Neste artigo focamos a
autoridade do professor em sala de aula. Para chegar à função o professor deve
ter formação específica, demonstrar habilidade, agir ético comprovado. Em troca
receberá um salário.
Para exercer sua função
receberá uma classe de alunos aos quais ministrará aulas. As condições para o
bom exercício é a disciplina tendo em vista que as aulas não são individuais,
mas coletivas. O pressuposto para a disciplina é o respeito à autoridade moral
e física do professor. Atuação do
professor é específica: ele transmite conhecimentos, cobra através de
avaliações o aproveitamento, atribui um conceito final na conclusão do período.
Um dos problemas enfrentados
por professores em todos os tempos é a autoridade. Esta significa que o
professor tem que exigir: disciplina, fazer temas ou trabalhos, cumprir ordens.
Acontece que enquanto o professor só tiver uma autoridade moral, nem sempre
suas ordens são eficazes. Será necessário que tenha em potencial uma autoridade
física pra se tornarem efetivas as suas ordens.
As leis devem ser claras e o
os poderes – executivo, judiciário e
legislativo - torná-las eficazes. Não
adianta nada o professor ter autoridade se um dos poder desacreditá-la. A autoridade possui uma hierarquia,
reconhecida por quem deve obedecer. Mas não é só. A autoridade deve ter
principalmente legitimidade para que mereça obediência. A legitimidade é
proveniente da lei legítima. Por isso a autoridade do professor reside no
direito, por que embora um ditador faça leis, contudo estas não tem
legitimidade. De tal sorte que se tornou
proverbial: sem legitimidade não há autoridade.
Este conceito transposto à
escola terá a mesma validade? Comumente a receita aplicada é esta: repressão,
sanção e disciplina. Com toda a autoridade que carrega pela própria
experiência, Hannah Arend se pergunta: “o que é a autoridade”? Para ela a
autoridade exclui os meios externos de coerção: “onde a força é usada a
autoridade propriamente falhou”. Detalha a filósofa: a autoridade baseia-se
numa hierarquia, cuja legitimidade é reconhecida por quem obedece. Quem se
submete não se inferioriza. Estão intimamente ligados: legitimidade,
reconhecimento e autoridade. A autoridade não deprecia ninguém, nem lhe tira a
liberdade.
O certo é que as queixas da
falta de autoridade dos professores continuam. Ora são professores que não
conseguem disciplina nas salas de aula, ora são agressões físicas, ora
denúncias de maus tratos ou racismo, enfim professores envolvidos num emaranhado
de leis que os acusam por quaisquer motivos até discriminação sexual.
Serão estas queixas apenas
uma nostalgia de tempos autoritários ou refletem uma crise mais profunda? A
legitimidade das instituições e nelas os docentes? O fato é que há uma crise
não só na escola, como na educação como um todo como constata Eirick Prairat,
autor de Eduquer avec tact.
A difusão das ideias
democráticas em todos os estratos da sociedade em si é positivo. Mas há espaços
pré-políticos, que não são abarcados pela democracia, conforme Hannah Arend.
Quais são estes espaços? Tudo o que não for público é privado. Nos espaços
privados estão os espaços pré- políticos ou espaços de iniciação que precedem e
preparam para os espaços políticos. Citam-se a escola e a família. Nestes é
necessária a autoridade como forma de educação. Como nestes ambientes as
pessoas estão em formação da personalidade e do caráter são espaços
intermediários para no futuro exercer cada um a cidadania na esfera pública.
Justifica-se a autoridade nestes ambientes para o desenvolvimento da capacidade
crítica de discernimento. É a educação para democracia.
Nestes ambientes,
principalmente na escola, o adulto, no caso o professor, assume a
responsabilidade de introduzir as novas gerações para o mundo. Para tanto
requer autoridade para transmitir os conhecimentos armazenados pelos antigos
para os novos e o treinamento para a democracia.
Para Arend na escola a
autoridade é exercida pelo educador não para suprir a liberdade, mas para
aprendê-la e depois como adulto exercê-la.