Pórtico de entrada do município
Na região central do Rio Grande do sul localiza-se um
pequeno municio, Mata. Ele é um dos poucos locais do planeta que possui madeira
fossilizada. Esta riqueza fóssil estava adormecida há 200 milhões de anos e sua
população simplesmente considerava um estorvo estas “malditas pedras.”
A mentalidade começou a mudar quando Padre Daniel Cargnin
foi designado vigário da paróquia de Mata. Era um apreciador da paleontologia e
tão logo as pedras lhe caíram no olhar um novo mundo começava a abrir para
aquela comunidade. Cargnin possuía um bom relacionamento com a comunidade científica, em que
pese seu autodidatismo na área.
Com a chegada do apreciador da Paleontologia em Mata foi
desenvolvido um trabalho de conscientização sobre a riqueza fossilífera com que
o município fora presenteado. Evidentemente, o Padre dispunha de um instrumento
privilegiado para divulgar suas idéias, pois, além das rodas de amigos e dos
convites para palestras, ele possuía o púlpito, que podia usar livremente por
ser seu único titular e o fazia com competência.
Antes desse trabalho, no perímetro urbano e mesmo nas
adjacências, os pedaços de troncos de árvores petrificadas dificultavam os
munícipes em várias atividades. A população para construir uma casa, por
exemplo, precisava primeiro remover aquelas madeiras-pedra para que fosse
possível a construção do alicerce; se quisessem fazer uma horta, deveriam antes
“limpar” o terreno, removendo aquelas “pedras”; se alguém comprasse algum sítio
e nele existissem aquelas “malditas pedras”, o terreno passava a valer muito
menos. Enfim, aquele material era um entulho que todos queriam evitar.
Padre Daniel aproveitou a infra-estrutura existente, isto
é, praças, trevos, ruas, grutas, cantos e recantos e nela inseriu os fósseis de
madeira. Para tanto, contou com a colaboração da
comunidade e da Prefeitura. Toda a cidade, como idealizou Padre Daniel, foi
transformada. Os fósseis maiores que a embelezam foram numerados, catalogados e
há uma legislação que proíbe terminantemente de serem retirados do local.
Mata possui uma riqueza de fósseis com idade não inferior
a 200 milhões de anos. Tratam-se de fossiliferos vegetais, isto é, florestas de
árvores pertencentes aos grupos coníferas (araucárias). Os paleontólogos
acreditam que, no lugar onde se ergue a idade de Mata, existia uma grande
floresta, há cerca de 200 milhões de anos atrás. Nessa época, teria ocorrido um
desnível no eixo da Terra, provocando um grande abalo na região. Como
conseqüência, a floresta ruiu e foi coberta por uma camada conservadora e,
posteriormente, pelas águas. A água, infiltrando-se nos
vegetais protegidos por essa camada, deles foi retirando molécula por molécula, deixando em seu
lugar a sílica. Assim, ocorreu nos vegetais um processo lento de substituição e
de perfeição infinita, que pode ser observado nos exemplares das pedras
gigantescas expostas.
Padre Daniel transformou Mata, uma cidade bucólica,
semi-agrícola, em centro turístico, passando a ser considerada um “museu a céu
aberto”. Com efeito, essa imagem confere com a realidade, pois quem percorre
esta pequena cidade encontra fósseis de madeira nas praças, nas calçadas,
nas ruas, nos barrancos, nos pátios das casas, nos terrenos, nos sítios, nas
matas; enfim as pedras estão em toda parte. Assim como na cidade de Florença,
na qual para onde se olhar se enxerga arte, em Mata se vê madeira fossilizada
em todos os lugares. Mata passou a fazer jus ao nome “mata”.
Vejam o novo visual de Mata:
Vejam o novo visual de Mata:
Praça da Matriz
Gruta N.S. de Lourdes
Gruta Madre Paulina
Praça Santo Brugalli
Reserva fóssil
Museu municipal Pe. Daniel