Etimologicamente vulnerável provém de “vulnus”, ferida.
Seu antônimo é “habilitas”, habilidade. O vulnerável é todo o que pode ser
ferido, ofendido, atacado e que não tenha capacidade de defender-se. Já o seu
antônimo, a habilidade, significa a capacidade de fazer algo e também saber se
defender. Como a vulnerabilidade é um conceito amplo que pode ser atribuído a diversas situações.
Transferindo para o social a vulnerabilidade pode atingir
pessoas individuais (físicas ou jurídicas) ou grupos sociais, neste caso
somente como grupos. Diante de um perigo o vulnerável não tem a habilidade de
prevenir, resistir ou livrar-se das agressões.
Vulnerável pode ser uma classe, um grupo dentro da mesma
classe, uma etnia. Basicamente são pessoas prestes ou facilmente atingíveis por
algum risco. Vejamos alguns exemplos: no momento em que começou a discriminação
contra os judeus na Alemanha, estes se tornaram vulneráveis. Uma determinada
classe que conseguiu seu status graças à exploração de determinado bem, como a
mineração, e este bem começa a escassear, esta se torna vulnerável. Ou um grupo
dentro de uma classe que subiu, mas não tem estabilidade, como plantadores de
fumo, também são vulneráveis.
A vulnerabilidade não somente ocorre com a situação
econômica, embora seja mais comum. Ela pode dar-se na política, como
ideologias, economia, como estratos, demografia, como a velhice, confessional,
como religião, cultural, como língua e assim por diante. Por isso, a
vulnerabilidade não é unívoca, mas análogo.
Toda vez que um grupo se encontrar prestes a ser excluído
entra na condição de vulnerabilidade. Em economia as principais características
que cercam os vulneráveis são as condições precárias de moradia, os meios de
subsistência como empregos, precária situação familiar. Na política quando
sistematicamente determinado grupo é excluído de participar ou perseguido ou
mesmo exterminado, ou mesmo reserva de acesso a bens exclusivamente para seus
membros. Em religião quando uma se torna hegemônica e vai excluído as demais. Nos
empregos públicos, na participação cultural, no acesso aos bens entre outras
sempre que uns marginalizam outros há vulnerabilidade. Por isso toda vez que
indivíduos forem privados de determinados direitos e exigidos somente deveres
em favor de outros, caem em situação de vulnerabilidade. Vulnerabilidade e
fragilidade estão intimamente associadas. Alguém se tornou vulnerável por que
está fraco: físico, psicológico, cultural, político e econômico.
A vulnerabilidade está vinculada à desigualdade social.
Se alguém é frágil é por que, em comparação com outros, está numa condição
inferior e, portanto, é um desigual dentro da sociedade, na condição de mais
fraco.
Vulnerabilidade social não significa pobreza, mas sim uma
condição que remete à fragilidade da situação socioeconômica de determinado
grupo ou indivíduo. Alguém pode ser pobre, mas se respeitado, não é um vulnerável.
Alguém ou grupo embora rico pode cair na vulnerabilidade. Os judeus da Alemanha
nazista eram ricos, mas tornaram-se vulneráveis.
Pergunta-se atualmente qual o grupo social mais
vulnerável? Evidentemente que pouca probabilidade há de serem os abastados,
pois eles têm seus poderes e habilidades para se defenderem. Os pobres? Estes
são frágeis e por isso já vulnerados. Os de classe média? Alguns deles,
somente. Os que possuem estabilidade econômica, profissionais liberais já
estáveis no mercado, funcionários públicos em cargos superiores, profissionais
da livre iniciativa com mercado garantido, estes não são atingíveis a não ser
excecionalmente. Os vulneráveis atualmente estão na classe média dos
emergentes, recém-chegados ao status, os quais, havendo qualquer variação no
mercado, cairão novamente no status de pobreza.
O critério para sair da linha de pobreza é o consumo das
pessoas e o acesso aos bens básicos e essenciais. Os grupos vulneráveis são os
que, por qualquer variação estão prestes a perder estes bens.
Uma hipótese atual de parâmetro é estabelecida pelo Banco
Mundial, para o qual a classe média da América Latina está em situação de
vulnerabilidade. Nos últimos anos a distribuição de renda melhorou e se
beneficiou dos bons preços das matérias primas e de uma série de políticas
sociais. Na América Latina o percentual de pobres caiu pela metade e a classe
média cresceu cinquenta por cento. Como a nova classe média pode se tornar
vulnerável? Basta extinguir-se o que os levou até lá.
Com efeito, assiste-se a uma desaceleração na economia –
caiu 0,7% em 2015 e somente subiu 0,1% em 2916. Com isso, paira o perigo sobre
a nova classe média da América Latina. Estes são economicamente os vulneráveis
da atualidade.