Uma data marcante no Brasil é a comemoração do dia 25 de julho: Dia do Colono. No intuito de assinalar a importância da data, trago algumas considerações evidenciando o sentido que lhe foi emprestado, principalmente no Rio Grande do Sul. “Colono” é aquele trabalhador rural, de pequena propriedade, originário da imigração, mormente a italiana e alemã.
Difere, portanto, do sentido histórico, significando uma expansão territorial de um determinado país ou núcleo político autônomo. Nesse sentido eram as colônias de Atenas, na Magna Grécia. Do mesmo modo eram as colônias dos portugueses, espanhóis e ingleses e de outros povos na América, África, Ásia e Austrália. Os habitantes das novas terras criavam uma extensão de suas metrópoles e eram considerados cidadãos de seus países, embora chamados de colonos. Na verdade eles não saíam de seus territórios. Assim, os portugueses que vinham residir no Brasil, eles e seus descendentes, no período de Colônia, eram cidadãos portugueses, como aconteceu, por exemplo, com José Bonifácio, nascido no Brasil, mas cidadão português e ministro da coroa portuguesa.
No entanto, no Brasil, a comemoração do Dia do Colono não tem esta conotação. Os imigrantes italianos e alemães deixaram suas pátrias, saíram de seus territórios e vieram para outro país independente. Não eram colonos da Itália ou Alemanha, mas trabalhadores em território brasileiro. A associação de colonos deveu-se ao fato de o luso-brasileiro não se dedicar à agricultura como atividade principal. Desde suas origens, os lusos possuíam extensas porções territoriais nas quais cultivavam cana-de-açúcar, criação de gado e mais tarde café. O trabalho mais pesado era feito por escravos.
Com a iminência da abolição da escravatura, e depois com abolição, a mão de obra escasseou e era preciso repô-la. Recorreu-se, então, a atração de imigrantes, que passaram a trabalhar nas fazendas de café em São Paulo e no Rio Grande do Sul dedicaram-se à agricultura. Os de São Paulo eram contratados em regime de colonato, pois moravam nas fazendas, trabalhavam nelas e recebiam parte da produção ou mesmo a permissão de ter sua própria lavoura. Não eram proprietários.
No Rio Grande do Sul, adquiriam terras do governo e dedicavam-se à cultura de produtos básicos como arroz, feijão, trigo e alguns cultivavam também parreirais. Como se vê, propriamente não são colonos, mas imigrantes. No entanto, popularmente são denominados de colonos e é neste sentido que se comemora a data.
Em pouco tempo, aquelas terras localizadas nas serras e várzeas, na
metade norte do estado do Rio Grande do Sul, desprezadas pelos lusos, tornaram-se celeiros de produção agrícola. E da produção agrícola, passaram para a agroindústria e desta para a indústria. A metade norte, que antes da imigração era a região mais pobre do Rio Grande, atualmente é a mais desenvolvida, evidenciando o acerto do projeto de imigração.
Da colonização italiana surgiram centros industriais e agroindustriais como de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi.
Da parte alemã destacam-se as áreas ocupadas e desenvolvidas pela agricultura ou pela indústria, o Vale do Rio dos Sinos, o Vale do Rio Taquari, Vale do Jacuí e boa parte do noroeste e centro do estado. Cidades como Santa Cruz, Lajeado, Estrela, Santa Rosa e dezenas de outras são exemplos de colonização alemã. Além das atividades dos colonos descendentes de italianos, os de origem alemã atuam também no turismo, como as cidades de Gramado e Canela.
Mais|: hoje destacam-se em praticamente todas as áreas do saber tanto nas ciências exatas como nas humanas.
Mais|: hoje destacam-se em praticamente todas as áreas do saber tanto nas ciências exatas como nas humanas.
Abaixo, na íntegra o Decreto da Instituição do Dia do Colono
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA; faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Fica instituído o “Dia do Colono”, que será comemorado no dia 25 de julho de cada ano.
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 5 de setembro de 1968; 147º da Independência e 80º da República.
A. COSTA E SILVA