sexta-feira, 1 de julho de 2022

LEONARDO E MICHELANGELO - Selvino Antonio Malfatti

 








Toda vez que uma nova obra de arte surge ou uma nova descoberta científica é aprovada ou um novo entendimento ilumina a filosofia é motivo de regozijo para a humanidade. Quando o encoberto se desvela, o adormecido desperta para a vida, o sorriso contido desabrocha, é motivo de festa como a volta do irmão perdido. Toda vez que a poesia é declamada, o canto entoado, o discurso publicado de um Te Deum de gratidão que estremece os ares.

Da mesma forma quando uma nova forma de interpretar é descoberta é motivo de júbilo, pois sobe aos céus um hino de ação de graças.

Da mesma forma por ocasião da publicação do livro de Roberto Mercadini, «L’ingegno e le tenebre», (Ingenuidade e escuridão), no qual são analisadas as vidas e obras de Leonardo da Vinci e Michelangelo Buonarroti, compartilhamos a iniciativa.

Leonardo, natural de Vinci, da atual Itália, figura expressiva do renascimento, foi cientista, matemático, engenheiro, inventor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. Principais obras: Anunciação, Adoração dos Magos, A Última Ceia, Mona Lisa ou La Gioconda, A Virgem e o Menino com Santa Ana.

Michelangelo, natural de Caprese, Provença da Itália, semelhante a Leonardo, exerceu muitas atividades tais como pintor, escultor, arquiteto. Do mesmo modo destacou-se no renascimento, com obras primas como Davi, Pietá, Juízo Final, Capela Sistina entre outras.

- Leonardo era riflessivo, pacato, eclettico e interessato nos fenômenos da mundo da cultura. Michelangelo, ao invés, era turbolento, idealista e muito impulsivo.

Leonardo e Michelangelo (Leonardo da Vinci 1452-1519) e (Michelangelo Buonarroti  1475-1564) foram conterrâneos e contemporâneos. Ambos são de Florença e ambos dos séculos XV e XVI. Conheceram-se e não gostaram um do outro. Michelangelo foi predominantemente escultor enquanto Leonardo foi pintor. Ambos renascentistas, pois se valiam de temas e modelos greco-romanos para expor conteúdos cristãos, as duas obras-primas de ambos: Davi de Michelangelo e Mona Lisa, de Leonardo.

Leonardo parece ter o dom da ubiquidade, pois assim como as nuvens, está sempre em outro lugar. É indescritível como seu autorretrato. Leonardo é vaidoso, sabe se vestir, e mesmo a cor rosa não é desprezada. É homem da corte, que encanta, sabe atrair atenção até de papas, patronos e nobres. É um “bon vivant”, não se importa com as contas. Seu modo de ser diz sim a todos, embora esteja subentendido um não. É um extremista da experimentação, sempre curioso no aprender criativo de cada segmento. Nada lhe escapa, desde o sistema solar como o voo dos pássaros ou tintas transparentes. Mantem-se sempre como aprendiz e nuca mestre. Sua determinação o leva em ser ele mesmo até rejeitar a técnica do afresco ao pintar a Última Ceia pondo em perigo o desaparecimento de sua obra prima. Nem se importa com a indeterminação de sua sexualidade: homossexual? Bissexual? A Mona Lisa era continuamente retocada e nunca a dava por pronta e entregá-la ao cliente.

Michelangelo, incansável, trabalha noite e dia. Não recusa tarefas e quase sempre as conclui. Ao mesmo tempo em que esculpe Davi, encomendado pela Catedral de Florença, mas também, em segredo uma Madona e o Menino, a pedido de um mercador flamengo. Michelangelo é rico, mas vive como pobre. Não se importa com a aparência. Numa provocação seu nariz é esmagado por Pietro Torrigiano. De gênio irritado, nunca muda de roupa. Está sempre de mau humor se perguntando sobre Deus e o significado das coisas. Os nus masculinos são para ele verdadeiras obsessões. De porte musculoso e esculpido assim se apresenta como pintor.  A criação de Adão, na Capela Sistina, não mais é representada pelo sopro nas narinas, mas de um Deus que voa.

Mona Lisa, tem um olhar inigmático, misterioso. ninguém sabe quem é e o que quer.

Davi tem postura imponente, não deixa dúvida de quem é e o que quer.


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