Neste
ano, 2016, ocorreu o centenário de nascimento de Aldo Moro, nascido em 23
de setembro de 1916 em Maglie e foi assassinado em 9 de maio de 1978 em Roma.
Tinha formação jurídica, foi professor universitário e atuou na política. Seu último mandato ocorreu em 1978, antes de ser assassinado pelas Brigadas Vermelhas. Estas, de cunho marxista-leninista, tinham uma matriz essencialmente comunista.
Moro, como
político deu continuidade à obra de Alcide de Gasperi no seio do partido político da
Democracia Cristã. Ocupou por cinco vezes o cargo de Primeiro Ministro e
encontrou a fórmula para transpor uma Itália do Pós-guerra para a Modernidade, entendendo-se com o transpor de
uma sociedade sustentada pelos princípios religiosos para uma sociedade
laica.
Na organização política italiana encontrou a fórmula para o funcionamento do governo.
O partido da Democracia Cristã conseguia mais ou menos 37% dos votos. O partido Comunista Italiano ficava em segundo lugar com aproximadamente 33% dos eleitores e o Partido Socialista Italiano em torno de 13% do eleitorado. Para conseguir maioria a Democracia Cristã unia-se ao Partido Socialista e com isso afastava do governo os comunistas.
Em 1976 ocorreram eleições e a ordem manteve-se. Mas a Itália estava num período de transição entre o religioso e o laico. O primeiro passo havia já sido dado, a aprovação do divórcio. A Igreja, por sua vez, estava abandonando o apoio à Democracia Cristã. O terror crescia dia a dia, com atentados provocados pelas Brigadas Vermelhas de vários matizes políticos, mas predominantemente comunistas. Foi nesse contexto que Aldo Moro é eleito Primeiro Ministro.
O partido da Democracia Cristã conseguia mais ou menos 37% dos votos. O partido Comunista Italiano ficava em segundo lugar com aproximadamente 33% dos eleitores e o Partido Socialista Italiano em torno de 13% do eleitorado. Para conseguir maioria a Democracia Cristã unia-se ao Partido Socialista e com isso afastava do governo os comunistas.
Em 1976 ocorreram eleições e a ordem manteve-se. Mas a Itália estava num período de transição entre o religioso e o laico. O primeiro passo havia já sido dado, a aprovação do divórcio. A Igreja, por sua vez, estava abandonando o apoio à Democracia Cristã. O terror crescia dia a dia, com atentados provocados pelas Brigadas Vermelhas de vários matizes políticos, mas predominantemente comunistas. Foi nesse contexto que Aldo Moro é eleito Primeiro Ministro.
Para as eleições políticas de deputados e
senadores, na Itália, de 20 de junho de 1976,
o resultado foi o seguinte-
-
Democracia Cristã: Deputados 38,7% e Senadores 38,9%.
-
Partido Comunista Italiano: Deputados 34,4% e Senadores 33,8%.
-
Partido Socialista Italiano: Deputados 9,6% e Senadores 10,2%.
-
Movimento Social Italiano: Deputados 6,1 % e Senadores 6,6%.
Com
este resultado, o sistema político italiano está atingindo seu ponto máximo de
bipolarização, e com isso a Democracia Cristã, para formar o governo, não
consegue aliados para formar maioria. O Partido Socialista, além de se tornar
um grande perdedor, vive um momento de crise interna. Com os demais pequenos
partidos, tradicionais aliados, sozinhos não conseguem dar-lhe maioria. A única
saída seria aliar-se ao seu adversário, a própria razão de seu existir, o
Partido Comunista. A única saída seria chamar todos os partidos ao governo,
formando um frente, batizada com a denominação de Solidariedade Nacional. Mas
para tanto era necessário encontrar um objetivo comum a todos os partidos ou ao
menos para quase todos. Ora, a segunda razão de ser da Democracia Cristã era o
combate ao Fascismo, razão esta comum aos demais partidos, com exceção dos
fascistas. Logo, sobre a ideia de uma coalizão antifascista tornou viável um
governo após o resultado eleitoral. Mas não seja de imediato. Os dois maiores
polos, Democracia Cristã e Partido Comunista, necessitavam digerir a estratégia
eleitoral de seu adversário. A Democracia Cristã fora acusada de corrupção
pelos comunistas, e estes apontados como perigo número Um pelos democratas
cristãos. Disso nasce um governo monocolor liderado por Giulio Andreotti,
denominado de “governo della nonsfiducia” ( não desconfiança). Isto somente era
possível porque os comunistas se abstinham de votar. Pela primeira vez, depois
da Segunda Guerra, os comunistas estão na área do governo, não diretamente, mas
no plano da atuação parlamentar. Era o fim da “conventio ad excludendum”. E com
ela nascia a “terceira fase” aquela da alternância sem excluídos.
O
apelo imediato deste governo era enfrentar o gravíssimo problema do terrorismo
que assolava o país. Em toda parte, mas principalmente no sul, atentados,
sequestros e assassinatos tornavam-se comuns desestabilizando as instituições e
desacreditando o governo. O país estava à beira da ingovernabilidade.
