A convivência social exige espaços e estes supõem limites. Viver em sociedade significa ter uma gama de opções pessoais, familiares, grupais e sociais, mas em contrapartida há necessidade de limites exatamente para não haver colisão com os espaços de outros indivíduos, famílias e grupos.
Evidentemente que cada um quer garantir o maior e o melhor espaço para si: jovens, adultos, idosos, ideologias políticas, religiões e associações. Cada indivíduo ou grupo procura justificar as próprias normas, mas qual delas seria a melhor para todos Daí a questão: se nos abstivermos de todas as individualidades, qual seria o maior espaço para todos com o mínimo de limites, isto é, um estado de eunomia?
As normas não só direcionam comportamentos e ações mas, estabelecem regras rígidas, infalíveis e infringíveis. Elas podem ser de ordem religiosa, como o Decálogo, morais, como a fidelidade conjugal, e as jurídicas, como os Códigos. Cada uma delas pretende propiciar ao homem a alcançar, dentro de seu objeto, a perfeição. Quem observaria em tudo e sempre o Decálogo alcançaria a perfeição e seria considerado santo. Quem seguiria as normas morais ditadas pela consciência seria um homem perfeito, um herói. Quem não praticaria nenhum delito jurídico seria um cidadão exemplar.
Evidentemente que cada um quer garantir o maior e o melhor espaço para si: jovens, adultos, idosos, ideologias políticas, religiões e associações. Cada indivíduo ou grupo procura justificar as próprias normas, mas qual delas seria a melhor para todos Daí a questão: se nos abstivermos de todas as individualidades, qual seria o maior espaço para todos com o mínimo de limites, isto é, um estado de eunomia?
As normas não só direcionam comportamentos e ações mas, estabelecem regras rígidas, infalíveis e infringíveis. Elas podem ser de ordem religiosa, como o Decálogo, morais, como a fidelidade conjugal, e as jurídicas, como os Códigos. Cada uma delas pretende propiciar ao homem a alcançar, dentro de seu objeto, a perfeição. Quem observaria em tudo e sempre o Decálogo alcançaria a perfeição e seria considerado santo. Quem seguiria as normas morais ditadas pela consciência seria um homem perfeito, um herói. Quem não praticaria nenhum delito jurídico seria um cidadão exemplar.
Contudo,
a experiência atesta que normas rígidas em relação ao agir sempre colidem com a
realidade. As normas apontam para um comportamento uniforme, imutável seja qual
forem as circunstâncias. A norma da exclusividade conjugal, por exemplo, exige
que nenhum dos parceiros tenha relações extraconjugais. O bom senso aceita em
determinadas circunstâncias violar a norma. É o que é narrado na Bíblia. Uma mulher, Sara, não conseguia ter mais filhos. De comum acordo com o marido, Abraão, e sua mulher combinaram que ele teria
relações com outra mulher para gerar um filho. E foram bem sucedidos,
porque o concebido, Ismael, se tornaria pai de uma grande descendência, os árabes. Cada circunstância é específica.
São Francisco de Assis, por exemplo, surrupiava roupas da loja de seu pai para
vestir os necessitados, contrariando frontalmente a norma de não roubar ou
furtar.
Normas
foram estabelecidas para regerem comportamentos universais. A realidade, porém,
não possui uma uniformidade e homogeneidade. Em cada momento toma nova forma,
novas razões surgem, necessitando-se rever continuamente a norma. No entanto, parece
que a norma mais geral é o da relatividade das normas. Um verdadeiro paradoxo
porque o que estabelece como regra geral é justamente aquilo que não deve ter
regra geral. Imbuir os princípios religiosos e procurar segui-los, mas não
exigir isto dos demais. Ter sempre presente os preceitos morais, contudo não se
desesperar se alguma vez ou alguns deles forem descumpridos. A lei é feita para
o bem do homem e não o homem para o bem da lei. Logo, o homem está a cima da
lei. Entre a lei e o homem, opte-se pelo homem. Isto o próprio Cristo estabeleceu:
o sábado foi feito para o homem e não vice-versa.
A
norma ética possui um ponto de apoio no próprio homem. Quem a desvelou com
maior clareza foi o filósofo alemão Kant. Diz ele: age de tal forma que tua
conduta possa se tornar lei universal. Isto significa que se tiver dúvida em
relação a alguma ação, se devo ou não devo praticá-la, basta consultar a mim
mesmo e me perguntar se todos poderiam agir assim. Caso a resposta seja positiva,
então a ação é eticamente correta. Em caso negativo devo abster-me de praticar
tal ato. A hierarquia que se pode estabelecer entre as normas é a seguinte:
costumes tradicionais não obrigatórios, como lavar as mãos antes das
refeições. Costumes morais, obrigatórios para uma determinada sociedade, como
dizer a verdade. Normas legais, que constituem a maioria das normas da
sociedade. Normas éticas, condutas universais, estabelecidas por consenso na
sociedade, como não enganar o próprio semelhante. A maioria das vezes estas
normas se interpenetram e se entrecruzam, complementando-se mutuamente.Por isso, a melhor eunomia adviria do consenso da sociedade sobre princípios ético-racionais com validez universal.