sábado, 6 de abril de 2013

O DESPERTAR PARA OS LIMITES. Selvino Antonio Malfatti.











       

       Somos desiguais







                                           

                                           Somos Iguais



De tempos em tempos surgem modas, na maioria das vezes sem fundamento científico mas que ganham foros de verdade sagradas. É o que aconteceu, por exemplo, com o “século da criança”, “sua majestade o bebê”, “o poder jovem”. Adotado o estereótipo e sem passar pelo crivo da crítica, passa-se a agir de conformidade com o refrão repetido por todos. Quem ousar contradizer é pichado de conservador ou retrógado.
Um desses modismos que se introduziu sorrateiramente na família, na escola e no convívio social foi que não se deve negar nada à criança. Deve-se explicar, explicar, explicar “ad nauseam”, mas se ela não quiser paciência. A conseqüência foi que, quando chegou à idade de jovem e adulto e precisar batalhar para conseguir o que quisesse não estava preparado para os limites. Agora todos estão diante de uma geração que não sabe privar-se. Se tem uma bicicleta quer uma moto, se tem esta quer um carro, conseguido esta pede um iate até exigir um jatinho.  E se não for atendido? Chantageia, rouba ou mesmo mata. E de repente todos estão se dando conta da necessidade de ser educado para os limites.
Mas aí surge o problema. Quem imporá limite? E quem impuser deve ter legitimidade para isto. E para tanto é necessário reconhecer uma autoridade. Acatando esta é preciso reconhecer a desigualdade, isto é, que as pessoas não são iguais.
Claro que todos são iguais na essência. Todos são humanos, racionais, igualmente dignos. Mas fora daí a desigualdade está escancarada em toda parte. É como a parte física do corpo. O esqueleto é igual para todos. Mas só até aí, depois, que cara, que bumbum, que barriga se porá nele é outros quinhentos.
Estabelecer uma igualdade unilateral entre pais e filhos significa o desvirtuamento das funções ou status específicos entre ambos. Se igualar pais com filhos aqueles deixarão de ser pais e e os filhos deixarão de ser filhos. Isto não significa que não possa haver amizade entre eles. Mas não se deve entender amizade como igualdade. Ser amigo do filho é transformá-lo na pessoa que ele tem dentro de si.
A função dos pais é de orientar, guiar e estabelecer regras claras de posturas e comportamentos. Como orientadores devem esclarecer qual o melhor rumo a ser tomado. Como guia é ir na frente mostrando o caminho, ensinar como agir. E como legislador tem a obrigação de estabelecer limites e parâmetros de conduta.
Fundamentalmente a questão da igualdade envolve uma ética de comportamento. Mas há um aspecto ainda mais profundo: além da igualdade é preciso salvar a liberdade ou a partir da liberdade é que a igualdade pode ser estabelecida. Pais e filhos, assim como todas as pessoas são iguais em alguns aspectos, os essenciais, mas nos existenciais são diferentes exatamente para salvar a liberdade. Se forem nivelados pais e filhos sufocamos a liberdade dos pais e dos filhos. Por isso podemos dizer que as pessoas são iguais na liberdade, mas fora disso são diferentes.


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