Aproxima-se a Festa de Natal, o advento do Cristianismo. Há uma ideia generalizada de que o Cristianismo não é mais aquele do tempo de seu fundador. Por motu proprio a Igreja católica promove uma crítica sobre si mesma através de dois grandes líderes, ambos cardeais: Cardeal Carlo M. Martini e o jesuita austríaco George Sporschill
A obra "Diálogos Noturnos em Jerusalém", (Cardeal Carlo M.
Martini e o jesuita austríaco George Sporschill), discutem a questão
conversando entre si em Jerusalém. A constatação é que a Igreja perdeu muitos
jovens atualmente e a proposta é como reconquistá-los novamente.
Os autores tomam consciência do problema e fazem uma
ilação hipotética perguntando: não seria uma tendência da fé e da Igreja no
ocidente a caminho do desaparecimento? Quais as razões para tal estado?
1. Indiferença.
Esta surge por que a fé e com ela a Igreja, não influem mais em nada. Não curam
doenças, não proporcionam ascensão econômica, não realizam bem estar
socioeconômico. E não livram da morte. Se a Fé e Igreja desaparecessem nem
seriam notadas. O que um jovem escolheria: um sacerdote, músico ou jogador.
2. Aparato
externo. A Igreja está se dando maior importância do que realmente tem. Um professor colega de universidade, cônego
da Igreja Anglicana, costumava dizer: a Igreja é como uma velha senhora que
mora num castelo fora da cidade e pensa que ainda manda em todo mundo. Os
jovens até mesmo ignoram esta senhora.
3. “Sonhei
com a Igreja...” diz Martini. Desilusão diante do que esperava e do que
recebia. Queria autenticidade, humildade, fé e em vez, dissimulação, arrogância
e ceticismo. Nada mais afasta os jovens que esta realidade anacrônica. Além disso, os jovens querem espaço para se manifestarem e não ouvirem como é atualmente.
4. Clero.
Primeiramente seu número diminui dia a dia. Boa parte, no seu agir, está mais à procura de
bem estar material do que a vivência da fé.
5. Pedofilia e sexo. Os jovens, sempre prontos para criticarem, aceitam com tolerância seus próprios comportamentos relativos a sexo, mas não toleram desvios da Igreja. Este é um dos grandes problemas: "a Cruz da Igreja é o sexo". Não é de hoje, mas parece que nunca foi tão explícito.
6. Imediatismo.
Tanto a Igreja como os jovens já não suportam mais as contradições. Querem de
imediato a verdade, enquanto a verdade está precisamente na contradição.
7. Desatualização.
A Igreja está atrasada em duzentos anos. Quem quer pertencer à alguma sociedade retrógrada? Espanta a todos,
principalmente os jovens que preferem o amanhã e vez do hoje e nunca o ontem.
8. Família.
Na atualidade o sentido de família não se parece nem um pouco do que era no
passado.
a) A
característica principal era a unidade física que se estendia a outras
dimensões. O compartilhamento do mesmo teto correspondia aos mesmos
sentimentos, cultura, religião, economia. Havia divergências, mas eram
exceções. A unidade física se estendia sobre os demais aspectos. A fé na
maioria das vezes era o cimento da união.
b) Dispersividade.
Atualmente a família não passa de um condomínio de pessoas que diferem
radicalmente umas das outras. O casal entre si, filhos entre si, casal entre
filhos. Não é mais fé. Com poucas exceções, para os jovens a fé é a última
na escala de valores
9. Política. Há um tendência sempre mais crescente de a Igreja ter opções ideológicas, principamente fora do Primeiro Mundo. Nada mais contraproducente para a fé dos jovens.
10. Fé e preferâncias. Atualmente os jovens se servem do que lhes agrada na Igreja. Um
verdadeiro self-service ou buffet.
11.
Liberdade. A ideia de liberdade entre os jovens é entendida como ausência de
limites religiosos, morais e legais, Seria o sentido etimológico de anarquia.
Estas seriam as causas do abandono da Fé e da Igreja por parte dos jovens. Como reverter este quadro? Os autores teriam uma resposta?