sexta-feira, 21 de setembro de 2018

O MUNDO DAS EMOÇÕES. Selvino Antonio Malfatti.




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Quando vemos uma torcida comemorando a vitória de seu time, levantando os braços, cantando, dançando numa alegria louca, podemos dizer que estamos assistindo uma explosão de emoção; Uma mãe debruçada no caixão, se esvaindo num chorinho de soluços, não precisa dizer que estamos num limite de emoção. 

A emoção externa entusiasmo, alegria, tristeza, desespero, conquista, derrota, esperança, fé, enfim todos os sentimentos que passam pela alma e externam-se através do corpo. O sustentáculo da emoção é o valor que um determinado ser percebe que pode lhe proporcionar. As emoções, embora possam manifestar-se coletivamente, cada um as sente a seu modo individualmente.
O Historiador das emoções, Jan Planger, afirma em História das Emoções, que há alguns conceitos chaves a serem estudados pelo pesquisador como: “comunidades emocionais” ou “regimes emocionais” e mesmo “práticas emocionais”.

Este modo de pensar no fundo pretende superar a teoria neuroanatomica determinista à qual se contrapõe uma concepção antropológica sócio-cultural.
Com efeito, a hipótese determinista universalista sustenta que as emoções possuem um substrato constante, trans-histórico e uma extensão válida universalmente. Por exemplo, o medo diante do desconhecido é sempre o mesmo e produz as mesmas reações corpóreas.

Por outro lado, no viés antropológico as emoções não têm sempre e por toda parte o mesmo valor. Os modelos culturais podem neutralizar respostas emotivas tidas como inatas e automáticas.

De qualquer forma a definição de emoção é uma tarefa árdua. Ocupam-se disso a filosofia, psicologia, teologia, retórica, medicina, literatura, psicologia experimental e neurociência. Para avaliar a importância que o tema assumi u nos últimos tempos somente de 1872 a 1980 apareceram 92 duas definições diferentes. O autor assinala os principais momentos da história das emoções na filosofia ocidental. De Aristóteles a Kant, passando por Agostinho, Descartes, Espinoza, Hobbes e Locke. Porém, isto é não suficiente porque é difícil uma descrição pancultural das emoções. Para alguns é ridículo uma explosão de riso num funeral, ou demonstrar tristeza numa festa de núpcias, normal em alguns países. Pode causar surpresa o esforço entre os esquimós para controlar a raiva e a aprovação junto aos taitianos.

Contudo, a partir dos anos Novecentos cujas observações o construtivismo social extrai seus argumentos, deve contar com novos atores, cuja tendência novamente se direcionam para o “partido” universalístico das emoções. Entre elas podemos destacar Paul Ekman que defende a necessidade de superar a perspectiva linguística das emoções para fundamentar um estudo fundamentado sobre as expressões faciais. Para Erik existem reações invariáveis em todos os semblantes, os quais externam emoções básicas, quando submetidos a programas afetivos predefinidos submetidos a estímulos externos independentes de fatores culturais.

Para desempatar a disputa apareceu a ressonância magnética funcional, capaz de patentear ao vivo a ativação das áreas do cérebro sob a base na irrigação do sangue. O tsunzami de estudos e investimentos carreados pelo objeto não só validou seu interesse, mas também conduziu a simplificações bizarras. No entanto, a maioria se apercebeu que se estava raciocinando sobre reações anatômicas e sobre um método estatístico no mínimo incompleto para tal objeto.

Paira ainda no ar a pergunta: será que o approach sócio cultural com uma visão universalista e construtivista ainda não tem alguma validade, em que pese o convite para continuar a pesquisa através da neurociência?
Parece que atualmente se está dando mais ênfase às reações externas das emoções ao invés de se concentrar nelas mesmas. O anatômico não pertence à mesma dimensão do emocional. Procurar medir o emocional pelo fisiológico é o mesmo que comparar a medicação à oração ou amainar a dor da lama com analgésico. Cada uma tem sua própria dimensão.
As emoções são conhecidas através de diferentes tipos de experiências. Há experiência física, mas há também a experiência metafísica. E as emoções alocam-se nestas.
Um olhar pode devolver a alegria como pode aumentar a dor no coração.




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