sexta-feira, 15 de março de 2019

OS FALSOS AMIGOS DA DEMOCRACIA - DIREITOS SEM DEVERES. Selvino Antonio Malfatti.





Os franceses denominam palavras que parecem iguais de uma língua para outra, embora não sejam, de falsos amigos, faux amis. Por exemplo, em português temos a palavra “desculpe” e em inglês a palavra “pardon”. Quando quero dizer em inglês “desculpe”, não posso dizer pardon, mas “excuse me”. São falsos amigos. Da mesma forma, tanto em moral e mais ainda na política, existem falsos amigos. São falsos objetivamente, embora subjetivamente  muitas vezes de boa fé e podem prejudicar sobremaneira a causa que querem defender. É o que acontece atualmente com um dos princípios fundamentais da civilização e da política: é a igualdade de direitos e dignidade de todos: os homens brancos, negros, católicos ou muçulmanos, budistas ou não crentes, empresários e sem teto, estudantes classificados ou não, campeões esportivos e doentes terminais. Todos são iguais.

viralizou, e ainda continua, a foto de um ônibus lotado com senhora grávida de pé, mal se segurando e, ao seu redor, jovens comodamente sentados. Certamente tem razão quem diga que a igualde de direitos garante o assento a quem chega primeiro, mas a boa civilidade, aponta para outro rumo: o respeito.

Por qualquer motivo leiteam-se privilégios, contrariando a igualdade. O privilégio, só é aceitável numa democracia quando, e somente quando, por algum motivo excepcional alguém é limitado nas suas ações. Alguém possuir alguma deficiência física, mental ou psicológica e for destituído de capacidade. Pergunta-se, as cotas em universidades para negros, pardos, índios e outros, além de discriminar os do ensino privado, não estão ferindo a lei da igualdade? Qual o fundamento deste privilégio? Qualquer razão apontada, outros estratos sociais poderiam reivindicá-lo.

Atualmente os pais não podem mais exercer autoridade para seus filhos. Nem iguais mais são considerados. Os professores não tem mais hierarquia, nem com os alunos e muito menos entre eles. São todos iguais, mas aos primeiros o dever e aos segundos os direitos.

Os limites foram derrubados e a liberdade para tudo vale para os mais fortes. Pessoas que necessitam de descanso tem que suportar a zoeira promovida pelos jovens e adolescentes. No trânsito é a lei do mais potente, tanto carro como pessoa. Para eles tudo é liberado em nome da igualdade. Os filhos tem direitos, os empregados tem direitos, os alunos tem direitos. Ninguém mais tem regras, cobranças. Até réus se acham no direito de comandar o processo. Acham-se com direitos iguais aos juízes.
Símbolos não têm mais signos, disciplina e hierarquia é coisa de fascista. Baile funk, drogas, sexo na rua é cultura. Se a polícia for chamada para garantir os direitos dos prejudicados – crianças, idosos, deficientes e mesmo trabalhadores – é recebida com violência e considerado repressão.

Jogos eletrônicos onde vence quem fizer mais pontos atropelando velhinhas, matando policiais ou roubando familiares para comprar droga.

Infelizmente, esta é uma das causas da situação caótica da convivência dos cidadãos brasileiros, esquecendo-se de que a TODO DIREITO CORRESPONDE UM DEVER. E nisso está o fundamento da igualdade: direito e dever. Todos são iguais em direitos e deveres: pais, filhos, alunos, professores, autoridades.  Este é o caminho para sair da barbárie a que está mergulhada a sociedade. Em algum momento este binômio foi destruído. É preciso recolocá-lo novamente. E o pilar da sustentação é a autoridade. É por ela que devemos começar.

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