sexta-feira, 1 de abril de 2022

SALVATORE VECA – MIRAGEM SOCIALISTA X REALISMO LIBERAL . Selvino Antonio Malfatti.

 



Salvatore Vercca, nascido em 1943 em Roma, graduou-se em 1966 na Universidade de Milão. Em seguida professor de filosofia política na universidade de Pavia. Admirador e seguidor do pensador John Rawls dedicou-se ao aprofundamento da questão da justiça. Dizia:

“Estou convencido de que as questões da justiça, em particular da justiça social, são absolutamente relevantes e cruciais, mesmo nos tempos difíceis em que vivemos estou convencido de que se adotarmos e olharmos para a constelação da vida injusta nós vamos perceber que, uma das chaves, é a injustiça da Terra.”

(Sono convinto che le questioni della giustizia, in particolare di giustizia sociale, siano assolutamente rilevanti e cruciali, anche nei tempi difficili che viviamo – spiegava Veca – Sono convinto che se adottiamo e guardiamo alla costellazione della vita ingiusta ci rendiamo conto che, una delle chiavi, è l’ingiustizia della Terra).

Seu pensamento oscila entre socialismo e liberalismo, bem na esteira de Rawls. Este vai ao limiar no liberalismo, mas não consegue dar o passo para o socialismo. Da mesma forma Vecca dedica uma admiração inconteste ao socialismo, mas sempre permanece teoricamente um liberal. Na vida prática filia-se aos socialistas, mas vive como um liberal.

Estas palavras foram pronunciadas por ocasião da despedida da universidade de Pavia na qual trabalhou anos. Passou a trabalhar como docente na universidade de Milão, após breve passagem pela universidade de Bolonha. Em Milão dedicou-se ao estudo de Rawls aprofundandou a questão do contratualismo dos pensadores Locke, Hobbes e Rousseau. Para ele a política devia abandonar o estudo das questões teóricas para dedicar-se procedimentos institucionais mais justos e propor uma distribuição igualitária dos bens. Para se chegar à equidade era necessário que os menos afortunados tivessem vantagens econômicas, justificando os lucros econômicos, concordando com Rawls com a equidade como justiça.

Do vasto conhecimento de Veca escolhemos alguns excertos que possam ilustrar seu pensamento.

1.         Gentileza

Para Veca o ódio deveria ceder lugar à bondade. Isto se daria pela comunicação do conhecimento de uma forma educada. A ideia de bondade deveria ser buscada nos conhecimentos e valores velhos e novos. Tudo o que fosse bom deveria novamente ser resgatado e ao mesmo tempo ser incorporado aos valores novos. Proceder a uma triagem incorporando valores e práticas boas.

2.         Respeito

É preciso renovar o vocabulário e introduzir a confiança nas promessas que estão sendo oferecidas.

3.         A Lealdade

A lealdade tem dois pontos de apoio: um no passado que preserva seus valores e outro no futuro cuja conexão se fará por tentativas de acerto e erro. Com isso se conseguirá estender a compreensão àquilo que advirá.

4.         A alma

O corpo é a imagem da alma e cada um sente a seu modo. O espírito sopra onde quer. Não se sabe onde procurar a alma de Milan, mas saber que pode encontra-la. E isto é o espírito do nosso Milan.

5.         O corpo

Quando pensamos a alma, pensamos também o corpo e com isso se torna luminoso. Com isso encontramos o elo entre a ética e a estética. A Covid nos lembrou que devemos valorizar nossos seres, expostos ao destino e ao inesperado. Somos seres humanos em carne e osso. Não temos corpos, somos corpos. Não habitamos a terra, somos a terra.

6.         Humanidade

Qualquer reflexão sobre o local nos levará necessariamente ao global. Por isso, nossa adesão deve ser a humanidade, o planeta. Somos chamados a construir a constelação da solidariedade, desviando os que operam a laceração do entorno do espaço humano. Somos minados pelo racismo, sexismo, classismo, nacionalismo e fundamentalismo. Será que isto é o homem? Guerras, massacres, deportações, exploração, barbárie, tortura e escravidão? Devemos acreditar em outra sociedade na qual as pessoas embora diferentes, são iguais, todos terão a mesma idade embora mais velhos serão novos. Por isso ainda penso, “na cultura que acolhe e não aceita as desigualdades.” (alla cultura che accoglie e non accetta le ineguaglianze).

 

 

 


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