Dois líderes políticos
iniciaram praticamente juntos seus mandatos presidenciais: o norte-americano
Joe Biden - LIBERAL SOCIAL e o brasileiro Jair Bolsonaro - LIBERAL
CONSERVADOR. Este, do maior país da América do Sul e aquele, do maior país da
América do Norte. O primeiro iniciou seu
mandato em 20 de janeiro de 2021, enquanto que o segundo em 1º de janeiro de
2019.
O primeiro alinhando-se à
ideologia política Liberal social e o segundo liberal conservador. Parece
proveitoso estabelecer um paralelo, pois os da esquerda do Brasil criticam
ferozmente Jair Bolsonaro, mas complacente com Biden, enquanto os da esquerda
americana não estão nada contentes com seu presidente, mas tecem elogios ao
brasileiro. Na disputa eleitoral Biden derrotou um conservador, o republicano,
Trump e Bolsonaro um socialista, o petista Haddad.
Biden conseguiu a maioria
dos votos em 2021 em relação a Trump, enquanto Bolsonaro ultrapassou em votos
seu rival Haddad. Temos uma vitória invertida dos candidatos: um vence um
conservador e outro um socialista.
No livro “A aposta de Biden", Massimo Gabbi,
constata que o Protetorado do Mundo exercido pelos Estados Unidos não existe
mais. Seria aquela liderança que determinados países exerceram em determinadas
épocas. Poderíamos citar: os egípcios e assírios, no período pré-helênico.
Atenienses e macedônios, pré-romanos. Romanos pré-cristianismo. Império cristão
e papado, na idade média. Claro que existiam lideranças políticas nacionais que
não acatavam, como os cartagineses no império romano, Tebas e Corinto no
período helênico.
Estes países ou sociedades
políticas se destacaram como líderes globais entre seus pares. Estenderam suas
influências em todas as dimensões da existência humana da época: militar,
política e cultural. O declínio destas lideranças geralmente começou a ser
minado de dentro para fora, ou pelas lutas internas.
Os americanos exercem esta
liderança desde a II guerra mundial. Os vencedores da guerra a almejavam. Os
perdedores acatavam-na tacitamente. Mas atualmente o declínio está patente. E a
contestação avoluma-se sempre mais. É o que está acontecendo com o Protetorado
Americano. Do oriente ao ocidente, de norte a sul do planeta, de nações de
Primeiro mundo ao de Terceiro.
Atualmente os americanos de
Biden enfrentam duas crises internas: o sistema ideológico bipartidário, pelo
qual na prática somente dois partidos chegavam ao poder, com ampla maioria de votos
(democratas e republicanos); e a crise econômico-administrativa: classe média
se empobrecendo, infraestrutura anacrônica como saúde e defesa.
O presidente americano Biden
ainda está convencido que pode retomar a liderança, agora sob outra orientação
político-ideológica. Pensa que as políticas neoliberais conservadoras podem ser
substituídas por outras de cunho mais social, liberal social, como o
relançamento industrial, reabilitação ambiental, proteção social, e uma revalorização
da classe média...É uma guinada ideológica, mas sem mexer com os dogmas!
Claro que não inicia na
estaca zero. Já na época de Trump este volver à esquerda, para o social, teve
início com o pacote de 1.900 milhões de dólares para fazer frente os efeitos da
Covid na economia, além de uma política de apoio às famílias. O grande
problema, porém, está no setor político interno. É o que ser costuma de
denominar de “crise da democracia americana”. Todos estão recordados do impasse
da última eleição. O candidato oposicionista Trump não aceitava a derrota, pediu
recontagem de votos, acusou os adversários de roubo, desrespeito às regras
eleitorais entre outras.
A proposta está na mesa:
reformar a democracia americana sob a orientação social. Evidentemente que o
diapasão seja o liberalismo, mas até então, ninguém nos Estados Unidos se
atreveu: à esquerda volver.
No Brasil, Bolsonaro se
apresenta como um liberal conservador, mas nem por isso deixa de enxergar o
social. Perdoou a dívida dos estudantes com o Fies e as dívidas das Igrejas,
implantou uma renda mínima durante o período da pandemia, substituiu Bolsa
Família por Auxílio Brasil, e na esfera internacional comprometeu-se com a
defesa do meio ambiente. São alguns exemplos de ingerência de um conservador no
social.
Continuará esta convergência
de ambos para o social? Ou assumirão suas identidades ideológicas: Biden
priorizando o social e Bolsonaro o mercado?