Escola tradicional e escola do futuro - COC
Há
falta de emprego no Brasil? Sim e não. Sim, por que as filas na
busca de emprego são intermináveis. Não, por que sobram vagas a serem
preenchidas.
Diz o Ministério da Economia:
“...nos cinco primeiros meses deste ano o número de vagas criadas superou a
marca de 1 milhão. Nesse período, foram gerados 1.233.372 vagas com carteira
assinada.
Então, qual é o problema? Se
há vagas de trabalho de sobra e há trabalhadores em busca de emprego, algo está
errado.
Detalhemos a questão:
1. Profissões em alta em 2021
Enfermagem,
medicina e outras especializações de saúde
Especialista
em Marketing Digital
Áreas
da tecnologia
Profissionais
de finanças
Profissionais
de customer success
Área
de vendas e comercial
Especialista
em e-commerce
Profissionais
autônomos de conteúdo
Especialistas
em saúde mental
2. Profissionais mais procurados:
1
– Engenheiro. A primeira profissão da lista é a de Engenheiro. ...
2
– Administrador de empresas. ...
3
– Médico. ...
4
– Profissional de Tecnologia da Informação. ...
5
– Atleta. ...
6
– Professor de escola. ...
7
– Mecânico de veículos. ...
9
– Advogado.
3. Profissões mais procuradas
Gestor(a)
de mídias sociais
Engenheiro(a)
de cibersegurança
Representante
de vendas
Especialista
em sucesso do cliente
Cientista
de dados
Engenheiro(a)
de dados
Especialista
em Inteligência Artificial
Programador(a)
de JavaScript
Investidor(a)
Day Trader
Motorista
Consultor(a)
de investimentos
Assistente
de mídias sociais
Desenvolvedor(a)
de plataforma Salesforce
Recrutador(a)
especialista em Tecnologia da Informação
Coach de metodologia Agile.
Se há ofertas de vagas e há
trabalhadores buscando emprego, a hipótese mais provável é que não há uma
correspondência entre o perfil de trabalhador exigido e o candidato à vaga. O
candidato, nem por culpa dele, nem da escola, não está preparado para a atividade
ofertada. Se há vaga para operador de máquina e o pretendente é formado em
filosofia com certeza não será aceito por que não está preparado para a função,
isto é, falta-lhe competência.
Ao que tudo indica existe um descompasso, uma defasagem entre as necessidades empresariais e a formação ofertada pela escola. A necessidade da sociedade não encontra correspondência com o perfil do profissional formado pela escola. (George Gilder, “Riqueza e pobreza,”).
No entanto, não é tão simples assim para solucionar.
Suponhamos uma Escola constatando as necessidades da sociedade - profissionais técnico-aqrícolas - se propõe
atendê-las. Para tanto precisa contratar profissionais qualificados para
ministrar conhecimentos e habilitar estudantes profissionalmente. Há necessidade de laboratórios, insumos,
desde matérias primas até materiais descartáveis, instalações, licenças
operacionais dos poderes públicos, investimentos e uma infinidade de itens
necessários para operacionalizar os laboratórios. Isto leva um bom tempo e
grandes investimentos. Após isso inicia a habilitação dos inscritos.
Provavelmente após 2 a 3 anos consegue formar os novos profissionais. Mas, quem
garante que naquele momento posterior às necessidades da sociedade serão as
mesmas de quando começou a preparação profissional? Não terão mudado, não serão
outras, não terão novas nuances de conhecimentos? Com certeza, com isso, deverá iniciar o
novo ciclo e quando findar este novamente deverá reiniciar. Estamos diante da lenda
de Sísifo? Isto é, do círculo vicioso entre oferta e formação de trabalhadores.
Diante de tal realidade alguns sugerem que
as habilidades sejam adquiridas concomitantemente na teoria e na prática.
Tradicionalmente se adquirem conhecimentos teóricos na escola e em seguida os
conhecimentos são levados à prática digamos, genericamente, na empresa.
Este era o mundo da economia tradicional. A
empresa (fábrica, como querem outros) recebia alunos formados, habilitados. As
funções técnicas eram mínimas e as operárias, maioria esmagadora. Agora
inverteu. Praticamente todos são técnicos e os operários desapareceram. A
escola, então, atualmente na prática não deve preparar uma minoria, mas todos para funções técnicas. Até mesmo funções
mais humildes como as de limpeza, agora exigem domínio de informática e por
isso também são técnicos.
Sugere-se uma mudança no modelo: estes dois
momentos sejam fundidos. Pratica-se adquirindo os conhecimentos. Podem-se citar
como exemplos as escolas de línguas. O candidato pratica o linguajar e através
dele passa a dominar a teoria desta prática. Pratica-se e aprende-se.
Há uma empresa no Rio Grande do Sul que age
dentro deste novo modelo. No último ano do ensino médio, a empresa entra em
contato com a escola solicitando uma visita de um técnico da empresa. No dia
acertado, o técnico vai à escola, conversa com os alunos, aplica os testes e oferece o estágio
remunerado. O estagiário cumpre o período recebendo o treinamento específico e após, se o perfil do profissional procurado pela empresa estiverr de acordo e o candidato
tiver interesse é contratado.
Há um consenso de que as habilidades são
incorporadas gradualmente, a partir do conhecimento. Atualmente na bagagem de
mão não podem faltar habilidades digitais.
A década de Noventa poderia ser considerado o marco
inicial da era digital e com ela o engatinhar da inteligência artificial. As próprias máquinas têm sua autoaprendizagem
e os jovens que chegaram nesta época assimilaram a novidade, mas sem seu
domínio. Até onde chega seu domínio teórico e prático da informática? Com
certeza não passa do bê-á-bá.
Aí está o gargalo do processo. O jovem
conhece o senso comum da informática, mas não a assimilou. Na inscrição para o emprego o candidato diz que
conhece informática, mas quando exige a aplicação não consegue operacionalizá-la.
Logo, falta-lhe treinamento. O novo trabalhador de empresa é um técnico e não
um operário.
As mesmas atividades antigas, atualmente são feitas pela informática. Os jovens ao serem inquiridos sobre atividades de mecânicos, soldadores, encanadores, carpinteiros, eletricistas dizem que conhecem após a contratação. Mecânica, carpintaria, eletrônica e outras atividades agora não são mais manuais ou mecânicas, mas digitais ou automáticas, operacionalizadas através de robôs.
Qual o rumo para a educação? Inverter ou
adaptar? Submeter-se totalmente às exigências econômicas da tecnologia da
informática? Desconhecer a nova realidade e continuar com uma educação
tradicional, mas defasada?
Balançar um meio termo entre o tecnológico
e o tradicional. Adotar um modelo híbrido: após concluir seus estudos secundários o candidato ingressa numa empresa como aprendiz,
estagiário, e após, se quiser, é
admitido plenamente na empresa ou prossegue nos estudos superiores.