sexta-feira, 5 de julho de 2024

MAIS QUE UMA ELEIÇÃO FRANCESA. Selvino Antonio Malfatti.

 

                                Emmanel Macron e Marine le Pen


Sou Marine Le Pen, do Rassemblement National (Reagrupamento Nacional) e eu Daniel Macron do Renascimento . Pelo barulho na imprensa as eleições em França causaram uma comoção nacional. São lamentações, imprecatórios, acusações, desacatos, enfim todo tipo de desconfortos. O que mesmo aconteceu? A vitória da direita. Sim, da direita. Não era tanto Marine Le Pen, mas a direita ou os vitoriosos. Povo acostumado com a esquerda: greves, aumentos de salários, férias e dias feriados. O povo humilde do campo e da cidade no rigor do trabalho. Estudantes em festas, empresários sobrevivendo, comércio com estoques vencidos, camareiras batendo camas, turismo cheios de promoções. De repente, vence a direita. A expulsão do paraíso e a obrigação do trabalho. Um quadro desenhado para todos entenderem.

Venci estrondosamente a esquerda: 33% por 28%, sem dó. Os jornais buscam os ideais dos republicanos como tábua de salvação. Todos os perdedores terão o dever moral de se unir para o segundo turno. O resultado está claro. Não deixa dúvidas:

Reagrupamento Nacional: 33%

Nova Frente Popular: 28%

Republicanos: 20%

Vejo que a estratégia da esquerda é fazer ver ou sugerir que as eleições francesas não são unicamente eleições francesas, mas está em jogo a União Europeia, o continente, o ocidente. A França foi uma das fundadoras da EU, juntamente coma Alemanha e Itália. É o motor da Europa.

Embora não defenda explicitamente a Frexit, porém, cuidado. Dizem que seu partido, Reassemblement National, tem uma postura clara eurocética, próximo da Rússia de Putin, e atitude dúbia em relação à Ucrânia. O partido promove uma desunião europeia como consequência uma Europa marginalizada. Este é o panorama do cenário do nacionalismo populista ocidental, liderado por Donald Trump. Pede para lembrar a Conferência Nacional do Conservadorismo, que se realizou nos dias 16 e 17 de Abril em Bruxelas, que dizia: “Como ocidentais, não temos apenas o direito, mas também o dever moral de preferir a nossa civilização a todas as outras.» É evidência de xenofobia. David Engels, o líder neoconservador europeu. Defender o Estado Nacional é a proposta da direita. Defender a França da ameaça que a imigração e o multiculturalismo lhe representam.

Antes, a direita de Marine Le Pen era execrada. A partir de 2011 começou o processo de desdiabolização. Expulsou por telefone o pai Jean-Marie Le Pen do partido, um claro parricídio político, mudou o nome do partido, Frente Nacional, para Reassemblement National, para dar a impressão que se tornara um cordeiro inofensivo, privado das garras. A partir daí, Marine com 47 anos, passou a se distanciar do pai, mas manteve as estruturas antigas do partido com postura nacionalista e contra os imigrantes. Agora se apresenta maquiada.

Neste final de semana haverá o segundo turno nas eleições francesas. Se houver vitória de Marine e derrota de Macron, como ficará o poder na França? Dois leques se abrirão: 1º Le Pen faria uma maioria razoável para formar um governo. Teríamos um governo de um primeiro ministro de um partido e o Presidente de outro: uma coabitação. 2º Um Parlamento sem maioria. Consequência, uma acefalia governamental. Provavelmente, após negociações outra coabitação.

Conclui a oposição que as duas situações são péssimas. Tudo vai depender da escolha do eleitorado.

Conclusão

Por isso, para a oposição justifica-se a união das esquerdas para derrotar a direita para o bem da França, da Europa e do ocidente.

Em tempo:

O labour party (Partido Trabalhista), neste final de semana, de esquerda na Inglaterra, alcançou a maioria e, portanto voltará ao poder. É a gangorra da democracia. Super saudável. Só alguns não entendem.

 

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