Memoria- Nascimernto do Brasil
A
Constituição Federal no seu artigo 30 diz que: “compete aos municípios promover a proteção do patrimônio
histórico-cultural local, observada a legislação e ação fiscalizadora federal e
estadual.” Compete também porque a União e os estados da federação igualmente
precisam proteger os bens reconhecidos como de valor histórico-cultural. Por
isso, a Constituição do Estado de Minas Gerais no seu artigo 166 determina que
fará e que também cabe aos municípios: “estimular
e difundir o ensino e a cultura e a proteger o patrimônio cultural e histórico
e o meio ambiente e combater a poluição.”
Todo
esse cuidado dos constituintes com a memória tem explicação. Ela é um marco
fundamental da cultura, essencial na identidade de uma pessoa e de uma
sociedade. Sem memória uma pessoa não tem identidade e um povo não se reconhece.
Por isso, os povos cuidam de preservar suas memórias e isso é fundamental,
mesmo que alguns não enxerguem isso.
Numa
cultura, a memória é armazenada de múltiplas formas. Filósofos, historiadores e
outros estudiosos consideram a recepção dos conhecimentos dos antepassados,
como escreveu o filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser nas Ficções filosóficas (p. 130): o “lugar
que liberta dos erros provocados pelas meras aparências.” A preservação da
informação é fundamental para todos os povos, e desde que a escrita se
desenvolveu tornou-se um meio nuclear de registro dos fatos. Mas esse registro
é insuficiente. Os judeus cuidam com carinho da memória oral porque ela é lugar
da imortalidade, quem permanece vivo nas histórias narradas torna-se imortal.
Os psicólogos, por sua vez, referem-se à memória como base das intervenções
libertadoras é necessário lembrar do que nos faz mal para nos livrar dos seus
efeitos. Sem a memória, acrescentam, não sabemos quem somos. Na cibernética memória
é o lugar de armazenar informações.
Os
diferentes campos da cultura mostram que a rememoração dos fatos é fundamental
para o homem, para mostrar quem ele é e para abrir os caminhos do futuro. Por
isso, tornou-se essencial guardar e reproduzir informações. Sem o adequado
armazenamento o registro se perde e isso é indesejável para todas as culturas. E,
a experiência vai mostrando que o registro da memória se faz em códigos de
escrita e em códigos cibernéticos, mas também por outras formas. Flusser na
obra Bodenlos: uma autobiografia
filosófica observou que quando se emigra até os alimentos que se tinha na
terra natal ganham destaque na recordação e o vocábulo que melhor qualifica a
lembrança daqueles cheiros e gostos é (p. 298): “a palavra portuguesa saudade.”
Os
primeiros grupos humanos guardavam suas informações em objetos, mas era pouco. Então
construíram os monumentos, mas eles também não armazenavam o suficiente. Foi o
que levou os povos a preservarem suas cidades emblemáticas e nas demais cidades
o núcleo primitivo que deu início e identidade à povoação.
E
estamos assim, apesar das dificuldades que isso implica, obrigados pelo
significado a preservar aquilo que nos identifica como nação em nossas cidades,
regiões ou estado nacional. Enfim, a preservar os bens materiais e imateriais
que nos fornecem identidade e nos dizem quem somos para projetarmos o que
seremos. Deles, o mais visível são os monumentos e conjunto arquitetônico que
identificam uma povoação.