Recrudescem sempre mais atualmente as relações entre
cristãos e muçulmanos. Conforme relato bíblico isto aconteceu já no nascimento
das duas culturas religiosas: judaísmo e islamismo. Abraão era casado com Sara
que não lhe dava filhos. Ela concorda então que Abraão se relacione com a
escrava Agar, nascendo daí Ismael. Posteriormente, Sara engravida e nasce então
Isaac. Os dois irmãos viviam em brigas contínuas, por isso, Ismael, juntamente
com sua mãe, são mandados embora. Da descendência de Ismael advieram os árabes
tendo como religião predominante a muçulmana e da descendência de Isaac os
hebreus cuja religião foi o judaísmo da qual sendo, depois, cristianismo uma continuidade do judaísmo. Cada uma dessas
possui uma psicologia própria e distinta uma da outra. O sociólogo Max Weber
assim as caracteriza. O islamismo nasceu como uma religião de guerreiros cujo
objetivo era conquistar o mundo. Eram como os cruzados cristãos, mas sem o seu
ascetismo sexual. Em torno do século VII d.C, surgiu o misticismo maometano,
cujo resultado foi um simbolismo complexo muito, utilizado pelos poetas. Já o
cristianismo iniciou como uma doutrina de artesãos jornaleiros itinerantes.
Permaneceu sempre como uma religião urbana e cívica. Em todos os períodos
manteve este caráter: antiguidade, Idade Média e Época moderna. A cidade do
Ocidente, diferente de todas do mundo da época, possuía um corpo de cidadãos,
foi palco do cristianismo. Isto pode ser aplicado às comunidades religiosas,
ordem de monges mendicantes da Idade Média.
As relações entre as duas religiões quase sempre foram
marcadas pela belicosidade. Na Idade Média, as famosas cruzadas dos cristãos
tinham por objetivo arrebatar os territórios da Judéia em poder dos muçulmanos.
Pouco depois os árabes muçulmanos se propõem a tomar a Europa cristã. Conseguem
chegar até a Espanha, mas na França, em Poitiers, são derrotados e contidos. Somente no
século XV são definitivamente expulsos da Europa, localizados na península ibérica. Ora
maiores ora menores as animosidades se estenderam através dos séculos.
A partir, porém, do século XX, 1915, a animosidade ressurge
com uma intensidade inaudita. Trata-se do massacre dos cristãos armênios na
Turquia. A partir daí os ataques aos cristãos são sempre mais intensos, ora
públicos ora privados. Atualmente os cristãos estão numa situação difícil em
todos os continentes onde predomina maioria muçulmana. O jesuíta italiano Paolo
Dall´Oglio ainda está prisioneiro. Em toda parte ouvem-se vozes desesperadas de
cristãos em cidades cercadas pelos muçulmanos. O Oriente Médio que viu nascer e
expandir-se o cristianismo inicial talvez em pouco tempo não haverá mais
cristãos. A Turquia atual que há algum tempo era habitada por 19% de cristãos,
atualmente não passa de a 0,2% de deles. Neste ano de 2015 faz 100 anos que
ocorreu o massacre – alguns definem como martírio – de cristãos neste país.
Fala-se em torno de meio milhão de cristãos mortos, de várias etnias como armênios,
sírios, caldeus, assírios e outros.
Hoje são atacados no norte da Nigéria. Moças são
raptadas e tornadas escravas dos muçulmanos. Não só nos países muçulmanos os
cristãos enfrentam dificuldades. Na Índia, por exemplo, sofrem sob a pressão
dos fundamentalistas. Na Ásia, as minorias cristãs são discriminadas pelos
governos comunistas. Boa parte dos muçulmanos iguala ocidente com cristianismo.
Haja vista a confusão entre a política externa norte-americana nesses países
com a vingança sobre os cristãos de qualquer país ocidental. Atentados surgem
por toda parte como das Torres Gêmeas, do jornal francês, do metrô na
Inglaterra, só para exemplificar.
É preciso voltar ao bom senso. A religião deve ficar
fora da política. Pertence ao foro íntimo. A política perpassa toda sociedade e
por isso é publica. Cada um individualmente vive o público e o privado, mas a
sociedade como um todo só conhece o público.