Um
dos maiores desastres da vida política nacional é o grande número de partidos
políticos que nada representam, além de tornarem excessivamente cara a disputa
eleitoral e favorecerem a corrupção. O espaço político precisa ser aproveitado
para debater grandes temas nacionais como: a defesa da Amazônia, a responsabilidade
dos cidadãos, o exercício da liberdade, a preservação ambiental, a preservação
cultural, o progresso material e espiritual do país, a defesa das fronteiras e
o combate a violência. No entanto, a multiplicidade de partidos não ajuda nesse
debate porque dificulta entender a posição de cada partido sobre esses grandes
temas. Além do mais, sendo boa parte dessa multidão de agremiações legendas de
aluguel, elas vendem o apoio parlamentar aos governos de modo que facilitam a
corrupção.
Logo,
uma reforma política capaz de baratear o custo dos políticos e valorizar o
debate nacional dos grandes temas passa pela redução drástica dos quase 40
partidos existentes. Assim, ao invés de programas para defender o obvio como,
por exemplo: a valorização da educação, da saúde, da soberania nacional, o
respeito social da mulher, etc. esses partidos, se fossem poucos e
ideologicamente comprometidos, estariam se posicionando sobre os grandes temas
nacionais e interesses legítimos da sociedade: como tratar o problema das
aposentadorias? Como financiar a educação e a saúde? O que cada um tem a dizer
sobre o investimento nas forças militares? Como enfrentar as dificuldades de
infra-estrutura do país? Como proteger as fronteiras e como combater a
violência? Sempre explicando como fazer e de onde pretende o partido obter os
recursos necessários para realizar o que pretende.
O
atual debate político nada contribui para o amadurecimento da sociedade ou esclarece
sobre as posições dos partidos existentes, não aprofunda as questões de
interesse público. É um debate que se limita a frases de efeito elaboradas por
marqueteiros, descamba para a emoção irracional e a briga pessoal, além de não responder
de forma objetiva as perguntas que a população tem. Dessa maneira não se
esclarece o que propõe cada político e seu partido e eles fazem o que bem
entendem quando vencem as eleições. É evidente que falando o que os
marqueiteiros sintetizam das pesquisas de opinião pública, o que se assiste do
debate político nacional é, quando muito, a expressão de algumas opiniões,
igualmente justificáveis ou apenas o reconhecimento de ideais, sem se explicar
como realizar isso que todos consideram necessário: reduzir a desigualdade
social ou valorizar a educação, por exemplo.
Com
partidos ideologicamente identificados: um defendendo um liberalismo conservador,
outro um liberalismo mais social, outro ainda posições sociais-democratas ou socialistas,
ou ainda um partido ambientalista ou trabalhista, as pessoas se sentiriam
melhor representadas na divisão de interesses legítimos. Ideais como a
integração econômica da mulher na sociedade, a construção de uma sociedade
menos desigual, maior respeito às pessoas idosas, maior integração das
populações negra e indígena não constituem interesses adequados entorno aos
quais os brasileiros devam se dividir. Assim, um quadro partidário, que nada
representa e se alimenta da propina e corrupção, dá origem a que grupos com
interesses contrários aos interesses nacionais, mas com aspiração legítima,
surjam e estabeleçam espaços de conflito sobre questões que a rigor são de
todos e não de alguns, como: a questão da Mulher, do Negro e do Favelado.
Essa
última consequência, caso prospere a ideia de proclamar interesses inadequados
como programas partidários, promoverá um desastre nacional com consequências
imprevisíveis. Um partido para defender o interesse dos negros dará origem a um
outro para defender os direitos da população branca e europeia, com agravamento
dos conflitos sociais como vemos em outras nações.