O Telescópio Extremamente Grande
Desde os primórdios do homem
sobre a terra despertou nele a curiosidade sobre seu habitat, o Universo,
diga-se melhor, o Cosmos. Sim, Cosmos é a melhor palavra, pois o que era uma
indeterminação tornou-se ordenado. Como isso seria possível? A desordem deu
lugar à ordem?
É o que James Webb tentou
avançar na ciência aeroespacial em 25 de dezembro de 2021, véspera de Natal. O
telescópio de Webb é considerado o sucessor do telescópio Hubble de 1990. E
este enigma mantém-nos ligados ao mistério de, como o pior – universo
desordenado – deu origem ao melhor – Cosmos ordenado. O “novo” no telescópio de
Webb é que é possível visualizar fenômenos em diferentes frequências de luz.
Com este telescópio inauguramos uma nova era no esforço de desvendar o
universo. E os próximos estão a caminho:
1. O
Telescópio Gigante de Magalhães (GMT), de 24 metros,
2. O
Telescópio Gigante de Magalhães (GMT), de 24 metros,
3. O
Telescópio Extremamente Grande (ELT), com extremos 39 metros de diâmetro.
O Cosmos sempre foi um
mistério para o homem, mas nem por isso faltaram tentativas para decifrá-lo. Em
praticamente todas as culturas antigas há teorias mitológicas para explica-lo.
Poder-se-ia desfilar mitologias dos antigos como dos Assírio-Caldeus, dos
hindus, dos persas, chineses e dezenas de outros povos. Para nós ocidentais são
mais conhecidas as mitologias dos antigos gregos. Para eles o que existiu no
início foi o Caos: um vazio indiferenciado, sem ordem.
O homem perante o Universo
deve ter inspirado a sua interpretação do universo. Com Hesíodo temos uma das
primeiras concepções globais sobre o Cosmos.
Não havia luz e predominava
a escuridão. A luz surge com uma explosão, dando origem a Gea, a Terra, o
Tártaro. Na escuridão dos mortos está o palácio do senhor, o Eros, que gera a
Noite. Desta nasceram seus opostos o Ar Luminoso e o Dia e da Terra se formaram
o Céu estrelado, as Montanhas e o Mar. Na obra de Hesíodo os deuses comandam o
destino do homem. A felicidade encontrava-se no trabalho e na prática das
virtudes morais.
Outro pensador grego,
Hesíodo, traz á reflexão a existência humana e o faz através da lenda das Cinco
Idades.
Enquanto a existência divina
alça-se e sobressai-se do Caos à Ordem, o Cosmos, a humana regride e
deteriora-se. Nossa presença e intervenção no mundo são negativas, pois em vez
de somar, divide e consome. Tudo o que os antecessores fizeram e conquistaram a
nova geração destrói. Depois de conhecer a idade do ouro, rebaixa-se à prata, e
desta ao bronze e ferro. A qualidade de vida no planeta é rebaixada de geração
em geração. A harmonia da natureza dá lugar ao conflito e ao sofrimento. A
felicidade é substituída pela pobreza, com gosto de pobreza hídrica e
energética.
No entanto o que parece uma
desgraça, a pobreza, ela fustiga nosso ser na direção da tensão, num espírito
inteligente que desperta para o trabalho para sair de seu ciclo orgulhoso. Para
tanto brilha a ideia da sobriedade. Esta leva à moderação e à negativa do
desperdício. Isto por que a sobriedade faz-nos distinguir entre o supérfluo e
necessário. Ao atingir tal estágio a paz da alma volta. E sobriedade significa
moderação e freio ao desperdício. Voltar a aprender novamente a distinguir
entre o supérfluo e o necessário é o aprendizado de uma educação para a paz.
O paradoxo se apresenta: o
que parecia uma vergonha, a pobreza, se constitui como força que nos leva à
cidadania.
Até mesmo para Platão, Eros,
o Amor, é filho de Penia, Pobreza, e Poros o Expediente. E quando a
inteligência do Amor sente aquela falta forte e dolorosa então atrai para si
todas as forças de que é capaz para alcançar o que almeja.