Acabo de ler o livro A TRAGÉDIA DA UTOPIA, de autoria de
Percival Puggina. (A tragédia da Utopia.
Santo André, Armada, 2019).
Este livro tem uma característica especial: o autor quis ver in loco a exaltada revolução em Cuba. Em linhas gerais a revolução cubana é mais
uma revolução socialista que se propõe botar a baixo o Velho e instituir o
Novo. Uns a enaltecem aos céus e outros a condenam às profundezas do inferno. Puggina,
porém, não se contentou. Foi buscar in loco o peculiar da revolução cubana. Viajou
para Cuba, instalou-se no hotel, fazia refeições em restaurantes, ouvia
pessoas, conversava com elas, embora elas nunca se abrissem de verdade, lia o
jornal Granma. Observou como trabalhavam, vendiam, compravam, trocavam.
Inseriu-se na realidade. Viveu o pós-revolução. Sentiu-a na pele.
ComoTocqueville que foi procurar a alma da Revolução americana do século XIX, e a descreveu na
Democracia da América, Puggina foi testemunhar a verdade da revolução cubana, e a expressou na "Tragédia da Utopia". E o que achou? A revolução,para a população, um discurso cheio de
promessas, idealistas, pílulas douradas com o engodo de mentiras. Para os
opositores, a execução no paredon. Perante a opinião pública, retórica filantrópica. para
os opositores, diante de qualquer suspeita, execução sem dó nem piedade. Este é
o espírito da revolução: ternura retórica e crueldade real.
1. Líderes
da revolução. Os principais líderes da revolução foram: Fidel e Raul Castro e o argentino Che Guevara,
e não muitos outros. O poder não se dividia.
- Fidel
e Raul Castro. Encarnaram como ninguém o espírito da revolução: retórica e
crueldade, travestidos de piedade e ódio. Jactavam-se de salvadores, protetores
do povo, mas na prática, tiranos ávidos
de derramamento de sangue. Como destaca Puggina, ainda no torvelinho da
revolução, Fidel Castro dirige-se ao povo, mais precisamente às mães, garantindo-lhes
que haveriam de resolves todos os problemas sem derramar uma gota de sangue,
sem disparar um só tiro. No entanto, a prática evidenciou um comportamento
inverso: execuções sumárias, “paredon” para opositores. Oficiais e soldados
fuzilados, como no quartel de Moncada, Em la Cabaña 55 foram mortos no paredon.
O presente para as madres mais de 500 mortos. Chefes e líderes do regime
anterior executados em transmissões ao vivo. Convocavam o povo e pediam
aclamação pelas mortes, considerando-as legítimas. E anunciavam perante a
opinião pública mundial de ter “a consciência e as mãos limpas de sangue”. Os
julgamentos tinham como único critério: justiça de tribunais revolucionários.
Calcula-se que o saldo de mortos na
revolução cubana tenha sido aproximadamente de 100 mil.
- Che
Guevara. "É preciso endurecer mas
sem jamais perder a ternura: hay que
endurecerse, pêro sin perder Ia ternura jamás," O invólucro de Guevara é
digno de um nicho de santo. É acolhedor, afável, palavras ternas e macias. No
entanto, nada disso habitava seu interior. Nele habitava o ódio, a
insensibilidade, a frieza sem compaixão. A afirmativa de Hannah Arend a
respeito do carrasco nazista Adolf Eichmann de que o mal para ele é banal, em
Guevara é pior, pois para ele o mal é válido, digno de admiração tanto quanto o
bem. Por isso o aclamado herói Guevara, está destituído de qualquer sentimento
humano,de remorso, pratica as execuções sumárias, mostrando prazer e orgulho
disso.
2. Admiradores
Sempre que surge algo novo pululam
admiradores ávidos de novidades. O Evangelho chama de prurido da novidade. Não
deixou de ser com a revolução cubana. Além disso, foi uma revolução socialista na América podendo
ser vista ao vivo e a cores com a possibilidade de ampliar à vontade.
Um dos expoentes máximos de admiração
pela revolução no Brasil foi o Cardeal D. Evaristo Arns que chama Fidel de
“queridíssimo” e que vê nas conquistas da revolução “sinais do Reino de
Deus”.
Mas ninguém supera o frade Frei
Beto em “O Paraíso Perdido”. Para ele se
cumpria a escatologia: surgia, afinal, o Homem Novo, um misto de ternura e
crueldade: “O homem novo deve ser filho espiritual do casamento entre Che
Guevara e Santa Teresa de Jesus”. O fruto do psicopata sanguinário Che Guevara
e a caridosa Santa Teresa. Isto saiu da boca de um religioso. Salta aos olhos o
ideal dos revolucionários e admiradores de Guevara. Sem o mínimo de razão
crítica associam a santidade à morbidez. Isto dito por um religioso professante
da teologia da libertação e apoiado por religiosos e intelectuais, na sua
maioria de católicos. Aplaudido pelo público, diria Puggina: “Eu não tenho
dúvidas de estes aplausos foram muito mais orientados ao revolucionário Guevara
do que à grande santa de Espanha...” E conclui: “QUEM LHE APARECER LOUVANDO O
REGIME CUBANO, OU VIVE NUMA CEGUEIRA IDEOLÓGICA, OU É UM PARVO QUE TEM DOIS
OLHOS E SE DEIXA CONDUZIR POR CEGOS.”