Os conteúdos de ensino a cargo das unidades da federação ficam nacionalmente diluídos em termos de nação. Os professores não sabem o que ensinar e os alunos não têm noção do que é essencial e o que é secundário. Diante disso, um currículo em nível nacional solucionaria o problema.
João Batista Araujo e
Oliveira[1] publicou um artigo
intitulado: “Currículo, a Constituição da Educação”.[2] Devido ao conteúdo e a
repercussão, tentarei fazer uma resenha das principais idéias expostas.
Parafraseando a questão
da saúde, cujo assunto foi dito que é sério demais para se deixar só para os médicos, o
mesmo aconteceria com a educação que não pode ser deixada somente para
educadores e especialistas, mormente quando se trata de um currículo
nacional. O que seria um currículo? –
pergunta-se Araujo e Oliveira. Para ele é um documento que diz as incumbências
que cabem ao professor e aluno. Ao professor, o que deve ensinar e ao aluno, o
que aprender, quando e como. Tecnicamente seriam conteúdos, objetivos,
estrutura e sequência. Neste sentido, o currículo, primeiramente, é um
instrumento de cidadania, pois assegura uma base equitativa para todos. Em
seguida, hierarquiza os conhecimentos atrelando-os à idade biológica dos
alunos. Em decorrência disto, o currículo servirá para balizar o que se deve
cobrar do aluno, a formação do corpo docente e o material didático a ser usado.
O autor justifica um
currículo em nível nacional basicamente por dois motivos: por causa da
experiência bem sucedida em países avançados e pelo o advento do PISA (
Programme for International Student Assesmen), programa este lançado pela
Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Econômico. Este programa
monitora o desempenho dos alunos dentro de um contexto internacionalmente
aceito. O PISA tem como princípio a mensuração da capacidade de jovens de 15
anos em aplicar os conhecimentos à situações reais da vida e não apenas medir o domínio do conteúdo.
Já foram aplicados três
testes desde que foi implantado: O de 2000 que avaliou a literacia em contexto
de leitura, o de 2003 que avaliou a literacia da matemática, leitura científica e
resolução de problemas e o de 2006 teve como foco a literacia científica.
Como saber se um
currículo é bom? Evidentemente pelos seus frutos ou, como diria Descartes, se
for claro.
Outra técnica para
verificar se um currículo é bom é aplicar o método do benchmark, isto é,
compará-lo com os de países avançados. Além disso, não pode ser uma proposta
isolada, mas fazer parte de um contexto todo. Para se chegar a um bom currículo
são necessários quatro suportes essenciais: foco, consistência, rigor e
referentes externos. Para tanto, deve centrar-se no essencial, respeitar a
estrutura de cada disciplina, ter uma evolução natural e referir-se à realidade
de cada idade cronológica, visando o momento subseqüente.