O ser humano normal quer ser bom, justo, verdadeiro e
amável. Mas, apesar de querer ser isto, a toda hora escorrega e se porta
exatamente ao contrário. Isto causa tristeza e decepção. Por que este dilema de
querer ser algo que realiza, dá alegria, enobrece e, ao invés, enveredar para
algo que diminui, dá tristeza e empobrece?
Existem várias explicações ou teorias. Uma delas a qual
poderíamos denominá-la de natural
apóia-se na presença simultânea no ser humano da racionalidade - que quer o bem
– e a animalidade - que segue o caminho dos instintos. Como razão, o ser humano
conhece o bem e com a mesma razão pode desvirtuar os instintos dando origem ao
mal. Disto nasce o dilema de querer o bem e fazer o mal.
A segunda, a
sobrenatural, é aquela que dá uma explicação envolvendo uma divindade ou um
ser a cima do homem. Alguns teólogos cristãos, entre eles Santo Agostinho,
apresentam uma explicação sobrenatural do fenômeno da dicotomia entre querer o
bem, mas escolher o mal. Explicam eles.
Somos criaturas imperfeitas, pois Deus não podia criar
outro Deus. Por isso fomos criados limitados e conseguintemente nem sempre
sabemos o que é o bem, o certo, o verdadeiro, o justo. Ele nos criou à sua
imagem e semelhança, isto é, livres e racionais, mas limitados na razão e na
liberdade. Portanto, nem sempre entendemos corretamente e muito menos usamos a
liberdade para o bem.
Deus que nos criou, colocou em nós a vontade para o bem,
mas como não somos iguais a Ele, de podermos querer só o bem, em nós há também
uma força que nos imanta para o mal. Isto aconteceu com todas as criaturas
racionais que ele criou: os anjos e os homens. Só que os anjos tiveram só uma
oportunidade de querer o bem ou o mal. A escolha era para sempre. Os que quiseram
o mal se tornaram Demônios e eternamente só quererão o mal. Os que quiseram o
bem são Anjos e eternamente só quererão o bem. E isto irá acontecer ao homem
também. Após a morte cada ser humano ou optará pelo bem e sempre será bom ou
optará para o mal e então nunca mais vai querer o bem. Não é Deus que nos
condena para o bem ou para o mal, mas somos nós que faremos a escolha.
Na primeira escolha o homem falhou e sua consciência
ficou avariada, isto é, nem sempre consegue discernir claramente o bem ou o
mal. Então, para que o homem pudesse ver com mais nitidez, Deus ajudou: mandou
seu filho Jesus Cristo. Ele veio para ser o exemplo de escolha do bem. Diversas
vezes na vida dele apresentou-se a oportunidade de fazer o mal, mas ele deu as
costas e optou para o bem. Por isso se apresentou como modelo de liberdade,
isto é, não ser enganado pelo mal. Por que ser livre é estar livre do mal.
A questão fundamental está em podermos ser livres. Se
conseguirmos dominar a nós mesmos, podemos fazer o que quisermos. Quando há
algo que nos domina, não somos livres e por isso não podemos fazer o bem. O
Natal, a vinda do Messias, nos ensina como agir para sermos livres.
Se formos livres podemos:
- amar a nós mesmos, nos admirar, não nos considerarmos
um traste. Ter orgulho de nós. Sermos felizes.
- amar nossa esposa, esposo ou namorada, namorado. Sermos
realizados, felizes.
- amar nossos pais, filhos, irmãos. Sentir a emoção de
ser família.
- amar a comunidade, o grupo, a escola, o bairro, a
igreja, a vizinhança. Sentir segurança no seu seio.
- poder olhar-nos nos olhos e sorrir, abraçar, beijar.
Por isso, o Natal nos ajuda a tirarmos as algemas que amarram
e soltarmo-nos, ficarmos livres e só querermos o bem.
F E L I Z N A T A
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