sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

ACORDO ORTOGRÁFICO E 2013. José Maurício de Carvalho













Uma das grandes questões que preocupam os países que compõem a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa é a questão ortográfica.
Os países lusófonos assinaram, há algum tempo, um acordo ortográfico para vigorar em 2013. Lamentavelmente o governo brasileiro protelou a obrigatoriedade do uso da nova ortografia para 2016. Isto é, para atender não se sabe a que interesses, a Presidente da República adiou a realização de medida importante para todas as nações lusófonas, incluída a nossa, a maior delas e a de maior população.
Ao acordo foi dada a mesma solução da transposição das águas do rio São Francisco, obra prevista para ser inaugurada em 2012 e que também ficou para 2016. Protelar é estratégia ruim de governos que planejam mal e executam pior.  Por este motivo meu pedido para 2013 é um surto de planejamento realista e competência no serviço público. Será ótimo também se isto alcançar cidadãos e empresas. Espero portos e aeroportos sem apagões, estradas recuperadas, transporte urbano de massa funcionando com qualidade. Espero, em síntese, um 2013 com melhor planejamento e execução eficiente. Se não fizermos isto a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 ficarão ameaçadas, pois organismos internacionais não aprovarão o adiamento da Copa para 2020 e das Olimpíadas para 2025. Do trem bala não quero lembrar, pois é grande a frustração de não vê-lo circulando nem entre Rio e São Paulo. A obra ficou para um futuro distante e somente por milagre estarei ainda vivo quando o projeto estiver concluído, contando que até lá teremos novos adiamentos.
Protelar a entrada em vigor do acordo chamou pouco à atenção dos brasileiros acostumados a medidas protelatórias. Para mim não deixou de ser surpresa ruim porque para este caso não se pode alegar falta de recursos, nem há razão séria para o adiamento, a não ser incompetência no planejamento e descaso na execução. Nossas crianças e jovens se encontram há mais de quatro anos sendo alfabetizadas e educadas na nova ortografia. Durante os últimos anos os meios de comunicação explicaram as mudanças. Incentivar e fazer mais campanhas para que a população se ajuste à nova ortografia é o que se espera de nossas autoridades. Até porque a mudança no português brasileiro (sintam o ridículo da expressão que é correlata de português de Portugal, português de Moçambique, português de Angola, etc.), não é grande, mais de noventa por cento de nossas palavras não sofrerão alteração. Os demais países lusófonos farão um esforço de adaptação maior que o nosso e deveríamos liderar a implantação da nova ortografia.
A medida é importante por muitas razões embora nem sempre se esteja atento a elas.  Por que o acordo ortográfico é importante? Estudantes dos países lusófonos intensificarão a mobilidade nos próximos anos, sem acordo terão que estudar numa ortografia diferente da usada em seu país; diversas empresas brasileiras estão hoje atuando em países africanos de língua portuguesa, há muitos brasileiros vivendo lá e contratos sendo ali assinados, o acordo facilita tudo isto; o mercado editorial de todos os países lusófonos ganhará com o acordo, os livros editados num país poderão ser utilizados em todos os outros, incluídos os livros didáticos e complementares empregados no sistema educacional. O principal motivo é que o acordo tornará a língua portuguesa uma das mais faladas do mundo, os documentos internacionais a contemplarão, facilitando o trabalho diplomático e os protocolos internacionais. Embora exista diferença de sotaque e estilo entre as outras línguas, a grafia delas é igual. Não há caso de grafias diferentes de uma mesma língua. É o que devemos perseguir também para o português.
Então que medidas sejam tomadas em 2013, pelo governo e sociedade, para favorecer a entrada em vigor do acordo ortográfico da língua portuguesa na nova data prevista. Se for possível aspirar mais para o ano novo que planejemos melhor nosso futuro e que o realizemos com dedicação e competência, na esfera pública e privada.

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