Em várias partes do mundo há um dia consagrado aos pais. A
data não é unânime em todo mundo. Portugal celebra em 19 de março (Dia de São
José – pai adotivo de Jesus), nos Estados Unidos, Inglaterra e numerosos
países a celebram em junho pois foi este mês que foi celebrado pela primeira
vez nos Estados Unidos em homenagem a um pai na data de seu nascimento.
A data comemorativa tem dois suportes valorativos: um, lembra
a figura paterna no seio da família de concepção religiosa -geralmente cristã - e outra presta uma homenagem aos
antepassados (grandfather ). No caso de família com sentido religioso, atualmente não é mais totalmente confessional, mas cultural. Da mesma forma, a ideia de "homenagem aos antepassados" também é cultural. No caso brasileiro, a data de agosto foi uma
homenagem a São Joaquim, sacerdote na religião judaica. Ele era pai de Maria e avô de Jesus, pela religião cristã, cuja festa é celebrada em
agosto. Por isso, poder-se-ia dizer hipoteticamente que a data obedeceu a critérios bi-confessionais: judaísmo e cristianismo.
A fundamentação cultural judaico-cristã evoca a figura paterna do próprio
Deus, considerado um Pai. Na verdade o que se quer é apresentar um modelo axiológico no
qual todos os pais pudessem se espelhar, como próprio Deus–Pai seria. Quais as qualidades destacadas:
1.
Presença. O significado não quer dizer apenas
uma presença física (embora seja também), mas viver junto com a família. Lembra
acompanhar, participar, compartilhar, transmitir confiança e segurança.
Evidentemente que isto pode ser mais espiritual que físico. Embora seja difícil
e até mesmo extenuante após um dia de duro trabalho é preciso conversar. Se o
ambiente estiver pesado, comece com uma observação de humor. A partir da
primeira resposta o diálogo fluirá naturalmente.
2.
Afeição. Um pai presente desperta na família uma
afeto mútuo entre os membros. O respeito à dignidade de cada um irá refletir-se
em cadeia entre si. O pedir licença, desculpar-se, ser exemplo, fará com que os
demais membros, principalmente as crianças, façam o mesmo. A interação afetiva
proporcionada pelo pai começa ser a regra geral dentro da família. Ser modelo
de bom pai, homem íntegro, cidadão exemplar. Suas ações são mais poderosas que
suas palavras.
3.
Autoridade. Não é a o mesmo que poder. A
autoridade tem legitimidade, o poder a força. O pai exerce na família uma
autoridade legítima, isto é, obtém o consentimento dos demais devido a concordância
na justiça de suas exigências, pois ele
mesmo se submete a elas.
4.
Limitação. Com afeição e autoridade, estabelecer
limites que se desdobram desde o físico, entrando pelo econômico, lazer, moral,
sexo e mesmo espiritual. O mundo não é uma galáxia infinda dando a qualquer a ser
desfrutá-lo ao seu bel prazer. Ao contrário, é um Éden a ser preservado.
5.
Promessa. A promessa aponta para uma meta, um ideal a ser alcançado. Acenar e prometer devem ficar também
dentro de suas próprias limitações. Despertar expectativas e não realizá-las
causam muitos prejuízos psicológicos mais do que se nunca tivessem sido
vislumbradas. O prometer e o cumprir devem andar de mãos dadas. Só assim é pai pode se apresentar como promessa de que agindo assim alcançarás o prometido.
6.
Religião.
Como na maior parte das vezes o conceito de pai está associado ao culturalismo judaico-cristão, mas não necessariamente, perguntamo-nos o que é ser um pai neste contexto?
Deixemos responder um pai cristão. Trata-se do professor e filósofo português Eduardo Abranches do Soveral. Um pai cristão que assim publicamente se declara, conforme ele, deve ter sempre presente:
a)
A Dignidade da pessoa humana. Cada homem é uma pessoa e não
um indivíduo. Possui uma dignidade conferida pelo próprio criador e uma
natureza assumida pela própria divindade.
b)
A fraternidade dos homens. Os homens são irmãos
por serem filhos do mesmo Pai, que é Deus. Esta fraternidade é a origem de sua
liberdade e igualdade relativamente de uns para com os outros.
c)
Caridade pessoal. A caridade é de coração para
coração e não para com os homens em sentido universal. A caridade começa com os
mais próximos – pais, irmãos, vizinhos, companheiros de trabalho etc. – e
depois estende aos demais. Isso tem sentido como um Corpo Místico de Cristo.
Sempre na situação concreta e não geral. Cada um seja um Cristo na situação
concreta. “És professor? Sê Cristo como professor. És aluno? Sê Cristo como
aluno. empregado? Sê Cristo como empregado”.
ÉS PAI? SÊ CRISTO COMO PAI.