ANDRÉ GLUCKSMANN nasceu em 1937, filho de judeus austríacos e faleceu em
Paris no dia 9 novembro deste ano. Estudou em Lyon na École Normale Supérieure
de Saint-Cloud. Seu primeiro trabalho foi publicado em 1968 quando era
assistente de Raymond Aron, na Sorbonne, Le Discours de la Guerre. Participou
do Movimento Estudantil do ano em curso em Paris. Comunista, torna-se militante
maoísta e defensor da Revolução Cultural Chinesa. Para ele o marxismo leva
irremediavelmente ao totalitarismo, fazendo uma aproximação entre os crimes do
nazismo e do stalinismo, sendo um contestador do regime soviético. No livro “A
Cozinheira e o Canibal” diz que o marxismo não só se contradiz teoricamente
como produz campos de concentração. Passa a partir de então a ser identificado como anticomunista e antitotalitário. Foi incluído no grupo denominado “Novos
Filósofos”, juntamente com Bruckner e Bernard-Henri Lévy. No entanto, suas
posições político-filosóficas não o impedia de aproximar esquerdistas e
liberais como foi o caso de reunir Sartre e Aon para convencer o presidente
Valéry Giscar d´Estaing a ajudar os refugiados do Vietnã.
Nem por isso deixou de defender posições polêmicas como a
ocupação do Iraque, a política israelense em relação à Palestina e a
intervenção ocidental na Sérvia para defender a minoria Kosovar.
Após a queda do comunismo russo, passa a atacar o
autoritarismo de Vladimir Putin, postura esta que lhe valeu o afastamento de
Sarkozy o qual o apoiara na sua candidatura.
Depois da queda do comunismo e o fim da União Soviética,
o filósofo continuou a denunciar o autoritarismo do presidente Vladimir Putin.
Sua crítica ao líder russo o afastou de Sarkozy, por não suportar a proximidade
do ex-presidente francês com o dirigente do Kremlin. Glucksmann havia apoiado a
candidatura de Sarkozy à presidência em 2007.
André Glucksmann tinha muitas facetas e podia ser visto e
julgado por várias ações, algumas vezes contraditórias. Ora é um jovem que arregimenta
jovens para um a formação de grupo de atuação política clandestina de esquerda,
montando células. Ou um Glucksmann que faz crer que a cozinheira tinha razão
contra os canibais, pois o olho do povo vê sempre a verdade e a justiça. Outras
vezes assustava Raymond Aron sobre suas convicções de mudar radicalmente o
mundo. Há também Glucksmann que deleita e encanta Michel Foucault comprovando
seu axioma: no início não há poder, mas espírito de resistência. Foucault sorri
e se alegra com a fúria de André. Há também um Glucksmann que renunciou à
crença na solução pela via revolucionária, mas não abandona o furor, isto é, não se converte à democracia representativa. A cólera
que para ele seria como que uma segunda natureza. Qualquer declaração, por mais
banal que fosse, era acompanhada de anátema e furor. Em André caminhavam pari
passu o Glucksmann estrategista frio e o enraivecido. Havia quase duas
oxigenações: aquela do cérebro e aquela do coração, uma invadia a outra e ora
se complementavam ora se estorvavam. Parecia a encarnação da alma de seus pais
imigrantes pela Europa em chamas devastada pelos nazistas. Talvez aí estivesse
a sua alma.
O Glucksmann radical quando se tratava dos direitos dos
pobres, horrorizado com os pedantes que nada se preocupavam com o popular. Era
uma contradição, pois ele mesmo não era popular, mas apresentava-se como tal.
Com certeza não era safadeza, mas também não se dava conta da contradição.
Inclusive diziam alguns que ele inventou um ”povo”, talvez os chechenos, para
representar àquilo que sua ideologia se referia.
Principais obras:
Une
rage d'enfant (2006)
Le
Discours de la haine (octubre de 2004)
Ouest
contre Ouest (agosto de 2003)
Descartes
c'est la France (octubre de 1987)
Dostoïevski
à Manhattan (enero de 2002)
La
Troisième Mort de Dieu (marzo de 2000)
Cynisme
et passion (enero de 1999)
Le
Bien et le mal (septiembre de 1997)
De
Gaulle où es-tu ? (marzo de 1995)
La
Fêlure du monde (diciembre de 1993)
Le
XIe commandement (enero de 1992)
Silence,
on tue (octubre de 1986) con Thierry Wolton
L'Esprit
post-totalitaire, precedido de Devant le bien et le mal (mayo de 1986) con Petr
Fidelus
La
Bêtise (marzo de 1985)
La
Force du vertige (noviembre de 1983)
Cynisme
et passion (octubre de 1981)
Les
Maîtres penseurs (marzo de 1977)
La
Cuisinière et le Mangeur d'Hommes, réflexions sur L'état, le marxisme et les
camps de concentration (1975)
Discours
de la guerre, théorie et stratégie (1967)