sexta-feira, 1 de abril de 2011

ADEUS, JOSÉ DE ALENCAR - Selvino Antonio Malfatti





Adeus, meu bom José. Adeus. Agora descanse. Descanse em paz, José de Alencar. Adeus Presidente vice, tu eras vice, mas para nós eras como se fosses o Presidente. Basta de macas, hospitais, exames, médicos, enfermeiras! Agora descanse.

Te lembras, como começaste? Menino pobre, do interior, Muriaé de Minas Gerais. Desde pequeno sonhando em ajudar a família? Com 7 anos já trabalhando! Pediste um dinheirinho emprestado ao irmão e começaste teu negócio. Trabalhaste com afinco, persistência e honestidade.

Cresceste em todos os sentidos. Ficaste homem, te tornaste industrial. Foste um empreendedor. Chegaste à direção de sindicatos patronais e à Presidência da Federação das Indústrias do Estado de Minas e senador por Minas Gerais. E depois Vice-Presidente ou Presidente Vice?

Te lembras, quando disseste que não tinhas medo da morte, mas da desonra? E mesmo assim a turma dos Irmãos Metralha e dos Ali Babá continuaram no Palácio? Que feio, que baixaria! Não tinham pudor mesmo, não? Com certeza te desviavam nos corredores do palácio do Jaburu.

Te lembras, que acalmaste o mercado interno e externo? Tua figura bonachona e sorridente inspirava paz e confiança. Como cristão convicto, dissipaste a idéia de uma república sindicalista e atéia.

Te lembras, como transmitias confiança aos setores sociais que desconfiavam do partido que tinha em seu seio ex-guerrilheiros? E não era só do Brasil, não. Nós e nossos credores lá fora nem dormiam de apavorados?

Te lembras, que todos nós brasileiros, como tu, que trabalhamos duro e conseguidos alguma coisa, como emprego, casa, alguns bens, ficamos com medo de perder tudo. Mas se tu avalizavas, então estava tudo bem.

Te lembras, que juntastes duas ideologias praticamente opostas? Conseguiste que setores mais desconfiados se desarmassem e apoiassem um partido de esquerda? Aquela maioria localizada na direita e na esquerda do centro da linha ideológica se mantinha cética quanto às propostas de um partido que até pouco era de extrema esquerda, mas que, por tua causa, mudou de opinião. E este centro, de direita e de esquerda, mudou e deu a vitória à aliança por ti patrocinada? Era como se tu fosses o candidato o presidente.

E a dor, meu bom José? Disseste uma vez que se Deus quisesse te levar, não precisava te brindar com câncer. A hora que Ele escolhesse, estavas pronto. Que grandeza José!

Foram tumores e mais tumores. Internações e mais internações. Infarto de miocárdio, transfusão. Ao todo 17 cirurgias, quimioterapia, aplicações. Foi muita dor, José. Não te queixaste, sorrias. Meu bom José, como assim? Quem entende?

Adeus, meu bom José, adeus. Vai juntar-te aos teus dignos conterrâneos, Juscelino e Tancredo. Vai para perto de Quem acreditaste, amaste e foste fiel. Descanse em Paz, meu bom José.

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