Fala-se muito atualmente em TV social. Afinal o que é de
fato isto, pois não é de sua própria natureza o caráter social da TV? Na medida
em que sincroniza as pulsações de uma comunidade, a TV por si já não é uma
instituição coletiva? Com efeito, assim é, mas a TV social é algo bem distinto
da TV geral.
A TV social é um intercâmbio constante entre o público
assistente da televisão e o programa televisivo. Neste sentido, inclui o
comportamento social, dispositivos e redes. Incorpora network, facebook e
twitter e outras ferramentas. É como se dois programas funcionassem simultaneamente.
Enquanto você vê ou assiste algo, pode paralelamente ver e assistir outro e
guardar os dados do segundo ou mesmo utilizá-los no momento, caso seja
protagonista do programa em execução. Então, TV social é a interação entre
televisão e o público através da web. A estrutura não é hierárquica, isto é,
vertical, mas horizontal. Por isso, é mais uma não estrutura do que estrutura.
Os limites que se estabelecem não são de separação e sim de identidade.
Isto significa que uma programação televisiva pode sofrer
redirecionamentos durante a execução e ser reprogramada tendo em vista as
respostas sociais manifestadas através da web. Evidentemente que o interesse
não é o público que assiste, mas o interesse do público que se manifesta. Um
bom exemplo, embora não seja genuinamente de TV social, é o caso da novela
brasileira. Ela muda e toma direções conforme o público aprova, desaprova ou
deseja.
Tudo indica que os textos televisivos fogem do controle
da tela e passam a ter vida própria. McLuhan havia dito que o “meio é a
mensagem”. No entanto, atualmente transmutou-se para o “conteúdo é o meio”.
Busca-se o que agrada, o conteúdo, e através dele se agrada, pelo meio. Isto
está se tornando tão crucial que o conteúdo se desprende de seu recipiente.
Está acontecendo com a TV social aquilo que se teme com a inteligência artificial:
que domine seu criador. Mas este cenário não é tão simples como se descreve.
Ocorre que entram milhões ou bilhões de atores cada um deles opinando de acordo
com os demais e os demais mudam conforme a opinião expressa pelos outros, que
por sua vez, também mudam ao ouvir a opinião dos demais e assim sucessivamente
até chegar-se ao estado caótico da Torre de Babel. Este processo não tem rumo,
nem desfecho. Tudo pode acontecer.
O importante não é aprovar ou condenar a TV social. O
melhor que se pode fazer é refletir sobre esta comunidade que se formou online,
as formas de co-envolvimento dos atores e dos programas, em alguns casos, nasce
uma relação profunda, em outros superficiais. Também se pode considerar o fato
de que em alguns casos é possível se ativar, em outros não. Às vezes diverte, em
outras ocasiões enoja. Há casos em que desperta paixões intensas e em outros,
ironia. Uns são populares, outros elitistas. Para alguns é passatempo,
divertimento, mas para outros é a condescendência de um passatempo proibido.
Na modalidade clássica da TV havia apenas espectadores
passivos. Na TV social, ao contrário são os autores que devem se tornar
passivos, pois é tamanha a participação dos espectadores através de comentários
via telefone- convencionais ou
celulares- facebook, twitter, blogs,twoo, skype e outros que os conteúdos
produzidos por tais meios são independentes da vontade dos autores. São
produtos derivados de produtos muitas vezes completamente diversos dos
produzidos pelos autores televisivos. Formam-se verdadeiras redes. As
principais identificáveis são:
1. As
redes comunitárias: envolvem bairros, cidades ou regiões. Defendem e trazem à
tona interesses comuns.
2. Redes
profissionais: caracterizadas por networkin, como o linkedin, estabelecendo vínculos
ou contatos entre indivíduos parta lucros pessoas ou profissionais.
3. Redes
sociais com objetivos diversos, como bate-papo, jogar, intercambiar.
A única forma atualmente de se sintonizar com o mundo que
nos cerca – isto vale para políticos, empreendedores, mestres, investidores – é
lançar mão das diversas formas de mediação: mais diretas, mais instantâneas,
mais simples, mais velozes.