sexta-feira, 30 de julho de 2021

A RECEITA DA FELICIDADE POR SÊNECA . Selvino Antonio Malfatti.


 


Na obra que aborda o tema da Felicidade, na “Biblioteca da Felicidade”, é apresentado o filósofo Lucio Anneo Seneca, mais conhecido como simplesmente SENECA. Viveu na corte dos imperadores Cláudio e Nero, sendo preceptor deste. Exerceu a função de questor e foi nomeador senador. Destacou-se como advogado, orador e filósofo, além de literato.

Foi um dos pensadores do passado que refletiram sobre a questão da felicidade. Acusado de participar de uma conspiração foi exilado na ilha de Córsega. Foi neste período que escreveu suas meditações filosóficas apreciadas ainda hoje. Uma das obras primas é sobre a felicidade.

Os vícios devem ser sempre combatidos, pois a eles anulam a liberdade. Quem acolhe as modas degradantes ou a hipocrisia mata sua própria liberdade. A reflexão deve buscar o sentido da existência que é viver com dignidade. Se conseguir isto terá a certeza de morrer em paz.

O homem, diante dos acontecimentos, deve permanecer imperturbável. Imiscuir-se na realidade, mas não se deixar dominar por ela. A ação dos demais não deve desviá-lo da rota por ele traçada.

Sêneca viveu não alienado, mas atuante dentro da corte romana. Via toda a sordidez do governo de Nero, mas procurava um lenitivo na meditação filosófica. Neste aspecto não seria demais compará-lo aos filósofos de antes e atuais como :Dante, Shakespeare, Kierkegaard, Heidegger, Rimbaud, Svevo, Sartre, Dino Campana, Moravia, Pasolini.

A característica mais marcante de Sêneca é sua ênfase no domínio das paixões. E Nesse sentido pode ser comparado aos modernos na defesa da liberdade pessoal. O que os atuais fizeram foi dar continuidade ao pensamento de Sêneca. Podemos compará-lo e mesmo coloca-lo entre: Locke, Rousseau, Tocqueville, Kant, Mises, Max Weber, entre outros.

Professou a filosofia do estoicismo, uma ideologia da República e Império Romano.

Esta filosofia originou-se da Grande Grécia. O fundador, Zenão de Citium, dirigiu a antiga escola aproximadamente no século IV a. C. Os mais renomados estóicos foram Zenão, Cleante e Crisipo. Entre os romanos destacaram-se Sêneca, Marco Aurélio, Possidônio e outros.

Conforme o estoicismo a sabedoria reside na liberdade. Para se chegar a ela, o homem necessitava livrar-se das paixões e das influências exteriores. Este ideal era uma exigência da reta razão. O homem é partícipe da lei natural e da lei interior (consciência). Estas o levam para o ideal da liberdade. Por isso, para se chegar a ele, deveria viver conforme o lema: “segue a natureza”.

Os estóicos consideravam-se cidadãos do mundo e pretendiam erigir um Estado Universal. A sociedade abrange todo o gênero humano. O próprio universo mitológico é incluído nessa visão cosmopolita. Marco Aurélio dizia que todos os homens são cidadãos da República de Zeus.

Embora o universo esteja continuamente em movimento, as sociedades em permanentes mudanças e os homens constantemente se deslocando de um lugar para outro, sempre permanece a natureza comum dos homens. Dizia Sêneca: “Mas nos seguem em toda parte as duas coisas mais belas: a natureza comum a todos e a virtude individual.”

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