Dois
anos após, 1978, os comunistas resolvem dar o ultimatum à Democracia Cristã: ou
a Democracia Cristã permite ao Partido Comunista entrar diretamente no governo,
executivo, ou retira-se para a oposição. Mas devido ao sequestro de Aldo Moro,
Andreotti consegue formar mais um governo, e o Partido Comunista retira-se para
a oposição.
No
entanto, o acontecimento de maior repercussão, sem citar as consequências para
o partido, foi o sequestro e morte pelas Brigadas Vermelhas de Aldo Moro,
Presidente da Democracia Cristã. As Brigadas Vermelhas eram um dos vários
grupos ativos da extrema esquerda. Seu objetivo era atrair as massas
acenando-lhes com a mudança das estruturas sociais mediante a revolução. Na
verdade era apenas uma concepção simplória da realidade e não receberam o apoio
popular esperado. Inclusive mereceram a condenação do Partido Comunista. Este
ato terrorista pode ser visto como o apogeu deste movimento na Itália.
Há
tempo que esta organização terrorista planejava raptar um dirigente democrata
cristão de renome não só nacional, mas internacional. Já haviam sido cogitados
Amintore Fanfani e Giulio Andreotti. A escolha recaiu sobre Aldo Moro porque
havia sido o teorizador da “terceira fase”, isto é, post conventio ad
excludendum, pela qual o Partido Comunista poderia ser parceiro no governo, era
presidente do partido, e o protagonista número Um da Solidariedade Nacional. O
movimento de contestação nacional, iniciado em 1968, colocava em cheque as
próprias instituições políticas através da exigência por parte dos
participantes de os partidos políticos assumirem suas bandeiras. Com o projeto de Solidariedade Nacional o
movimento contestatório, do qual as Brigadas Vermelhas faziam parte, sentiu-se
frustrado, pois foram reafirmados os valores da democracia representativa e
suas instituições. Pela ação de Moro os conteúdos dos movimentos contestatórios
eram canalizados e absorvidos e as tensões sociais freadas em seus métodos
revolucionários.
Enquanto
Moro foi mantido na “ prigione del popolo” as Brigadas Vermelhas procuraram
tirar o maior partido possível do refém da Democracia Cristã. Primeiramente
instalaram um processo paralelo ao que estava ocorrendo em Turim contra membros
das Brigadas Vermelhas. Através de Moro, toda a História política da Democracia
Cristã era investigada. Numerosos cartas saíam da “Prisão do Povo” incriminando
membros do partido como Giulio Andreotti, Benigno Zaccagnini , Paolo Emilio Taviani e outros.
Tentaram
também provocar reações de violência por parte do Estado, com a finalidade de
desacreditar as instituições democráticas. Houve, até propostas de negociação
com o poder com o objetivo de forçar o Estado a reconhecer a existência de um
poder paralelo ao do Estado. As intervenções internacionais, os esforços da
Igreja e mesmo o apelo da família não conseguiram fazer o governo tomar
qualquer decisão. O Partido Socialista, parceiro de governo, na pessoa de seu
líder empurrou a decisão para a Democracia Cristã. Mas nem mesmo o partido quis
abertamente negociar com os terroristas e em 9 de maio de 1978 Aldo Moro foi
morto.
Abaixo
um trecho inédito do livro: ALDO MORO. LO
STADISTA E IL SUO DRAMMA, de Guido Formigoni, a ser publicado neste ano
pela Editora Il Mulino. O texto é do
embaixador norte-americano na Itália em 1974, John Volpe, ao secretário de
Estado americano Henry Kissinger:
Dal
nostro punto di vista, dobbiamo trattare con un primo ministro che è diventato
negli ultimi cinque anni il simbolo e l’immagine stessa della sinistra
democratica cristiana. Egli è l’unico membro dell’ala sinistra della Dc con una
statura sufficiente da godere del rispetto di tutti i partiti democratici come
uno statista che può essere scelto per la leadership del governo. Io penso che
le sue credenziali filo-occidentali sono valide ancora oggi come sempre, ma il
Moro della politica interna è in qualche modo alla sinistra del Moro statista
internazionale. Egli è spinto a sinistra dalla sua stessa natura piuttosto
fatalistica e dalla sua lungamente coltivata antipatia per Fanfani, che ora sta
ben alla destra di Moro. Con Fanfani pronto a sostituirlo, Moro farà ogni
sforzo per evitare problemi o scontri con i socialisti. Una rottura definitiva
con i socialisti significherebbe la fine della formula di centro-sinistra con
cui Moro è storicamente associato, e che egli ha definito «irreversibile».
Ci
si può attendere che egli paghi il prezzo di un accordo o di una deriva, come
necessari per tenere assieme il suo governo quanto a lungo sarà possibile. Io
inclino a pensare che il quarto governo Moro non durerà molto. Fazioni
importanti della Dc e addirittura esponenti del governo predicono solo pochi
mesi, e in effetti i sindacati e i socialisti sono già irrequieti e
insoddisfatti. Sarei però negligente a non ricordare, comunque, che quando Moro
ha buone ragioni per star saldo, come spiegato sopra, la sua ingegnosità e
tenacia sono fenomenali. Non è per coincidenza che Moro ha guidato il governo
italiano per un periodo di tempo più lungo di qualsiasi primo ministro dopo De
Gasperi.