Meu orientador de pesquisa de pós-doutorado, Professor José Esteves Pereira, chamou-me a atenção do belíssimo jardim de Castelo Branco de Portugal. Daí que tive a inspiração de trazer ao público este aspecto de Portugal que, certamente, faz parte do acervo cultural luso-brasileiro.
PORTUGAL NÃO POSSUI UM LOOK DE JARDINS MUNDIALMENTE
RECONHECIDOs COMO OS JARDINS DE VERSAILLES NA FRANÇA OU SCHÖNBRUNN NA ALEMANHA,
MAS TEM TAMBÉM SEUS JARDINS QUE ENCANTAM. TRATA-SE DE CASTELO BRANCO,
ABAIXO DESCRITO.
"O DESLUMBRANTE JARDIM DE CASTELO BRANCO QUE A MAIORIA DOS
PORTUGUESES DESCONHECE.
De influência barroca, com cinco lagos e imponentes
estátuas, é um espaço único pela originalidade e elegância que deve integrar o
seu roteiro na sua próxima visita à cidade
Foi um bispo da Guarda, D. João de Mendonça (1711-1736),
que encomendou e provavelmente orientou as obras do Jardim do Paço Episcopal de
Castelo Branco. Mais tarde, já no fim do século XVIII, o segundo bispo da
diocese da cidade, D. Vicente Ferrer da Rocha, fez ali obras de algum relevo.
Em 1911, o jardim passa para as mãos da câmara municipal local por arrendamento
e, em 1919, é adquirido pela autarquia a título definitivo. Este jardim
barroco, em forma retangular, que muitos portugueses ainda não conhecem, é
dominado por balcões e varandas com guardas de ferro e balaústres de cantaria.
Apresenta cinco lagos, com bordos trabalhados, nos quais
estão instalados jogos de água. No patamar intermédio da Escadaria dos Reis,
existem repuxos e jogos de água surpreendentes. Por entre os canteiros de buxo
erguem-se simbólicas estátuas de granito, em que se destacam «Novíssimos do
Homem», «Quatro Virtudes Cardeais», «Três Virtudes Teologais», «Signos do
Zodíaco», «Partes do Mundo», «Quatro Estações do Ano», «Fogo» e «Caça».
Dispostos à maneira de escadório, encontram-se
representados os apóstolos e os reis de Portugal até D. José I. No patim
superior, encontram-se estátuas alusivas ao Antigo Testamento e à simbologia da
água como elemento purificador. O Jardim Alagado, tanque floreado de curvas bem
delineadas e canteiros de flores, tem ao centro um repuxo de cantaria por três
golfinhos entrelaçados e encimados por uma coroa. Veja a galeria de imagens
deste jardim.
A intervenção de restauro que foi feita
O interesse e curiosidade da iconografia do conjunto
escultórico resulta do facto de haver uma aliança singular entre o universo
religioso e universo panteísta. Este jardim beneficiou de uma profunda e
complexa intervenção de restauro e conservação, no âmbito do Programa Polis, a
nível de tratamento de vegetação, reintrodução de espécies vegetais originais,
recuperação dos sistemas de águas, iluminação cénica e drenagem.
A intervenção contemplou também na limpeza da cantaria e
recolocação de estátuas nos locais originais, recuperação dos muros e do tanque
principal, sob a cascata de Moisés. Durante a intervenção foi descoberto o
sistema hidráulico perfeitamente intacto, construído em 1725. Nessa altura,
procedeu-se à sua conservação e restauro.
Os muros de azulejos que pode admirar
Os muros delimitadores do Jardim do Paço Episcopal de
Castelo Branco apresentam painéis de azulejo figurativo, monocromo, azul sobre
fundo branco, representando várias vistas de Castelo Branco, da antiga quinta e
do bosque e da Capela de São João com o respetivo cruzeiro. Aparecem, ainda,
painéis de azulejo retilíneos, com os ângulos curvos, emoldurados a cantaria e
a faixa cerâmica, a representar os desenhos de Castelo Branco, efetuados por
Duarte de Armas, no século XVI, bem como a representação do bispo D. João de
Mendonça".
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