Praticamente só faltava o Brasil. Os demais países, uns mais, outros menos, exibem coloração sanguínea. Após a eleição de outubro, o Brasil também entrou para o mesmo rol.
A partir de 1º de fevereiro se definiu o legislativo,
dividido em duas casas: deputados e senadores – o Congresso. O espelho da
ideologia de um país se reflete nele.
A posse da nova legislatura aconteceu também em 1º de
fevereiro. São 513 deputados federais e 27 senadores. Logo após a posse
aconteceu a eleição dos presidentes da câmara e do senado.
O importante não seria o nome, mas a ideologia escolhida
ou eleita. Mas como a política no Brasil se move pelo fisiologismo o nome do escolhido ideologicamente não é significativo, pois as escolhas do eleitorado não se reflete dos eleitos. Para a câmara dos deputados o cenário aponta para o nome de Artur Lira
(PP-AL), juntamente com Chico Alencar (PSOL – RJ). O Partido aloca-se no centro-direita do
espectro ideológico. No Brasil o PP tem fortes vínculos com a ideologia dos
governos militares e de seu partido, ARENA. Por isso, Artur Lira pode
constituir-se num elo entre o candidato vencedor Lula e o vencido Bolsonaro.
Já o PSOL é um partido entre esquerda e extrema
esquerda. Autodenomina-se “democrático”
no sentido de que se sustenta através das massas, contrapondo-se à
representação. Está mais próximo da corrente revolucionária que reformista.
No senado a ideologia anda nebulosa. A disputa será entre
os candidatos Rodrigo Pacheco (PSD-MG e Rogério Marinho (PL-RN). Em que pese o
senador Eduardo Girão (Podemos-CE) ter apresentado sua candidatura, à
primeira vista parece que não terá chances de vencer embora se mostrou preparado nos
debates que envolvem temas de profundidade, como a competência dos poderes e
sua posição em defesa da vida na questão do aborto.
Pacheco é uma candidatura visivelmente petista-lulista.
Seus adversários conservadores enfeixam mais de 50% dos congressistas. Pacheco
é seu contraponto. Com ele Lula terá seus projetos facilitados, em que pese
apresentar-se como um partido ético e liberal no qual defende a livre
associação, liberdade econômica, individual e social, tudo encimado pelos
valores.
O candidato Marinho representa o resultado conservador da
eleição presidencial. Com Marinho, o Senado estaria mais perto do
resultado das urnas, que evidenciou que a população deseja parlamentares mais
alinhados a princípios conservadores. Nisso refletiria um senado mais autônomo
tanto em relação do Judiciário como do Executivo.
No entanto, o candidato Rodrigo Pacheco, elegeu-se
presidente.
O equilíbrio será difícil, pois Lula venceu a eleição
para o executivo, mas não conseguiu formar maioria no legislativo, enquanto
Bolsonaro perdeu no executivo, mas emplacou maioria no legislativo.
Como o móvel da prática política brasileira não é o ético, mas o econômico, tanto faz formar ou não maioria legislativa. O móvel é o
fisiológico e não ético. Então vamos ao mercado, a ágora grega.
Feita a eleição, "allons" à pauta.