sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

TV SOCIAL: CONTEÚDO E MEIO. Selvino Antonio Malfatti.





















Fala-se muito atualmente em TV social. Afinal o que é de fato isto, pois não é de sua própria natureza o caráter social da TV? Na medida em que sincroniza as pulsações de uma comunidade, a TV por si já não é uma instituição coletiva? Com efeito, assim é, mas a TV social é algo bem distinto da TV geral.
A TV social é um intercâmbio constante entre o público assistente da televisão e o programa televisivo. Neste sentido, inclui o comportamento social, dispositivos e redes. Incorpora network, facebook e twitter e outras ferramentas. É como se dois programas funcionassem simultaneamente. Enquanto você vê ou assiste algo, pode paralelamente ver e assistir outro e guardar os dados do segundo ou mesmo utilizá-los no momento, caso seja protagonista do programa em execução. Então, TV social é a interação entre televisão e o público através da web. A estrutura não é hierárquica, isto é, vertical, mas horizontal. Por isso, é mais uma não estrutura do que estrutura. Os limites que se estabelecem não são de separação e sim de identidade.
Isto significa que uma programação televisiva pode sofrer redirecionamentos durante a execução e ser reprogramada tendo em vista as respostas sociais manifestadas através da web. Evidentemente que o interesse não é o público que assiste, mas o interesse do público que se manifesta. Um bom exemplo, embora não seja genuinamente de TV social, é o caso da novela brasileira. Ela muda e toma direções conforme o público aprova, desaprova ou deseja.
Tudo indica que os textos televisivos fogem do controle da tela e passam a ter vida própria. McLuhan havia dito que o “meio é a mensagem”. No entanto, atualmente transmutou-se para o “conteúdo é o meio”. Busca-se o que agrada, o conteúdo, e através dele se agrada, pelo meio. Isto está se tornando tão crucial que o conteúdo se desprende de seu recipiente. Está acontecendo com a TV social aquilo que se teme com a inteligência artificial: que domine seu criador. Mas este cenário não é tão simples como se descreve. Ocorre que entram milhões ou bilhões de atores cada um deles opinando de acordo com os demais e os demais mudam conforme a opinião expressa pelos outros, que por sua vez, também mudam ao ouvir a opinião dos demais e assim sucessivamente até chegar-se ao estado caótico da Torre de Babel. Este processo não tem rumo, nem desfecho. Tudo pode acontecer.
O importante não é aprovar ou condenar a TV social. O melhor que se pode fazer é refletir sobre esta comunidade que se formou online, as formas de co-envolvimento dos atores e dos programas, em alguns casos, nasce uma relação profunda, em outros superficiais. Também se pode considerar o fato de que em alguns casos é possível se ativar, em outros não. Às vezes diverte, em outras ocasiões enoja. Há casos em que desperta paixões intensas e em outros, ironia. Uns são populares, outros elitistas. Para alguns é passatempo, divertimento, mas para outros é a condescendência de um passatempo proibido.
Na modalidade clássica da TV havia apenas espectadores passivos. Na TV social, ao contrário são os autores que devem se tornar passivos, pois é tamanha a participação dos espectadores através de comentários via  telefone- convencionais ou celulares- facebook, twitter, blogs,twoo, skype e outros que os conteúdos produzidos por tais meios são independentes da vontade dos autores. São produtos derivados de produtos muitas vezes completamente diversos dos produzidos pelos autores televisivos. Formam-se verdadeiras redes. As principais identificáveis são:
1.    As redes comunitárias: envolvem bairros, cidades ou regiões. Defendem e trazem à tona interesses comuns.
2.    Redes profissionais: caracterizadas por networkin, como o linkedin, estabelecendo vínculos ou contatos entre indivíduos parta lucros pessoas ou profissionais.
3.    Redes sociais com objetivos diversos, como bate-papo, jogar, intercambiar.

A única forma atualmente de se sintonizar com o mundo que nos cerca – isto vale para políticos, empreendedores, mestres, investidores – é lançar mão das diversas formas de mediação: mais diretas, mais instantâneas, mais simples, mais velozes. 

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