Agora
que se inicia novo processo eleitoral e que nosso quase infinito número de
partidos se preparam para disputar o poder nos três níveis (municipal, estadual
e federal) parece momento de lembrar que somos um povo, com um grande
território, com grande população e inúmeras possibilidades de progresso se do
nosso futuro não destruírem a esperança. O lema de nossa bandeira, assim como a
ideia de nação geralmente ficam esquecidos de nossos líderes políticos até a
época das eleições. Agora é chegado o momento em que os vemos se dirigir ao
povo como se ele fosse tratado como nação e a falar que as legítimas disputas
de interesse de grupos não podem prevalecer sobre os interesses maiores da
sociedade e lembrar da vocação desse povo ao progresso.
É
essa mesma classe política que estabeleceu para si privilégios que não se
estendem nem aos demais funcionários do Estado e nem ao povo em geral que agora
proclama que todos são iguais e igualmente importantes. É essa mesma classe
política que legitimou o caixa dois como forma de atualizar a relação promiscua
entre as elites econômicas e políticas que agora fala de trabalhar pelos mais
pobres. É essa mesma classe política que inviabiliza qualquer governo que
queira buscar os interesses nacionais, colocando antes deles seus mesquinhos
interesses partidários ou individuais, que trouxe do céu para o inferno a
máxima franciscana do é dando que se recebe. É essa mesma classe política que
estabeleceu os mais tristes tempos de corrupção que agora se apresenta como
diante do povo como gestores eficientes e probos. Creio que a sociedade saberá
dizer a eles que basta, queremos outras pessoas como queremos outras práticas.
Não haverá progresso se tivermos que pagar por duas pontes e receber uma, se
tivermos que conviver com políticos roubando merenda e funcionários desviando
remédios. Não se forma nação sem sentido moral. Não se vota em candidatos
denunciados e envolvidos com práticas ilícitas.
O
desafio de escolher novos governantes é difícil porque não basta trocar ladrões
ou colocar no poder novos capachos do capital internacional e nacional, cujo
interesse é apenas de aperfeiçoar a ordem econômica exclusora, onde a distância
entre os mais ricos e os mais pobres não pare de aumentar. Sempre repito que se
pensar como povo, construir uma sociedade menos injusta, não tem nada radical,
venezuelano ou de cubano, pois assim entendem os tendenciosos da direita
contemporânea e os ignorantes que os bajulam. Embora considere que isso não
será alcançado com governos radicais de esquerda.
O
maior desafio da República quando precisa escolher novos líderes que a dirija é
o de encontrar homens que sejam capazes de pensar os grandes interesses
nacionais e liderar a sociedade na sua busca. É esse o grande desafio e para
onde deve se voltar nossa atenção nesse momento de escolhe-los. Escolher homens
que sejam capazes de mobilizar a sociedade e ajudá-la a se pensar como
comunidade, isto é, um grupo de pessoas que tem interesses comuns no fundo dos
legítimos interesses particulares, que tenha noção de moral social e de
compromisso coletivo.
Considero
que, para nossa realidade atual, isso signifique encontrar dirigentes que
estejam a meio caminho entre a esquerda e a direita radical, que tenham um
passado isento de processos e acusações, que demonstre conhecimento profundo da
realidade nacional e dos seus problemas, que tenha propostas efetivas e claras
sobre o que fazer para enfrentar nossas dificuldades (nada como sou pela
educação, pela saúde, vou trabalhar pelo povo, etc.). Cobre dos candidatos COMO
ele vai fazer isso, COMO operacionalizará seus ideais e COM que recursos.
Somente assim poderemos aproximar a esperança
da nacionalidade já que andamos
distante delas duas.