Pouco a pouco, o apoio à Ucrânia ou Rússia vai se clareando. No Brasil de um modo mais explícito, o PT e o Partido Operário, vão se posicionando, ora em favor da Rússia enquanto outros procuram manterem-se neutros ou em favor da Ucrânia. Aqueles culpam o “imperialismo yankee” pela resistência da Ucrânia liderada por Volodymyr Olexandrovytch Zelensky, um “palhaço”, conforme seus adversários. Estes almeja autonomia para a Ucrânia para poder escolher seu próprio destino. Em resumo os totalitários são pró Rússia e os partidos liberais pró Ucrânia. Da parte da Rússia é uma guerra de “purificação” e da Ucrânia uma luta para sobrevivência democracia.
Evidentemente a democracia da Ucrânia não é por ora. Vale
o provérbio latino: “primum vivere post philosophare”. (primeiro viver, depois
filosofar). A Ucrânia precisa primeiramente viver e depois refletir sobre
regimes, ideologias, parlamento e outros.
Para vencer Putin não bastam sanções, é o que pensa a
jornalista Anne Applebaum, numa entrevista ao Jornal Le Monde. Os ucranianos
têm que derrotar o czar russo Putin e depois preocupar-se com a democracia.
Sabem os ucranianos que o presidente russo vê nas democracias ocidentais uma
ameaça ao próprio estado russo avesso às liberdades. Por isso invadiu a Ucrânia
por que o modelo político de seu país - autocrático e cleptocrático- colide de
frente com o modelo democrata e ético do ocidente. Putin tem tonturas só em
pensar que uma ex-colônia da Rússia se torne uma democracia integrada ao modelo
político do mundo ocidental.
A Rússia argumenta como justificativa para invadir a
Ucrânia: 1. Que há um expansionismo exagerado da OTOAN em direção ao leste europeu.
2. Que a Ucrânia ameaça a Rússia se aderir à aliança militar da OTAN. 3. Que a
soberania da Rússia fica ameaçada pela soberania da Ucrânia. Puro desvio de
foco.
Primeiramente a desculpa da invasão: combater os nazistas
presentes na Ucrânia. O mesmo argumento de Hitler contra os judeus: a
“purificação”, palavra esta pronunciada por Putin no dia 16 de março durante
uma conferência televisionada. O alvo teria sido toda população russa
refratária ao regime imposto autocraticamente. Esta purificação está forçando
cada vez mais a classe média e intelectuais ao exílio, como aconteceu com Alexei
Navalny, condenado a nove anos adicionais de prisão, mas envenenado antes da
prisão. Na escalada proibiu o grupo Memorial que lançava a público os crimes do
stalinismo.
Em segundo, a necessária ação rápida e incruenta para o
restante da população. Paulatinamente transforma-se numa guerra de política de
terror de abrangência global sobre a população tendo como alvo
indiscriminadamente militares, civis, mulheres, crianças, idosos e doentes. Daí
o caos, desolação, angústia, vidas destruídas. Silenciosamente o objetivo seria
aniquilar a jovem democracia emergente. Por isso o falante emudeceu de repente.
Proibiu pronunciar a palavra: guerra.
Por quê? Fracasso interno e externo. Interno por que não
esperava tamanha resistência da Ucrânia. O exército ucraniano frustrou as
pretensões russas de esmagar rapidamente a oposição. Mostrou-se como um punhado
de soldados gregos impedindo o avanço dos persas nas Termópilas e externamente
a ação da OTAN entregando armas à Ucrânia e o congelamento da moeda russa. Mas
o terror continua manifesto nas ações contra Mariupol.