Lá se vão 30 anos do fim da URSS.
O século XX assistiu aos funerais de três regimes totalitários: 1.
Fascismo, 2. Nazismo e 3. Comunismo. Um deles continua
insepulto.
O primeiro, Fascismo, surgiu na Itália como ideologia e
assume o poder em 1922. As principais características são: totalitário,
nacionalista e antiliberal, comandado por Benito Mussolini. Em 1945 os nazistas
foram derrotados na Itália e Mussolini preso por guerrilheiros italianos. Foi
julgado e fuzilado juntamente com sua amante Chiaretta, sepultando o fascismo.
O segundo, Nazismo, “Partido Nacional-Socialista dos
Trabalhadores Alemães”, surgido na Alemanha em 1920. A Alemanha nazista teve
fim quando as forças aliadas derrotaram os alemães em 1945, pondo fim a Segunda
Guerra Mundial e sepultando nazismo.
Falta o comunismo.
Para entender os eventos que levaram ao colapso do
comunismo soviético há trinta anos vale a pena dar um passo para trás,
reconectando-se com as origens desse sistema.
Antonio
Gramsci, ao eclodir a Revolução socialista russa, procurou uma
justificativa da não previsão de Marx que falava num capitalismo avançado. Dizia
que isto aconteceu porque a Primeira Guerra Mundial despertou a “vontade
coletiva” do povo russo, da qual surgiu a revolução. Contrapôs o fator econômico
ao fator vontade. Já não era mais um determinismo, mas uma vontade guiando os
fatos.
O passo seguinte é dado por Vladimir Lenin (1917-1924) que encontrou no partido a liderança disciplinada e coesa, evidentemente por imposição da chefia, para imantar a classe trabalhadora liderar a sociedade e colimar seu objetivo.
A proposta de Gramsci de uma economia planejada e administração central - ao invés de uma economia livre e competitiva – ela resultou em fome generalizada forçando o livre comércio dos produtos agrícolas para evitar o total colapso. Isto desviou a rota prevista de Marx que previa um abraçar comum dos países europeus ao socialismo provocando um efeito contrário: os partidos únicos, alemão e italiano, assimilaram um conteúdo ideológico oposto ao russo.
Iosif Stalin (1924-1953)
Substitui Lênin imprimindo outra orientação ao socialismo russo. Em vez de um movimento ou revolução de caráter global restringiu-se a um só país. Com isso tornou viável, por força da dominação do Partido Comunista de manter o monopólio do poder. O passo seguinte seria:
“coletivização
forçada no campo; industrialização acelerada baseada na produção para fins
bélicos; terror em massa e campos de concentração para eliminar qualquer
resíduo do pluralismo e explorar os grandes recursos naturais localizados nas
regiões inóspitas daquele imenso país.”
Nikita Khrushchov (1953-1964)
Foi o substituto de de Stalin. Foi deposto acusado de
erros políticos e incompetência na gestão econômica.
Leonid
Brejnev (1964-1982)
Foi líder do governo russo por 18 anos. Aumentou os
gastos devido à corrida armamentista com os USA. Destacou na repressão à
Checoslováquia, em 1968 e a invasão do Afeganistão em 1979.
Yuri
Andropov (1982-1984).
Destacou-se como chefe da polícia secreta da URSS, a KGB.
Após um ano no poder morre por problemas renais.
Konstantin
Chernenko (1984-1985)
Destacou-se na reforma educacional e uma reestruturação
burocrática. Também fica apenas um ano no poder e falece por problemas de
saúde.
Mikhail
Gorbachev de 1985 a 1991
Gorbachev tentou oxigenar o socialismo soviético através daquilo que denominou Perestroika e Glasnost oferecendo dupla abertura: política e econômica. Em vez de reformar o socialismo, o objetivo de Gorbachev, provocou sua desintegração.
Vladimir Putin (desde 1999)
Após a renúncia de Yelsin, Putin assume interinamente a
presidência da Rússia e em seguida eleito. Destacou-se na integração da Rússia
à Europa. Destacou-se no controle dos meios de comunicação e atuação de ONGs.
Continua o sistema de repressão e massacre às oposições.
Antes do fim da URSS ocorreu o fenômeno do despencar do
cacho de uma a uma das repúblicas socialistas na ÙRSS, anexadas Rússia pela Rússia.
O Tratado de União de 1922 previa a liberdade de escolher
entre permanecer unido ou separar-se da União das repúblicas socialistas.
Coube aos lituanos a primazia da iniciativa de proclamar
sua independência, 11 de março de 1990. Mas Moscou não aceitou pacificamente e
muito menos democraticamente. Envia a Armada Vermelha nove meses depois. Após
choques violentos e cruentos. Perante a desaprovação de opinião mundial a
Armada se retira e Mikhaïl Gorbatchev apresenta as desculpas.
Mais dois países bálticas proclamam sua independência em
1990, Estônia e Lituânia, seguidas pela Geórgia em 1991.
Em seguida seguem-se uma cascata de independências. São nove repúblicas entre agosto e outubro de 1991. São elas Ucrânia e Bielorrússia. A estas alturas a antiga URSS era formada pela própria Rússia e Kazakhstan, no fim de 1990.
Quando as populações dos países da Tchecoslováquia, Hungria, Bulgária, Polônia e Romênia foram às ruas para exigir mudanças e democracia, diferentemente das outras vezes que a as tropas soviéticas intervinham, desta vez ficaram nos quartéis. Com isso, as revoluções conseguiram seus objetivos e os países se desligavam do bloco da URSS.
E o atual líder Vladimir Putin forjou um modelo político autoritário aos moldes da ideologia da “Mãe Rússia”, uma personificação nacional da Rússia, um misto de liberalismo (econômico) e autoritarismo (político).
No entanto, o comunismo continua como uma alma penada vagando pelas mentes dos que não quiseram proceder uma crítica sincera e científica sobre a experiência comunista.
Por isso seu cadáver continua insepulto.