Com 90 anos (1929-2020)
desaparece o filósofo italiano Emanuele Severino na Brescia, sua cidade natal.
Concentrou sua pesquisa e elaboração filosófica em três teses: a verdade do
ser, a morte e a eternidade de Deus. Licenciado
em Filosofia pela Universidade de Pávia, com a tese sobre Heidegger e a
Metafísica, transitou também na história do pensamento ocidental sob os pontos
de vista religioso, científico e filosófico. Batia de frente com as teses
católicas ao negar o Além, a Salvação e outros temas. Paulatinamente vai sendo
expelido da Universidade católica de Milão pelas suas posições ateias como
sustentar que a fé é uma contradição e o cristianismo é uma alienação essencial
do ocidente.
Para ele a pergunta “o que é
a filosofia” é tão decepcionante pelas respostas tão díspares e numerosas que
passa até a vontade de querer saber a resposta. Prefere apresentar a metáfora
da matilha de cães correndo atrás de filosofia ferida de morte. Cada um se
gabando a seu modo dizendo que foi ele que a reduziu a isto. Dizem: "Fui
eu que a reduzi assim!", "Não, fui eu!", "Estávamos todos
juntos!". Severino, no entanto, prefere outra explicação. Não foi a
ciência moderna, nem a sociedade burguesa, nem o cristianismo. Ninguém a matou,
apenas a matilha demonstra que o mundo pode viver sem ela. Seu ferimento mortal
consiste em ter-se auto-infligido o mortal propósito: querer ser a verdade
absoluta do vir-a-ser do mundo. Esta vontade é a ferida mortal que condenou a
filosofia à morte. Pergunta-se o filósofo: o que aconteceria se o devir do
mundo (sair a voltar a nada) fosse uma evidência? Não seria uma loucura
extrema?
Frases marcantes de Emanuele
Severino:
“Nascere vuole dire […]
uscire dal niente; morire vuol dire tornare nel niente: il vivente è ciò che
esce dal niente e torna nel niente.“
(“Nascer significa [...] sair do nada; morrer significa voltar a nada: o viver é o que sai do nada e volta a nada ”.
“„La democrazia è una fede.“
("A democracia é uma fé. ")
“Ogni civiltà, e soprattutto
quella occidentale, non è stata altro che edificante – anche e proprio quando
ha prodotto l'estremo della distruzione e dell'orrore. Potrà mai accadere
all'uomo di non essere edificante?“
(“Cada civilização, especialmente a ocidental, não foi nada além de edificante - mesmo e precisamente quando produziu o extremo da destruição e do horror. Pode acontecer ao homem não ser edificante?)
„È del tutto fuorviante
condannare l'«Occidente» e il capitalismo per aver dominato e sfruttato il
resto del mondo. I popoli non hanno morale. Se ne è mai visto uno sacrificarsi
per un altro? Quando hanno potenza si impongono sui più deboli, come la natura
riempie il vuoto.“
(É completamente enganoso condenar o "Ocidente" e o capitalismo por dominar e explorar o resto do mundo. Os povos não têm moral. Você já viu um sacrifício pelo outro? Quando têm poder, impõem-se aos mais fracos, pois a natureza preenche o vazio. ”)
„In quanto destino della
necessità, la verità è l'apparire dell'esser sé dell'essente in quanto tale (ossia
di ogni essente); e cioè l'apparire del suo non esser l'altro da sé, ossia
dell'impossibilità del suo divenir l'altro da sé, ossia del suo essere eterno.
L'apparire dell'essente è l'apparire della totalità degli enti che appaiono […]
Le parti sono un molteplice. L'apparire di una parte è la relazione
dell'apparire trascendentale a una parte di tale totalità […] Ciò significa che
esiste una molteplicità di queste relazioni. In questo senso, molteplice non è
solo il contenuto che appare, ma anche il suo apparire.“
(“Como destino da necessidade, a verdade é a aparência do próprio ser do ser como tal (isto é, de todo ser); ou seja, a aparência de não ser o outro de si mesmo, ou seja, a impossibilidade de se tornar o outro de si mesmo, ou seja, de seu ser eterno. A aparência do ser é a aparência da totalidade das entidades que aparecem [...] As partes são um múltiplo. A aparência de uma parte é a relação da aparência transcendental com uma parte dessa totalidade [...] Isso significa que há uma multiplicidade dessas relações. Nesse sentido, múltiplo não é apenas o conteúdo que aparece, mas também sua aparência. ”)
„La posizione di Parmenide è singolare perché è anche il punto di maggiore contatto con l'Oriente. […] La soluzione radicale di Parmenide è questa: il divenire non minaccia più, non può essere nocivo perché non esiste. […] Tutto l'angosciante, tutto il terribile, tutto l'orrendo del mondo è illusione; questo è il senso della doxa di Parmenide. Ebbene questa è anche la strada percorsa dall'Oriente: i Veda, le Upanishad, la ripresa buddista del bramanesimo sono tutti grandi motivi che convergono su questo punto: l'uomo è infelice perché non sa di essere felice, perché non sa che il dolore è al di fuori di lui, e che lui è un puro sguardo che non è contaminato dal dolore che gli passa innanzi, così come lo specchio non è contaminato dall'immagine che si riflette in esso.“
(“A posição de Parmênides é única porque também é o ponto de maior contato com o Oriente. [...] A solução radical de Parmênides é esta: tornar-se não mais ameaça, não pode ser prejudicial porque não existe. [...] Todo o sofrimento, todo o terrível, todo o horror do mundo é ilusão; este é o significado da doxa de Parmênides. Bem, este também é o caminho percorrido pelo Oriente: os Vedas, os Upanishads, o renascimento budista do Bramanismo são todos grandes motivos que convergem neste ponto: o homem é infeliz porque não sabe que é feliz, porque não sabe disso a dor está fora dele, e que ele é um olhar puro que não se contamina com a dor que passa diante dele, assim como o espelho não se contamina com a imagem que nele se reflete ”.)
(Fonte: https://le-citazioni.it/autori/emanuele-severino/)