sexta-feira, 23 de setembro de 2011

CULTURA REGIONAL E NACIONAL – 20 DE SETEMBRO NO RIO GRANDE DO SUL. Selvino Antonio Malfatti.






















No extremo sul do Brasil – Rio Grande do Sul – é comemorada a data de 20 de Setembro. Foi inspirada na revolução Farroupilha ou dos Farrapos que surgiu no contexto das várias revoluções que eclodiram no Brasil durante as regências, de 1832 a 1840.
Após a renúncia ao trono do Brasil de D. Pedro I – D. Pedro IV de Portugal – o Brasil mergulhou num perigoso torvelinho revolucionário regional que por pouco não se esfacelou territorialmente. Foram a Praieira, a Balaiada, a Confederação do Equador e a Revolução Farroupilha. Politicamente emergiram da ideologia política democrática, de cunho rousseauniano, a qual, como diria o historiador português Joel Serrão, deu origem ao democratismo. Esta ideologia se contrapunha ao ideal liberal da representação e defendia a participação direta do povo. Daí que as massas deviam estar sempre mobilizadas e prontas a intervir. Em Portugal esta ideologia deu origem às revoluções do Vintismo, Setembrismo e da Patuléia.
Em que pese de, no Rio grande do Sul, não ter predominado a vertente radical do democratismo, mas uma face mais democrática do liberalismo, o republicanismo, o qual se tornou o móvel da idéia revolucionária, e com isso fazia coro com os democratas radicais, pois ambos não aceitavam uma monarquia constitucional, representada na pessoa de D. Pedro II, ainda uma criança na época. Para solucionar o problema foi instituída a regência, isto é, um ou mais regentes governariam enquanto a idade impedisse o monarca de governar. Os Farroupilhas não acataram ordens dos regentes e proclamaram a independência do rio Grande do Sul, com o nome de República do Piratini, por ter sido proclamada no município de Piratini. A reintegração deu-se já depois da declaração da maioridade de D. Pedro II, através do pacificador Duque de Caxias.
A partir de então começou a se criar uma cultura no imaginário popular, através da literatura, canções, história e política. É o conjunto de idéias e valores em torno da peculiaridade do riograndense, denominado de “gaúcho”. Diz-se, por exemplo, que o gaúcho é homem de palavra, que é valente, tem orgulho de seu chão e respeitador, entre outras coisas. Por sua vez, a cultura material e imaterial expressa-se por alguns traços típicos. Na vestimenta e em comemorações usa-se bombacha, botas, lenço branco ou vermelho, pala e chapéu. Na linguagem, há termos típicos riograndenses como peão, prenda, mango, canha. Nos centros tradicionalistas – CTG – há danças típicas. No sotaque, as sílabas das palavras são bem separadas com a intercalação de tchê no tratamento. No alimento e bebida destaca-se chimarrão e churrasco. E o companheiro inseparável, o cavalo.
O interessante é que o imaginário cria o real. Quando alguém de outro estado do Brasil encontra um gaúcho e lhe pergunta se é assim, ele faz questão de dizer que sim e age desta forma. Conheço um amigo que nunca tinha feito um churrasco no Rio Grande, mas quando se mudou para o Paraná para trabalhar, foi nomeado churrasqueiro oficial dos colegas e ele aceitou, com muito orgulho...
Nada de errado com a cultura Regional, desde que não se contraponha à cultura nacional e sirva de sustentação a movimentos separatistas como o basco, na Espanha e, com menos intensidade, o lombardo na Itália. Aliás, há sociólogos como Marshall MecLuhan que levantam a hipótese de que a globalização mundial estreitou os laços da identidade cultural, internacional, nacional e mesmo local, a denominada aldeia-global. E parece que o cantor popular do Rio Grande, Teixeirinha, interpretou o espírito da cultura gaúcha na letra de Querência Amada: o riograndense quer ser um brasileiro gaúcho.
Querência amada,
meu céu de anil.
Este Rio Grande gigante,
mais uma estrela brilhante na bandeira do Brasil.”

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