sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A CRISE DE LIDERANÇAS POLÍTICAS NA ATUALIDADE. Selvino Antonio Malfatti.



D. Pedro II, numa estação de trem.

Um líder político é diferente de um dirigente. O dirigente cumpre uma função. O líder é uma pessoa que se identifica com seu povo e seu povo se identifica com ele. O Mestre definiu bem o líder político: é quando “eu conheço minhas ovelhas e elas me conhecem”. O líder é diferente do populista vaidoso e egoísta. Este só quer seu próprio bem. O líder mesmo é simples, desprendido e espontâneo. Ao natural as massas o buscam por que sentem atração por ele. Além disso, e aqui está o diferencial essencial: embora seu governo não esteja bem, ainda assim as massas acreditam nele e lhe são fiéis, desprendidamente. É o carisma como definiu um sociólogo. Quando segmentos são fieis a alguém por alguma vantagem, não há um verdadeiro líder, mas um aval daqueles interesses.
Um líder democrata é diferente de líderes de outros em regimes. O líder democrata deve preencher alguns requisitos para poder ser considerado assim. Deve emergir de sociedades que tenham livre liberdade de expressão. Ele mesmo respeitar e ser respeitado na manifestação de idéias, sentimentos e crenças.  Pertencer a sociedades que tenham liberdade de constituir-se e integrar-se em grupos organizados. O líder numa democracia deve surgir através de eleições livres e limpas. Esta emergência como fruto da competição entre outros líderes e partidos. Não pode surgir onde não houver fontes alternativas de informação. E seu governo manter-se dentro dos limites constitucionais em sociedades livres.
Por isso, o líder político não se iguala a qualquer dirigente político. Os faraós do Egito, os déspotas da Babilônia e do mundo antigo oriental, os imperadores romanos eram dirigentes políticos. Este líder político é o produto de uma forma peculiar de governo: a democracia. É muito reduzida e podemos dizer recente, embora deite suas raízes na história. Podemos encontrar seu berço na democracia direta dos antigos gregos atenienses. Nos tempos modernos ela se transmuda em representativa. Nesta ainda não temos lideranças políticas, por que primeiramente ela aparece como a representação de notáveis e posteriormente com a representação restrita através do voto econômico – isto é – o censitário. Foi somente nos Novecentos que surgiram partidos de massas com o voto universal, e é dessa democracia que falamos com suas lideranças políticas.
O mundo atual está em crise de lideranças políticas. Na Europa, o presidente da França, François Hollande, está longe de ser um líder, o da Itália, Giorgio Napolitano, uma figura apagada, O Vladimir Putin da Rússia um tirano, a rainha da Inglaterra e a primeira ministra da Alemanha, Isabel II e Ângela Merkel respectivamente, poderiam se aproximar do modelo de lideranças políticas. As demais lideranças seriam dirigentes ou governantes vaidosos.
Na América, é um desastre. Barac Obama, que apareceu como uma esperança, logo perde o brilho. Na Argentina, Cristina Kirchne, está afundando no próprio atoleiro. O Uruguai, com seu presidente chacareiro, José Mujica, não convence. No Brasil, basta cotejar o mapa geográfico com o eleitoral.
Aliás, o Brasil na sua história, teve poucas lideranças políticas. Vez que outra aponta alguma. Pode-se dizer que D. Pedro II, se alçou à condição de verdadeiro líder com exemplo de desprendimento e simplicidade, conseguindo construir uma nação. Grau médio de liderança conseguiu Juscelino Kubitschek. Certamente se a morte não o tivesse ceifado repentinamente Tancredo Neves estaria entre os grandes. De resto são ou foram dirigentes ou populistas vaidosos, mas sem liderança.






Postagens mais vistas