sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Ainda o nazismo. José Mauricio de Carvalho

 




As origens históricas do nazismo são conhecidas e foram associadas à crise econômica de 1929 e às dificuldades vividas pela Alemanha com a derrota na Primeira Grande Guerra. No entanto, sempre é difícil entender como uma nação de homens notáveis sucumbiu às fakes news, ao discurso de ódio e irracional dos ideólogos nazistas. Doutrinariamente além do discurso idiota foi veiculado o antissemitismo, bode expiatório necessário para justificar os próprios fracassos, além da tese racista e eugenista, sem comprovação científica, mas conveniente para justificar a violência e o discurso de ódio. A extrema direita trabalha assim, justifica sua incompetência atribuindo aos outros o próprio fracasso e se apresenta como superior e legítima para agir pela força. Na lógica perversa de um nacionalismo doentio julga-se no direito de dominar outros grupos ou povos e impor a força seus princípios.

As ideias dos ideólogos nazistas encontram em Adolf Hitler um notável propagandista. Seus discursos convenceram parte significativa da população alemã, que seguir um líder forte seria a garantia de uma Alemanha próspera e triunfante. Porém há um aspecto psicológico que explica o sucesso dessas teses: o povo passou a funcionar como massa. A forma como a massa opera foi examinada por Ortega y Gasset em seu clássico livro de 1930 A Rebelião das Massas. Naquele notável trabalho, o filósofo antecipou o resultado do protagonismo histórico de massas infantis e ignorantes que não aceitavam ser contrariadas e se comportavam como crianças mimadas e/ou senhorzinho satisfeito. Esses últimos são aqueles que acham que o mundo está aí para servi-los em seus caprichos sem precisar se esforçar muito. Massas são formadas por pessoas incapazes de dialogar com seu tempo, inábeis para descobrir razões singulares para viver e atualizar valores e comportamentos. Massas ignorantes e radicais foram o campo fértil para ideias que conduziram a Alemanha à Segunda Guerra Mundial, uma guerra mais sangrenta que a anterior. A máquina de ódio dos nazistas produziu a “indústria da morte” representada pelos campos de extermínio, pela perseguição aos inimigos do regime, além da perseguição à venerável universidade de pesquisa alemã. Parece importante e estratégico a essa gente combater a inteligência quando o que vendem é a mentira e a irracionalidade.

 

 

 

 

 

 

 



7 comentários:

  1. Tudo que escrevemos poderá ter utilidade para mudar desde que sejamos atentos ao jogo.

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  2. Ninguém é perfeito no jogo político, minimizar o adversário porquê não pensa como " Eu" ao chama- lo de imcompete é indelicado.

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  3. Notável artigo, parabéns assim formaram as novas gerações, realmente sem muito esforço.

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  4. Concordo, massas ignorantes, que os governos fazem questão de manter, porquê investimento deve ser no ensino básico, ensinar a pensar e saber votar, sem doutrinação.

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  5. O poder e suas alternativas, todos querem se perpetuar.
    Meu partido é Jesus Cristo.

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  6. Tempos difíceis, precisamos olhar a história, sem nos apaixonar pelos políticos.

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  7. Nada faz sentido, se tivéssemos memória não estaríamos vivendo este momento na política, a carência de bons exemplos dos homens dignos que amaram a Pátria, lutaram pela sociedade acabou.

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