RESUMO: Enquanto o problema da saúde não bater à porta de sua casa, os
assentos nas arquibancadas dos estádios são mais importantes que as vagas dos
leitos hospitalares.
Penso que a Comissão da
Verdade, oriunda do governo atual, deveria em primeiro lugar investigar os
políticos envolvidos em corrupção. Este é câncer maligno que mata a sociedade
brasileira, corroendo-lhe as energias. Digo isto por que a verdade do passado,
a histórica, deve ser obra dos historiadores e o futuro somente a Deus
pertence.
Em segundo lugar mapear
o complexo da saúde no Brasil. O caos que impera extrapola todo bom senso e
chega às raias da irracionalidade.
Em contrapartida, todos os esforços parecem estar voltados para terminar estádios de futebol e garantir vagas nas arquibancadas. Não há mais licitações, nem obediência a prazos. As leis são deixadas de lado e paralelamente o que funciona são os conchavos políticos para ver quanto cada um vai ganhar. As empreiteiras combinam o que cabe a cada uma e os políticos recebem as suas cotas. Está tudo liberado. Apagou-se a luz que podia dar transparência aos atos governamentais e privados. O espaço para a participação dos indivíduos desapareceu. Os liames que possibilitavam a vigilância sobre o que é do interesse coletivo romperam-se. Ninguém mais controla nada. É como diz o ditado: bem como diabo gosta. Neste ambiente prospera a corrupção e o desvio de dinheiro corre solto.
Enquanto isto, nos corredores dos hospitais, apinha-se doentes, enfartados, acidentados e terminais. Uns gemem, outros choram e outros morrem. Morrem nos corredores dos hospitais aguardando uma vaga. Morrem esperando anos por exame, cirurgia ou por doador. Morrem tentando em vão a justiça. Esta não pode fazer nada, simplesmente por que não há o que se pleiteia. A justiça pode determinar alguma coisa, mas se não houver disponibilidade nada pode ser feito. Do nada, nada se tira
Em contrapartida, todos os esforços parecem estar voltados para terminar estádios de futebol e garantir vagas nas arquibancadas. Não há mais licitações, nem obediência a prazos. As leis são deixadas de lado e paralelamente o que funciona são os conchavos políticos para ver quanto cada um vai ganhar. As empreiteiras combinam o que cabe a cada uma e os políticos recebem as suas cotas. Está tudo liberado. Apagou-se a luz que podia dar transparência aos atos governamentais e privados. O espaço para a participação dos indivíduos desapareceu. Os liames que possibilitavam a vigilância sobre o que é do interesse coletivo romperam-se. Ninguém mais controla nada. É como diz o ditado: bem como diabo gosta. Neste ambiente prospera a corrupção e o desvio de dinheiro corre solto.
Enquanto isto, nos corredores dos hospitais, apinha-se doentes, enfartados, acidentados e terminais. Uns gemem, outros choram e outros morrem. Morrem nos corredores dos hospitais aguardando uma vaga. Morrem esperando anos por exame, cirurgia ou por doador. Morrem tentando em vão a justiça. Esta não pode fazer nada, simplesmente por que não há o que se pleiteia. A justiça pode determinar alguma coisa, mas se não houver disponibilidade nada pode ser feito. Do nada, nada se tira
Está aí a realidade
escancarada. Para construir hospitais, criar novas vagas, proporcionar alívio
ao sofrimento da população não há verbas. Para os estádios não falta dinheiro
do governo, subvenções de organismos internacionais e mesmo doações de
particulares. A própria mídia corrobora ao passar a idéia de que o mais importante
agora é concluir os estádios. E o povo acredita! Enquanto o problema da saúde
não bater à porta de sua casa, as vagas nas arquibancadas dos estádios são mais
importantes que as vagas dos leitos hospitalares.
Os países desenvolvidos
têm uma relação população/leito entre 7 e 5 por 1.000, no Brasil é de 2,4 por
1.000 habitantes. Isto sem levar em conta que nos primeiros a população tem uma
assistência médica permanente, caracterizando-se por uma medicina mais
preventiva que terapêutica – e por isso com menos internações. No Brasil ainda
a medicina é essencialmente terapêutica e por isso a necessidade de leitos é
premente.
Por isso, é preciso
urgentemente inverter as prioridades: primeiro leitos de hospitais, depois
assentos nas arquibancadas.