Eleição nos USA. O candidato ex-presidente Donald Trump
não aceita a derrota contra Joe Biden.
Eleição no Brasil. Ex-presidente Jair Bolsonaro não
reconhece a vitória de Luís Inácio Lula da Silva.
Eleição na Venezuela. O opositor Edmundo
González Urrutia não aceita a derrota
contra o presidente Nicolás Maduro.
Eleições municipais no Brasil em outubro. Como serão?
Nos três resultados eleitorais - Estados Unidos, Brasil e Venezuela
- o perdedor não aceita a derrota, invocando fraudes que favoreceram seu opositor
no pleito. Nos três casos a discórdia ocorreu com resultado. Por quê? Por que
não bastam eleições, mas regras da eleição, a processo eletivo e lisura na
apuração. Imaginemos:
Cenário 1 – Uma assembleia
decide que haverá eleição. Espalha-se a notícia: alto falantes anunciam,
jornais veiculam a notícia, rádios e canais de televisão informam nomes de
candidatos de suas preferências.
Cenário 2- Eleição.
Comparece o povo qualquer dia e qualquer hora, com crianças, jovens e adultos,
gritando aleatoriamente nomes. Surgem protestos daqui e dali dizendo que
crianças não podem votar. Uma confusão. generalizada.
Cenário 3- Apuração.
Qualquer um atribui voto para qualquer um. Uns vociferam que o voto do delegado
vale mais, outros que o voto é igual de todos, outros que o voto do pastor vale
em dobro. Ninguém se entende
Nestes três cenários acima se
constatam três momentos da eleição: regras, processo e apuração.
Há um consenso em torno da
aceitação da democracia e outro na condenação de outros regimes. Não se quer
ditaduras, oligarquias, autocracias e o pior, o totalitário.
A História nos ensina que a
passagem de um regime para outro, não se dá bruscamente. Só excepcionalmente
ocorre uma ruptura repentina. O normal é que avance imperceptivelmente.
Vejamos como se transita de
um regime democrático para um totalitário. Há um longo caminho a ser percorrido
que precede este regime. Cada etapa prepara e torna mais fácil a próxima. A
etapa antecedente molda a mente de cada um e da sociedade para aceitar a
posterior. Esta dinâmica em tempos cruciais pode potenciar o processo. Quando
ingressa nesta dinâmica algum ingrediente vivencial, identitário individual ou
social se torna obsessivo e fora de controle. Esta psicose empana a mente
deixando ter a correta percepção da realidade social e econômica. Podemos
seguir a trajetória de um regime liberal para um totalitário.
Hitler liderava o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Tentou derrubar o governo alemão e foi preso. Durante o julgamento somou inimigos, mas também fanáticos seguidores. Na prisão escreve Mein Kamp (Minha Luta) expondo e esclarecendo seu pensamento político. Pretendia: expansão territorial, estado racial pura (ariano), eliminação dos judeus, ciganos e outros povos.
Fora a prisão abandona o método revolucionário para
conseguir o poder e opta por vias legais. Consegue isto em 1933 quando o
presidente Paul von Hindenburg nomeou-o chanceler, cargo equivalente a primeiro
ministro.
O programa do Mein Kamp vai
tomando forma no seu governo. Desvia-se do rumo do governo e foca-se no aumento
de poder. Para tanto passa a contestar as instituições, dissemina e incentiva a
brutalidade, atira a culpa dos fracassos sobre grupos como judeus, divide a
nação entre alemães puros e párias intrusos e exploradores. Dissemina o joio do
ódio entre grupos e partidos e incentiva atos racistas.
O desfecho é conhecido. O líder totalitário ataca os demais poderes colocando-os no banco dos traidores. Fecha o congresso e o judiciário. Entrega ao exército e ao grupos de juízes escolhidos por ele o julgamento das acusações de ordem e de política.
Institui o regime da rolha. Destrói a consciência individual, regime do terror, a desolação como diria Hanna Arend.