Os franceses denominam palavras que parecem iguais de uma
língua para outra, embora não sejam, de falsos amigos, faux amis. Por exemplo,
em português temos a palavra “desculpe” e em inglês a palavra “pardon”. Quando
quero dizer em inglês “desculpe”, não posso dizer pardon, mas “excuse me”. São
falsos amigos. Da mesma forma, tanto em moral e mais ainda na política, existem
falsos amigos. São falsos objetivamente, embora subjetivamente muitas vezes de boa fé e podem prejudicar
sobremaneira a causa que querem defender. É o que acontece atualmente com um
dos princípios fundamentais da civilização e da política: é a igualdade de
direitos e dignidade de todos: os homens brancos, negros, católicos ou
muçulmanos, budistas ou não crentes, empresários e sem teto, estudantes
classificados ou não, campeões esportivos e doentes terminais. Todos são
iguais.
viralizou, e ainda continua, a foto de um ônibus lotado
com senhora grávida de pé, mal se segurando e, ao seu redor, jovens comodamente
sentados. Certamente
tem razão quem diga que a igualde de direitos garante o assento a quem chega
primeiro, mas a boa civilidade, aponta para outro rumo: o respeito.
Por qualquer motivo leiteam-se privilégios, contrariando
a igualdade. O privilégio, só é aceitável numa democracia quando, e somente
quando, por algum motivo excepcional alguém é limitado nas suas ações. Alguém
possuir alguma deficiência física, mental ou psicológica e for destituído de
capacidade. Pergunta-se, as cotas em universidades para negros, pardos, índios
e outros, além de discriminar os do ensino privado, não estão ferindo a lei da
igualdade? Qual o fundamento deste privilégio? Qualquer razão apontada, outros estratos sociais poderiam reivindicá-lo.
Atualmente os pais não podem mais exercer autoridade para
seus filhos. Nem iguais mais são considerados. Os professores não tem mais
hierarquia, nem com os alunos e muito menos entre eles. São todos iguais, mas
aos primeiros o dever e aos segundos os direitos.
Os limites foram derrubados e a liberdade para tudo vale
para os mais fortes. Pessoas que necessitam de descanso tem que suportar a
zoeira promovida pelos jovens e adolescentes. No trânsito é a lei do mais
potente, tanto carro como pessoa. Para eles tudo é liberado em nome da
igualdade. Os filhos tem direitos, os empregados tem direitos, os alunos tem
direitos. Ninguém mais tem regras, cobranças. Até réus se acham no direito de
comandar o processo. Acham-se com direitos iguais aos juízes.
Símbolos não têm mais signos, disciplina e hierarquia é
coisa de fascista. Baile funk, drogas, sexo na rua é cultura. Se a polícia for
chamada para garantir os direitos dos prejudicados – crianças, idosos,
deficientes e mesmo trabalhadores – é recebida com violência e considerado
repressão.
Jogos eletrônicos onde vence quem fizer mais pontos
atropelando velhinhas, matando policiais ou roubando familiares para comprar
droga.
Infelizmente, esta é uma das causas da situação caótica
da convivência dos cidadãos brasileiros, esquecendo-se de que a TODO DIREITO
CORRESPONDE UM DEVER. E nisso está o fundamento da igualdade: direito e dever.
Todos são iguais em direitos e deveres: pais, filhos, alunos, professores,
autoridades. Este é o caminho para sair
da barbárie a que está mergulhada a sociedade. Em algum momento este binômio
foi destruído. É preciso recolocá-lo novamente. E o pilar da sustentação é a
autoridade. É por ela que devemos começar.