D. Pedro II, numa estação de trem.
Um líder político é
diferente de um dirigente. O dirigente cumpre uma função. O líder é uma pessoa
que se identifica com seu povo e seu povo se identifica com ele. O Mestre
definiu bem o líder político: é quando “eu conheço minhas ovelhas e elas me
conhecem”. O líder é diferente do populista vaidoso e egoísta. Este só quer seu
próprio bem. O líder mesmo é simples, desprendido e espontâneo. Ao natural as
massas o buscam por que sentem atração por ele. Além disso, e aqui está o
diferencial essencial: embora seu governo não esteja bem, ainda assim as massas
acreditam nele e lhe são fiéis, desprendidamente. É o carisma como definiu um
sociólogo. Quando segmentos são fieis a alguém por alguma vantagem, não há um
verdadeiro líder, mas um aval daqueles interesses.
Um líder democrata é
diferente de líderes de outros em regimes. O líder democrata deve preencher
alguns requisitos para poder ser considerado assim. Deve emergir de sociedades
que tenham livre liberdade de expressão. Ele mesmo respeitar e ser respeitado
na manifestação de idéias, sentimentos e crenças. Pertencer a sociedades que tenham liberdade
de constituir-se e integrar-se em grupos organizados. O líder numa democracia
deve surgir através de eleições livres e limpas. Esta emergência como fruto da
competição entre outros líderes e partidos. Não pode surgir onde não houver
fontes alternativas de informação. E seu governo manter-se dentro dos limites
constitucionais em sociedades livres.
Por isso, o líder político
não se iguala a qualquer dirigente político. Os faraós do Egito, os déspotas da
Babilônia e do mundo antigo oriental, os imperadores romanos eram dirigentes
políticos. Este líder político é o produto de uma forma peculiar de governo: a
democracia. É muito reduzida e podemos dizer recente, embora deite suas raízes
na história. Podemos encontrar seu berço na democracia direta dos antigos
gregos atenienses. Nos tempos modernos ela se transmuda em representativa.
Nesta ainda não temos lideranças políticas, por que primeiramente ela aparece
como a representação de notáveis e posteriormente com a representação restrita
através do voto econômico – isto é – o censitário. Foi somente nos Novecentos
que surgiram partidos de massas com o voto universal, e é dessa democracia que
falamos com suas lideranças políticas.
O mundo atual está em crise
de lideranças políticas. Na Europa, o presidente da França, François Hollande,
está longe de ser um líder, o da Itália, Giorgio Napolitano, uma figura
apagada, O Vladimir Putin da Rússia um tirano, a rainha da Inglaterra e a primeira
ministra da Alemanha, Isabel II e Ângela Merkel respectivamente, poderiam se
aproximar do modelo de lideranças políticas. As demais lideranças seriam
dirigentes ou governantes vaidosos.
Na América, é um desastre.
Barac Obama, que apareceu como uma esperança, logo perde o brilho. Na
Argentina, Cristina Kirchne, está afundando no próprio atoleiro. O Uruguai, com
seu presidente chacareiro, José Mujica, não convence. No Brasil, basta cotejar
o mapa geográfico com o eleitoral.
Aliás, o Brasil na sua história,
teve poucas lideranças políticas. Vez que outra aponta alguma. Pode-se dizer
que D. Pedro II, se alçou à condição de verdadeiro líder com exemplo de
desprendimento e simplicidade, conseguindo construir uma nação. Grau médio de
liderança conseguiu Juscelino Kubitschek. Certamente se a morte não o tivesse
ceifado repentinamente Tancredo Neves estaria entre os grandes. De resto são ou
foram dirigentes ou populistas vaidosos, mas sem liderança.