Politicamente a Espanha é uma monarquia, com governo parlamentar, e está dividida em 17 comunidades autônomas. A maior delas populacionalmente é Andaluzia e segunda em território. Possui quase oito milhões de habitantes. Elege 350 deputados. Para comparar, a segunda, Castela e Leão, possui dois milhões e meio de habitantes e 109 deputados.
No dia 2 de dezembro ocorreram as eleições na região autônoma de Andaluzia. O que parecia uma eleição rotineira para a Espanha, com uma vitória corriqueira da esquerda, de repente a surpresa: a direita vence de modo avassalador.
A maioria dos jornais a caracteriza como vitória da
extrema direita. O tempo dirá. O certo é que não foi vitória da esquerda, mas
de uma direita que se aproxima de Trump dos EUA, Marine Le Pen, da França,
Matto Salvini, da Itália e, por que não dizer, de Jair Bolzonaro, do Brasil?
Apresentou-se ao eleitorado com as principais bandeiras:
governo único em toda Espanha com o fim das comunidades autônomas, Congresso
único, extinção do Senado, retomada de Gibraltar, construir um muro entre as
cidades de Ceuta, Melilla e Marrocos para deter os imigrantes que chegam. Como
inimigos foram apontados os movimentos de independência, como os de Catalunha,
a imigração, a lei da memória histórica, a lei contra a violência de gênero. O
partido condutor foi o recém instituído Vox, sob a liderança de Santiago
Abascal. Conseguiu quebrar uma tradição de quase quarenta anos, elegeu doze
deputados, com 11% dos votos contra os apenas 0,5% de três anos atrás. Santiago Abascal vai mais longe: pensa que esta eleição em Andaluzia foi uma amostra do que vai acontecer em outras regiões de toda Espanha.
A partir de agora, ao que tudo indica, a Espanha se tornou um
país “normal” na Europa e a exceção findou. Espanha tem partido de direita, com forte suspeita de radical.
Trazemos algumas manifestações do líder Santiago Abascal.
No Congresso dos Deputados descreve a atuação atual dos
partidos:
“Queremos que los partidos dejen de jugar con el futuro
de España en pactos infames con quienes quieren romperla, ya sea para aprobar
unos presupuestos como hizo Rajoy con el PNV, o como hace ahora Pedro Sánchez
para okupar la Moncloa. Queremos que entiendan algo que deberían saber, porque
lo han jurado o prometido… que lo primero es España, no sus partidos ni sus
intereses”, sentenció.
Também no Congresso dos deputados procura colocar Espanha acima de seu próprio partido Vox:
“Hoy no estáis aquí por VOX, estáis aquí por España.
Nosotros no hemos convocado esta movilización para pedir vuestro apoyo, sino
para dar voz al pueblo español. Queremos que los españoles puedan votar”,
aseveró.
Abascal apresenta as principais reivindicações do
partido:
“...devolución de las competencias de Educación, Sanidad
y Seguridad al Estado, la defensa de las fronteras, contra la inmgración ilegal
y el islamismo radical y la ilegalización de partidos separatistas. ” . Hay que
regular la inmigración. No es lo mismo la inmigración procedente de los países
hermanos latinos que la inmigración islamista”
Entrevista em Álava, local de origem de Vox, com ALBERTO DI LOLLI, no jornal El...MUNDO :
-¿Le gusta que le llamen facha?-Ni lo soy ni me gusta. Me
resbala. Hasta a Felipe González le llaman facha. Lo utilizan para
deslegitimarnos, para que nos callemos. -¿Fascista?-No me identifico con el
fascismo, claro que no. -Franquista...-No estoy ni en la crítica destructiva ni
en la apología de Franco. Lo de Franco fue un régimen autoritario, pero no fue
Hitler ni Stalin.También negará ser machista, homófobo, nacionalista español.
«Los que más me insultan son los ultras de la extrema derecha, los fachas de
verdad», dice, convencido de que sus palancas de crecimiento, con las redes
sociales como aliadas («los medios ya no decidís»), son el secesionismo catalán
y el rechazo al Estado de las autonomías («porque quita igualdad y libertad a
los españoles y es un despilfarro»). Algo en lo que, subraya, ya está
arrastrando al líder del PP: «Con la boca muy pequeña, Casado habla de la
recuperación de la Educación. Yo noto esa influencia y la veo con alegría».
Não diríamos como Dilma: a esquerda perde por que a direita ganha, apenas constatamos um avanço da direita não só na Espanha, nem só na Europa, mas no Ocidente de um modo geral.