Toda vez que uma nova obra
de arte surge ou uma nova descoberta científica é aprovada ou um novo
entendimento ilumina a filosofia é motivo de regozijo para a humanidade. Quando
o encoberto se desvela, o adormecido desperta para a vida, o sorriso contido desabrocha,
é motivo de festa como a volta do irmão perdido. Toda vez que a poesia é
declamada, o canto entoado, o discurso publicado de um Te Deum de gratidão que estremece os ares.
Da mesma forma quando uma
nova forma de interpretar é descoberta é motivo de júbilo, pois sobe aos céus
um hino de ação de graças.
Da mesma forma por ocasião da publicação do
livro de Roberto Mercadini, «L’ingegno e le tenebre», (Ingenuidade e escuridão),
no qual são analisadas as vidas e obras de Leonardo da Vinci e Michelangelo Buonarroti,
compartilhamos a iniciativa.
Leonardo, natural de Vinci,
da atual Itália, figura expressiva do renascimento, foi cientista, matemático,
engenheiro, inventor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. Principais
obras: Anunciação, Adoração dos Magos, A Última Ceia, Mona Lisa ou La Gioconda,
A Virgem e o Menino com Santa Ana.
Michelangelo, natural de
Caprese, Provença da Itália, semelhante a Leonardo, exerceu muitas atividades
tais como pintor, escultor, arquiteto. Do mesmo modo destacou-se no
renascimento, com obras primas como Davi, Pietá, Juízo Final, Capela Sistina
entre outras.
- Leonardo era riflessivo,
pacato, eclettico e interessato nos fenômenos da mundo da cultura. Michelangelo, ao invés, era turbolento, idealista e muito impulsivo.
Leonardo e Michelangelo
(Leonardo da Vinci 1452-1519) e (Michelangelo Buonarroti 1475-1564) foram conterrâneos e
contemporâneos. Ambos são de Florença e ambos dos séculos XV e XVI.
Conheceram-se e não gostaram um do outro. Michelangelo foi predominantemente
escultor enquanto Leonardo foi pintor. Ambos renascentistas, pois se valiam de
temas e modelos greco-romanos para expor conteúdos cristãos, as duas
obras-primas de ambos: Davi de Michelangelo e Mona Lisa, de Leonardo.
Leonardo parece ter o dom da
ubiquidade, pois assim como as nuvens, está sempre em outro lugar. É
indescritível como seu autorretrato. Leonardo é vaidoso, sabe se vestir, e
mesmo a cor rosa não é desprezada. É homem da corte, que encanta, sabe atrair
atenção até de papas, patronos e nobres. É um “bon vivant”, não se importa com
as contas. Seu modo de ser diz sim a todos, embora esteja subentendido um não.
É um extremista da experimentação, sempre curioso no aprender criativo de cada
segmento. Nada lhe escapa, desde o sistema solar como o voo dos pássaros ou
tintas transparentes. Mantem-se sempre como aprendiz e nuca mestre. Sua
determinação o leva em ser ele mesmo até rejeitar a técnica do afresco ao
pintar a Última Ceia pondo em perigo o desaparecimento de sua obra prima. Nem
se importa com a indeterminação de sua sexualidade: homossexual? Bissexual? A
Mona Lisa era continuamente retocada e nunca a dava por pronta e entregá-la ao
cliente.
Michelangelo, incansável,
trabalha noite e dia. Não recusa tarefas e quase sempre as conclui. Ao mesmo tempo
em que esculpe Davi, encomendado pela Catedral de Florença, mas também, em
segredo uma Madona e o Menino, a pedido de um mercador flamengo. Michelangelo é
rico, mas vive como pobre. Não se importa com a aparência. Numa provocação seu
nariz é esmagado por Pietro Torrigiano. De gênio irritado, nunca muda de roupa.
Está sempre de mau humor se perguntando sobre Deus e o significado das coisas.
Os nus masculinos são para ele verdadeiras obsessões. De porte musculoso e
esculpido assim se apresenta como pintor.
A criação de Adão, na Capela Sistina, não mais é representada pelo sopro
nas narinas, mas de um Deus que voa.
Mona Lisa, tem um olhar inigmático, misterioso. ninguém sabe quem é e o que quer.
Davi tem postura imponente, não deixa dúvida de quem é e o que quer.