Uma das grandes
questões que preocupam os países que compõem a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa é a questão ortográfica.
Os países lusófonos
assinaram, há algum tempo, um acordo ortográfico para vigorar em 2013.
Lamentavelmente o governo brasileiro protelou a obrigatoriedade do uso da nova
ortografia para 2016. Isto é, para atender não se sabe a que interesses, a
Presidente da República adiou a realização de medida importante para todas as nações
lusófonas, incluída a nossa, a maior delas e a de maior população.
Ao acordo foi dada a
mesma solução da transposição das águas do rio São Francisco, obra prevista
para ser inaugurada em 2012 e que também ficou para 2016. Protelar é estratégia
ruim de governos que planejam mal e executam pior. Por este motivo meu pedido para 2013 é um
surto de planejamento realista e competência no serviço público. Será ótimo
também se isto alcançar cidadãos e empresas. Espero portos e aeroportos sem
apagões, estradas recuperadas, transporte urbano de massa funcionando com
qualidade. Espero, em síntese, um 2013 com melhor planejamento e execução
eficiente. Se não fizermos isto a Copa de
2014 e as Olimpíadas de 2016
ficarão ameaçadas, pois organismos internacionais não aprovarão o adiamento da
Copa para 2020 e das Olimpíadas para 2025. Do trem bala não quero lembrar, pois
é grande a frustração de não vê-lo circulando nem entre Rio e São Paulo. A obra
ficou para um futuro distante e somente por milagre estarei ainda vivo quando o
projeto estiver concluído, contando que até lá teremos novos adiamentos.
Protelar a entrada em
vigor do acordo chamou pouco à atenção dos brasileiros acostumados a medidas
protelatórias. Para mim não deixou de ser surpresa ruim porque para este caso
não se pode alegar falta de recursos, nem há razão séria para o adiamento, a
não ser incompetência no planejamento e descaso na execução. Nossas crianças e
jovens se encontram há mais de quatro anos sendo alfabetizadas e educadas na
nova ortografia. Durante os últimos anos os meios de comunicação explicaram as
mudanças. Incentivar e fazer mais campanhas para que a população se ajuste à
nova ortografia é o que se espera de nossas autoridades. Até porque a mudança
no português brasileiro (sintam o
ridículo da expressão que é correlata de português
de Portugal, português de Moçambique,
português de Angola, etc.), não é
grande, mais de noventa por cento de nossas palavras não sofrerão alteração. Os
demais países lusófonos farão um esforço de adaptação maior que o nosso e
deveríamos liderar a implantação da nova ortografia.
A medida é importante
por muitas razões embora nem sempre se esteja atento a elas. Por que o acordo ortográfico é importante?
Estudantes dos países lusófonos intensificarão a mobilidade nos próximos anos,
sem acordo terão que estudar numa ortografia diferente da usada em seu país;
diversas empresas brasileiras estão hoje atuando em países africanos de língua
portuguesa, há muitos brasileiros vivendo lá e contratos sendo ali assinados, o
acordo facilita tudo isto; o mercado editorial de todos os países lusófonos
ganhará com o acordo, os livros editados num país poderão ser utilizados em
todos os outros, incluídos os livros didáticos e complementares empregados no
sistema educacional. O principal motivo é que o acordo tornará a língua
portuguesa uma das mais faladas do mundo, os documentos internacionais a
contemplarão, facilitando o trabalho diplomático e os protocolos
internacionais. Embora exista diferença de sotaque e estilo entre as outras línguas,
a grafia delas é igual. Não há caso de grafias diferentes de uma mesma língua.
É o que devemos perseguir também para o português.
Então que medidas
sejam tomadas em 2013, pelo governo e sociedade, para favorecer a entrada em
vigor do acordo ortográfico da língua portuguesa na nova data prevista. Se for
possível aspirar mais para o ano novo que planejemos melhor nosso futuro e que
o realizemos com dedicação e competência, na esfera pública e privada.