sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

POR QUE O CRISTIANISMO NÃO ATRAI MAIS OS JOVENS. Selvino Antonio Malfatti.

 


                 Papa João Paulo II e o cardeal Martini em1988 
                     https://www.corriere.it/cultura/

Aproxima-se a Festa de Natal, o advento do Cristianismo. Há uma ideia generalizada de que o Cristianismo não é mais aquele do tempo de seu fundador. Por motu proprio a Igreja católica promove uma crítica sobre si mesma através de dois grandes líderes, ambos cardeais: Cardeal Carlo M. Martini e o jesuita austríaco George Sporschill

A obra "Diálogos Noturnos em Jerusalém", (Cardeal Carlo M. Martini e o jesuita austríaco George Sporschill), discutem a questão conversando entre si em Jerusalém. A constatação é que a Igreja perdeu muitos jovens atualmente e a proposta é como reconquistá-los novamente.

Os autores tomam consciência do problema e fazem uma ilação hipotética perguntando: não seria uma tendência da fé e da Igreja no ocidente a caminho do desaparecimento? Quais as razões para tal estado?

1.         Indiferença. Esta surge por que a fé e com ela a Igreja, não influem mais em nada. Não curam doenças, não proporcionam ascensão econômica, não realizam bem estar socioeconômico. E não livram da morte. Se a Fé e Igreja desaparecessem nem seriam notadas. O que um jovem escolheria: um sacerdote, músico ou jogador.

2.         Aparato externo. A Igreja está se dando maior importância do que realmente tem.  Um professor colega de universidade, cônego da Igreja Anglicana, costumava dizer: a Igreja é como uma velha senhora que mora num castelo fora da cidade e pensa que ainda manda em todo mundo. Os jovens até mesmo ignoram esta senhora.

3.         “Sonhei com a Igreja...” diz Martini. Desilusão diante do que esperava e do que recebia. Queria autenticidade, humildade, fé e em vez, dissimulação, arrogância e ceticismo. Nada mais afasta os jovens que esta realidade anacrônica. Além disso, os jovens querem espaço para se manifestarem e não ouvirem como é atualmente.

4.         Clero. Primeiramente seu número diminui dia a dia. Boa parte, no seu agir, está mais à procura de bem estar material do que a vivência da fé.

5.         Pedofilia e sexo. Os jovens, sempre prontos para criticarem,  aceitam com tolerância seus próprios comportamentos relativos a sexo, mas não toleram desvios da Igreja. Este é um dos grandes problemas: "a Cruz da Igreja é o sexo". Não é de hoje, mas parece que nunca foi tão explícito.

6.         Imediatismo. Tanto a Igreja como os jovens já não suportam mais as contradições. Querem de imediato a verdade, enquanto a verdade está precisamente na contradição.

7.         Desatualização. A Igreja está atrasada em duzentos anos. Quem quer pertencer à alguma  sociedade retrógrada? Espanta a todos, principalmente os jovens que preferem o amanhã e vez do hoje e nunca o ontem.

8.         Família. Na atualidade o sentido de família não se parece nem um pouco do que era no passado.

a)        A característica principal era a unidade física que se estendia a outras dimensões. O compartilhamento do mesmo teto correspondia aos mesmos sentimentos, cultura, religião, economia. Havia divergências, mas eram exceções. A unidade física se estendia sobre os demais aspectos. A fé na maioria das vezes era o cimento da união.

b)        Dispersividade. Atualmente a família não passa de um condomínio de pessoas que diferem radicalmente umas das outras. O casal entre si, filhos entre si, casal entre filhos. Não é mais fé. Com poucas exceções, para os jovens a fé é a última na escala de valores

9.         Política. Há um tendência sempre mais crescente de a Igreja ter opções ideológicas, principamente fora do Primeiro Mundo. Nada mais contraproducente para a fé dos jovens. 

10.       Fé e preferâncias. Atualmente os jovens se servem do que lhes agrada na Igreja. Um verdadeiro self-service ou buffet. 

11.         Liberdade. A ideia de liberdade entre os jovens é entendida como ausência de limites religiosos, morais e legais, Seria o sentido etimológico de anarquia.

Estas seriam as causas do abandono da Fé e da Igreja por parte dos jovens. Como reverter este quadro? Os autores teriam uma resposta?

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