Nesta semana, dia 1º de outubro, foi comemorado o Dia do Idoso. Já no domingo, dia 7, haverá eleições municipais.
Se examinarmos as propostas dos candidatos - tanto para
prefeito como para vereador – surpreendemo-nos com a ausência de propostas de
políticas específicas para idosos. Não se propõe, por exemplo, dar-lhes
prioridade no atendimento médico-hospitalar, facilidade no transporte,
incentivo ao lazer, cuidados com a saúde. Nada, é uma lacuna que chama a
atenção.
Em contrapartida, os idosos são a faixa etária que mais
participa nas eleições, Praticamente todos os idosos até oitenta anos votam. E
se atentarmos para o fato que esta população está aumentando e já representa
uma grande fatia do eleitorado os candidatos, no mínimo, estão desperdiçando uma oportunidade para conquistarem votos. Só no Rio Grande do Sul, são 1,6 milhão de idosos com mais de setenta
anos que podem votar, conforme o Tribunal Superior Eleitoral. Sobre uma
população total de 7,7 milhões pode–se dizer que a população idosa é 14%, uma
expressiva porcentagem certamente. Em outros estados praticamente se mantêm as taxas.
Mas o dado mais significativo é a presença dos idosos nas
eleições. Embora a partir dos 70 anos não seja mais obrigatório, assim mesmo
continuam a comparecer às urnas. Conforme trouxe a público o professor Ângelo
Bós, da PUCRS, uma pesquisa realizada pelo Instituto de Geriatria e
Gerontologia da referida universidade, evidenciou que 91 % dos pesquisados de
60 a 69 votaram na última eleição e entre os que tinham 70 a 79 55% votaram e
os que estavam na faixa etária de 80 a 89, 32% votaram. Como se percebe é
maciça a participação cívica nas eleições dos idosos. Por isso não se pode
entender como os candidatos simplesmente “esquecem" esta fatia do eleitorado e
não lhe dão a devida atenção. Repito: nem que fosse por interesse.A mesma
pesquisa revelou um dado que causa admiração: 16% dos que possuem mais que 90
anos compareceram às urnas.
No Brasil os funcionários do setor público são
descartados aos 70 anos. Não importa o investimento da sociedade neles através
de impostos, nem a vontade do interessado em continuar trabalhando. É
compulsoriamente afastado do trabalho. Em países desenvolvidos o funcionário
com esta idade é aproveitado em setores onde não há necessidade de esforço
físico, mas de capacidade mental. Com efeito, é neste período da vida que a
maturidade, a síntese intelectual, a experiência, a neutralidade em relações às
paixões estão superadas. Por isso é o período de maior rendimento científico e
administrativo. Estes funcionários são aproveitados nas universidades,
autarquias, nos poderes governamentais, nos institutos de pesquisa avançada,
enfim onde se exige o maior aprimoramento intelectual. No Brasil, nesta idade
são jogados na lixeira.
No setor privado anda um pouco melhor. Mas aí esta pessoa
tem que competir com mais jovens e que são mais promissores para a empresa.
Entre empregar alguém com 70 anos e um jovem de 25 a 40 anos a opta-se pelo que
pode fazer uma carreira mais longa na empresa, diferente do setor público cuja
carreira foi toda nele. Mesmo assim, pessoas mais idosas ocupam cargos de
chefia, de orientação e aconselhamento e mesmo de lideranças políticas. Basta
olhar para países desenvolvidos para se comprovar como os idosos estão no topo
e liderança da economia, finanças, indústria, comércio e mesmo política. É só
acessar Estados Unidos, Alemanha, França, Japão, Itália, Reino Unido e até
mesmo a Rússia.
Os idosos com uma renda razoável estão bem por q eu podem pagar. Mas os demais? Há idosos que
residem com a família e que dividem seu magro salário com os demais. Há aqueles
que sofrem maus tratos dentro de seu próprio lar. Há os abandonados em casas de
idosos completamente esquecidos pelos familiares. Há os discriminados pela
sociedade só por que não conseguiram acompanhar a tecnologia. Há os doentes
socados num canto de hospital morrendo à míngua. Há os doentes incuráveis que
suplicam por uma eutanásia.