Resumo: Paolo
Rossi foi um pensador sui generis. Ao mesmo tempo em que se preocupava com a
questão da ciência procurava extrair desta a meditação para conteúdos
culturais. Precisamente no momento em que a preocupação do pensamento teórico
era com questões humanistas ele resolve percorrer um caminho paralelo, o da
ciência.
Há um grupo de pensadores brasileiros que colocam como o centro das investigações teóricas o fenômeno social da cultura. A partir dela são pensadas outras realidades. Citarei apenas como exemplo Miguel Reale, Simon Schwartzman e Antonio Paim. Haveria, conforme eles, um húmus cultural que direciona o pensamento para determinados focos. Em decorrência disso, entendem que não há um pensamento universal, mas nacional, pois cada país tem sua própria preocupação cultural que se revela na literatura, história, filosofia e mesmo no direito.
Há um grupo de pensadores brasileiros que colocam como o centro das investigações teóricas o fenômeno social da cultura. A partir dela são pensadas outras realidades. Citarei apenas como exemplo Miguel Reale, Simon Schwartzman e Antonio Paim. Haveria, conforme eles, um húmus cultural que direciona o pensamento para determinados focos. Em decorrência disso, entendem que não há um pensamento universal, mas nacional, pois cada país tem sua própria preocupação cultural que se revela na literatura, história, filosofia e mesmo no direito.
Na esteira deste pensamento
desvendou-se que na Alemanha o pensamento se encaminha para a descoberta
subjacente do Sistema. Na França, o foco é outro, isto é, a Razão. Nos Estados
Unidos, devido à influência do empirismo inglês, a marca fundamental é a Experiência. Na Itália, é o Espírito. Em Portugal, Deus ou o Absoluto. No
Brasil, a Cultura.
Estes pensamentos vêem à mente
por ocasião da morte do pensador italiano Paolo Rossi. Foi um
pensador sui generis. Ao mesmo tempo em que se preocupava com a questão da
ciência procurava extrair desta a meditação para conteúdos culturais.
Precisamente no momento em que a preocupação do pensamento teórico era com questões
humanistas ele resolve percorrer um caminho paralelo, o da ciência. E pensava que a ciência fazia parte do
universo cultural, no caso a Itália. Mas com certeza para outras nações cujos
laços culturais estavam estreitamente próximos como é o caso do Brasil.
Ele é da década de Vinte do
século passado e nascido em Urbino, Itália. Faleceu na semana passada, dia 15,
com 89 anos. O surto da fama lhe veio com o livro “A Revolução Científica”. No
entanto, é com o livro: “ Os sinais do tempo: História da Terra e História das
Nações de Hooke a Vico”. Nesta obra refaz as fascinantes teorias da construção
do desenvolvimento das épocas que estuda, bem como o descrédito que receberam
das gerações sucessivas. Como exemplo, podemos citar a famosa “teoria mosaica”
que explica a evolução da
Terra a partir de Noé. Há outros estudos inolvidáveis como a Arte da Memória,
cujas técnicas procuram desenvolver artificialmente a memória através de
complexos sistemas alfabéticos e imagens. Parece que estes últimos estudos –
sobre a memória – sejam os mais significativos, pois ainda hoje são retomados e
aperfeiçoados e constam na bibliografia das principais universidades como de
Florença, Milão e outras universidades dentro e fora da Itália. Contudo, a
influência maior de Rossi está no livro "Os Filósofos e as Máquinas", no qual
quer evidenciar que as grandes invenções o progressos da humanidade não vieram
das meditações filosóficas, mas da experiência de artesãos, ateliês de
artistas, operadores de máquinas militares,
chamadas por ele de “artes mecânicas”.
Rossi foi sempre um defensor das
revoluções cientificas e se opunha a qualquer forma de hostilidade à ciência e
ao progresso. Nesse sentido o gancho com o Brasil é perfeito, pois, antes mesmo
da Independência, desde Marquês de Pombal, de Portugal, a ciência ocupa um
lugar de destaque na cultura brasileira, sem se falar na influência que o
positivismo teve em nossa terra.
O presente pensador, em que pese à antinomia de ser um
filósofo filosofando contra a filosofia, não lhe tira o mérito de grande pensador.
Como diria Aristóteles: se temos de filosofar, temos de filosofar. Se não temos
de filosofar, temos de filosofar para demonstrar que não temos de filosofar.
Gostei,interessante........
ResponderExcluirCarla Maneck: Grande perda.
ResponderExcluirBela homenagem,encantadora que permaneça na memória de seus leitores,como escreveu Rossi¨Sinais dos Tempos¨.
ResponderExcluirPerdemos.....pena somos finitos.
ResponderExcluirImportante para meditar os que vão...Quem substituirá?
ResponderExcluirBom muito interessante.
ResponderExcluirBoas obras permanecem.......
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