sexta-feira, 26 de agosto de 2022

A FORÇA DE EROS NOS ANTIGOS GREGOS CHEGA ATÉ NÓS PELOS TELESCÓPIOS. Selvino Antonio Malfatti

 



                        O Telescópio Extremamente Grande 

Desde os primórdios do homem sobre a terra despertou nele a curiosidade sobre seu habitat, o Universo, diga-se melhor, o Cosmos. Sim, Cosmos é a melhor palavra, pois o que era uma indeterminação tornou-se ordenado. Como isso seria possível? A desordem deu lugar à ordem?

É o que James Webb tentou avançar na ciência aeroespacial em 25 de dezembro de 2021, véspera de Natal. O telescópio de Webb é considerado o sucessor do telescópio Hubble de 1990. E este enigma mantém-nos ligados ao mistério de, como o pior – universo desordenado – deu origem ao melhor – Cosmos ordenado. O “novo” no telescópio de Webb é que é possível visualizar fenômenos em diferentes frequências de luz. Com este telescópio inauguramos uma nova era no esforço de desvendar o universo. E os próximos estão a caminho:

1.    O Telescópio Gigante de Magalhães (GMT), de 24 metros,

2.    O Telescópio Gigante de Magalhães (GMT), de 24 metros,

3.    O Telescópio Extremamente Grande (ELT), com extremos 39 metros de diâmetro.

O Cosmos sempre foi um mistério para o homem, mas nem por isso faltaram tentativas para decifrá-lo. Em praticamente todas as culturas antigas há teorias mitológicas para explica-lo. Poder-se-ia desfilar mitologias dos antigos como dos Assírio-Caldeus, dos hindus, dos persas, chineses e dezenas de outros povos. Para nós ocidentais são mais conhecidas as mitologias dos antigos gregos. Para eles o que existiu no início foi o Caos: um vazio indiferenciado, sem ordem.

O homem perante o Universo deve ter inspirado a sua interpretação do universo. Com Hesíodo temos uma das primeiras concepções globais sobre o Cosmos.

Não havia luz e predominava a escuridão. A luz surge com uma explosão, dando origem a Gea, a Terra, o Tártaro. Na escuridão dos mortos está o palácio do senhor, o Eros, que gera a Noite. Desta nasceram seus opostos o Ar Luminoso e o Dia e da Terra se formaram o Céu estrelado, as Montanhas e o Mar. Na obra de Hesíodo os deuses comandam o destino do homem. A felicidade encontrava-se no trabalho e na prática das virtudes morais.

Outro pensador grego, Hesíodo, traz á reflexão a existência humana e o faz através da lenda das Cinco Idades.

Enquanto a existência divina alça-se e sobressai-se do Caos à Ordem, o Cosmos, a humana regride e deteriora-se. Nossa presença e intervenção no mundo são negativas, pois em vez de somar, divide e consome. Tudo o que os antecessores fizeram e conquistaram a nova geração destrói. Depois de conhecer a idade do ouro, rebaixa-se à prata, e desta ao bronze e ferro. A qualidade de vida no planeta é rebaixada de geração em geração. A harmonia da natureza dá lugar ao conflito e ao sofrimento. A felicidade é substituída pela pobreza, com gosto de pobreza hídrica e energética.

No entanto o que parece uma desgraça, a pobreza, ela fustiga nosso ser na direção da tensão, num espírito inteligente que desperta para o trabalho para sair de seu ciclo orgulhoso. Para tanto brilha a ideia da sobriedade. Esta leva à moderação e à negativa do desperdício. Isto por que a sobriedade faz-nos distinguir entre o supérfluo e necessário. Ao atingir tal estágio a paz da alma volta. E sobriedade significa moderação e freio ao desperdício. Voltar a aprender novamente a distinguir entre o supérfluo e o necessário é o aprendizado de uma educação para a paz.

O paradoxo se apresenta: o que parecia uma vergonha, a pobreza, se constitui como força que nos leva à cidadania.

Até mesmo para Platão, Eros, o Amor, é filho de Penia, Pobreza, e Poros o Expediente. E quando a inteligência do Amor sente aquela falta forte e dolorosa então atrai para si todas as forças de que é capaz para alcançar o que almeja.

 

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