Coincidentemente no dia de São José, padroeiro do
trabalhador, faleceu neste 19 de março de 2016, Leonardo Prota, um exemplo de
trabalhador.
Nasceu na Itália em 1930, teve uma permanência no México,
fez mestrado nos Estados Unidos, veio para o Brasil e naturalizou-se. Sua
atuação sempre esteve ligada à área da educação, quer como docente, como
dirigente de institutos de educação e como escritor. Seu maior destaque foi o estudo
do Pensamento Brasileiro, as Humanidades e a constatação da existência das
filosofias nacionais. Para o primeiro destacam-se os Colóquios Antero de
Quintal e Tobias Barreto realizados alternadamente na Universidade de Londrina
e Universidade Nova de Lisboa, reunindo professores e pesquisadores de
filosofia. Para o segundo, Leonardo Prota, juntamente com Antonio Paim e
Ricardo Vélez Rodrigues, é fundador do Instituto de Humanidades. Nele
destacou-se na atividade editorial de divulgação de estudos humanísticos. E
para o terceiro sua produção acadêmica.
Quando Prota inicia seu trabalho pedagógico, percebe que a
educação brasileira se estribava nos princípios da educação americana, qual
seja, era só pragmática e objetiva, nos moldes de John Dewey, visando apenas o
mercado de trabalho. De humanidades estava completamente vazia. É então que se
propõe inserir nela um cunho humanista. Nesta tarefa juntam-se a Antonio Paim e
Ricardo Vélez e organizam um curso que contemplava plenamente o patrimônio das
humanidades, desviando-se da rota americana e direciona-se para a europeia.
Esta preocupação de Prota com as humanidades deve-se a
dois fatos na sua vida. O primeiro que sua formação básica calcou-se sobre a
pedagogia da escola de Dom Bosco e em segundo sua tese de mestrado: “Um Modelo de Universidade”. A publicação
de seus estados fez com que as teses de uma educação puramente pragmática, de
modelo anglo-saxônico, fossem mitigadas recebendo ingredientes humanistas.
Outra contribuição de Prota para a educação foi a
necessidade de ênfase nas filosofias nacionais. Havia uma crença generalizada
que existia uma filosofia universal e quando não se enquadrasse nesses
parâmetros não era considerado saber filosófico. Para Prota a noção de
filosofia universal estava atrelada a uma filosofia puramente racional, a
adoção do latim como língua oficial da filosofia e a não percepção da filosofia
como problema, caminho este desbravado por Hartmann e Mondolfo. A partir do
momento que a experiência foi convidada a falar, contrapondo-se ao puramente
racional, o latim foi sendo abandonado fazendo-se filosofia com as línguas
nacionais e a percepção de que cada país mirava um problema específico, surge a
valorização das filosofias nacionais. A experiência foi consagrada no universo
científico com os filósofos, Galileu, Newton e Suárez, Scot e Ockham. O
abandono do latim foi concomitante ao surgimento das línguas vernáculas, nova
forma de comunicação do saber. A questão do problema levou ao pressuposto do
elemento subjacente em cada sociedade: a cultura. Como exemplo, Prota menciona
a filosofia inglesa dando ênfase à ciência, os franceses preocuparam-se com o
racionalismo, a Espanha debruçou-se sobre o raciovitalismo, os italianos
preocuparam-se com a realidade espiritual, os alemães com o sistema, Portugal
com Deus e o Brasil com a cultura. Disso decorre que o que se acreditava que
fosse filosofia universal, na verdade não passava de um problema nacional e,
portanto, uma filosofia nacional. O estudo do pensamento brasileiro, o
despertar das humanidades e a visualização das filosofias nacionais foram as
três grandes contribuições de Prota.