Vantagens da globalização
econômica. Costuma-se citar algumas vantagens da globalização econômica:
- Os mercados abertos
possibilitam que mais pessoas tenham acesso a eles: movimentos rápidospara alcançar vantagens, comprar e vender serviços em todo mundo.
- O conhecimento e os
saberes são difusos
- interação social,
religiosa de usos e costumes. No passado as diferenças constituíam barreiras
para a integração. Atualmente com a interação desapareceram.
- Os mercados abertos e a
economia livre, libertaram pessoal e politicamente as pessoas.
- a globalização abriu o
mercado do trabalho. As fronteiras do trabalho praticamente desapareceram. Não
só fisicamente como virtualmente. Um francês em seu país pode trabalhar para um
inglês em seu país.
O contra ponto veio pela economista francesa. LISABELLE BENSIDOUN[i], economista do jornal Le Monde, levanta a hipótese de que uma variável unicamente econômica não consegue efetivar uma opção econômica mundial. Para justificar seu argumento se louva em três fatos recentes globais.
1. O primeiro seria a crise financeira de 2008. O acontecido:
uma bolha imobiliária nos Estados Unidos aumentou consideravelmente os valores
imobiliários sem ser acompanhado pela aumenta da renda da população.
2. A crise sanitária de 2020. A pandemia simplesmente
fragmentou a organização social. Houve um descompasso entre as trocas
econômicas e as relações políticas internacionais. Em que pesem as relações
econômicas estarem interconectadas digitalmente, surgiu a questão da informação
que se desprendeu do geral e permaneceu isolada em cada país.
3. O novo tabuleiro da geopolítica causado pela Guerra na
Ucrânia.
Bastou um ator do tabuleiro afastar-se do consenso global para que tudo viesse abaixo. Foi o caso da guerra da Ucrânia.
O presidente da Rússia,
Putin, invade o território da Ucrânia justificando a operação para salvar as
repúblicas separatistas.
Com efeito, a Globalização
prometia trazer prosperidade e democracia para todo ocidente, isso devido aos
laços estabelecidos entre os povos nas últimas décadas. Era de supor que o
menor clique nos comandos da economia em qualquer lugar do ocidente
repercutiria nos confins do ocidente agindo como se fosse um corpo só com uma
única alma. Pensou-se que ondas magnéticas se estenderiam da economia para a
política, cultura, artes, enfim tudo agiria de forma globalizada.
Ao invés, há quinze anos, a
crise que se abateu sobre a economia financeira ocidental findou com a
hiperglobalização a qual pairava soberana desde a década de Noventa. Pensava-se
que a liberalização sempre maior traria prosperidade para todos. A reboque na
liberalização econômica viria a política. No entanto, o efeito foi o inverso,
isto é, em vez da globalização adveio a desglobalização, isto é, uma brusca
freada na dinâmica dos fluxos internacionais de bens e capitais.
Disso várias lições foram
aprendidas. Aquelas certezas que nos animavam de que a globalização traria
benefícios ficaram ainda nas expectativas. Por outro lado, o lado amargo, de
reconhecer que a globalização é culpada de ter destruído empregos industriais,
mormente nos países avançados e barrada sua criação em países em
desenvolvimento. Uma consolação pode ser colhida, embora ainda fraca: a baixa
dos preços. No entanto, a perspectiva mais alvissareira, a cereja do bolo, não
se constatou: a liberação econômica seria acompanhada pela liberação política.
Quanto à crise sanitária
várias vulnerabilidades afloraram: a escassez das máscaras, reagentes e
medicamentos. Estes três componentes deixaram as populações a descoberto, pois
quando faltava um, o outro ficava inoperante.
Pensava-se que estariam garantidas as fluidezes das cadeias de
suprimentos. Após a saída do Lockdown , os confinamentos coagidos, abalou-se a
crise de falta de matérias primas: esgotaram-se aço, semicondutores, madeira,
papel e outros. Isto levou à dúvidas as famosas cadeias de interdependências
mormente de um continente ao outro. A falha de uma cadeia afeta a produção
global, sem falar na falta de transparência dos custos dessas cadeias.
A Europa e Estados Unidos aplicam as restrições nos créditos. A Rússia fecha as torneiras do gás. A Europa e Estados Unidos correm para as usinas neuclares, dando adeus à poluição. É a globalização invertida. Todos estão dependentes de algo dos demais. Virou uma guerra de todos contra todos: bellum omnium in omnes.
[i] Isabelle
Bensidoun est économiste, adjointe au directeur du Centre d’études prospectives
et d’informations internationales (Cepii).