sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

AS VEIAS DA AMÉRICA LATINA – ABERTAS PARA A ESQUERDA. Selvino Antonio Malfatti.

 





Praticamente só faltava o Brasil. Os demais países, uns mais, outros menos, exibem coloração sanguínea. Após a eleição de outubro, o Brasil também entrou para o mesmo rol.

A partir de 1º de fevereiro se definiu o legislativo, dividido em duas casas: deputados e senadores – o Congresso. O espelho da ideologia de um país se reflete nele.

A posse da nova legislatura aconteceu também em 1º de fevereiro. São 513 deputados federais e 27 senadores. Logo após a posse aconteceu a eleição dos presidentes da câmara e do senado.

O importante não seria o nome, mas a ideologia escolhida ou eleita. Mas como a política no Brasil se move pelo fisiologismo o nome do escolhido ideologicamente não é significativo, pois as escolhas do eleitorado não se reflete dos eleitos. Para a câmara dos deputados o cenário aponta para o nome de Artur Lira (PP-AL), juntamente com Chico Alencar (PSOL – RJ).  O Partido aloca-se no centro-direita do espectro ideológico. No Brasil o PP tem fortes vínculos com a ideologia dos governos militares e de seu partido, ARENA. Por isso, Artur Lira pode constituir-se num elo entre o candidato vencedor Lula e o vencido Bolsonaro.

Já o PSOL é um partido entre esquerda e extrema esquerda.  Autodenomina-se “democrático” no sentido de que se sustenta através das massas, contrapondo-se à representação. Está mais próximo da corrente revolucionária que reformista.

No senado a ideologia anda nebulosa. A disputa será entre os candidatos Rodrigo Pacheco (PSD-MG e Rogério Marinho (PL-RN). Em que pese o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) ter apresentado sua candidatura, à primeira vista parece que não terá chances de vencer embora se mostrou preparado nos debates que envolvem temas de profundidade, como a competência dos poderes e sua posição em defesa da vida na questão do aborto.

Pacheco é uma candidatura visivelmente petista-lulista. Seus adversários conservadores enfeixam mais de 50% dos congressistas. Pacheco é seu contraponto. Com ele Lula terá seus projetos facilitados, em que pese apresentar-se como um partido ético e liberal no qual defende a livre associação, liberdade econômica, individual e social, tudo encimado pelos valores.

 Lira representará a direita e a esquerda: será apoiado pelo PL e PT. Deverá transitar no limiar entre as duas ideologias. Como pessoalmente não possui uma ideologia definida não lhe será difícil a função da ambivalência.

O candidato Marinho representa o resultado conservador da eleição presidencial. Com Marinho, o Senado estaria mais perto do resultado das urnas, que evidenciou que a população deseja parlamentares mais alinhados a princípios conservadores. Nisso refletiria um senado mais autônomo tanto em relação do Judiciário como do Executivo.

No entanto, o candidato Rodrigo Pacheco, elegeu-se presidente.

O equilíbrio será difícil, pois Lula venceu a eleição para o executivo, mas não conseguiu formar maioria no legislativo, enquanto Bolsonaro perdeu no executivo, mas emplacou maioria no legislativo.

Como o móvel da prática política brasileira não é o ético, mas o econômico, tanto faz formar ou não maioria legislativa. O móvel é o fisiológico e não ético. Então vamos ao mercado, a ágora grega.

Feita a eleição, "allons" à pauta.

   

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