Logo após ser anunciado seu nome como ministro das
Relações Exteriores, Ernesto Araújo escreveu um artigo com grande repercussão. Apresentarei abaixo algumas ideias resumidas
do autor e em seguida a íntegra do texto.
Araujo analisa a frase de um comentarista que se diz preocupado que
o presidente fale muito em Deus. Claro, não se estava mais acostumado em
falar em Deus pois o PT alijou Deus da sociedade, das instituições e queria
mesmo expulsá-lo as consciências rumo ao totalitarismo. No entanto, esta última
etapa não foi atingida e o povo ainda entende de Deus e o presidente entrou na
sintonia com o povo. Aconteceu um renascer espiritual com a eleição de
Bolsonaro.
Em seguida faz uma síntese do que aconteceu neste último
terço de século. A sociedade foi submetida a três partidos que agiam em
concerto. O primeiro deles, o PMDB, tomou o poder logo após o regime militar,
findo em 1985, e abriu espaço para a velha oligarquia com fachada moderna como
as preocupações sociais.
Em seguida, em 1990, ascende ao poder o PSDB, um rebento
de PMDB, com raízes na esquerda, mas preocupado com a estabilidade econômica.
Foram desse período os Planos de Recuperação econômica com o objetivo de
debelar a inflação. Apresentou-se como um partido de livre mercado, mas
escondendo as unhas de lobo. Manteve também os vínculos com as velhas facções
econômicas e burocracia política do PMDB.
O terceiro filho, em 2000, foi o PT com fachada de
trabalhador mas com conteúdos de intelectuais marxistas, ex-guerrilheiros e
burocratas sindicais. Com a eleição de Lula, capturou e cooptou o esquema de
poder do PMDB e PSDB. O primeiro tornou-se um serviçal e o segundo um dócil
opositor.
O PT controlou todo o poder tanto na economia como no
sistema legal. Com isso montou o maior esquema de corrupção jamais visto. Todos
os negócios, políticos locais,
intermediários e entrais foram submetidos. As instituições culturais, esportivas,
educacionais, sobreviviam através de propinas. O modelo tornou-se artigo de
exportação, principalmente para a América latina, criando um sistema de
corrupção supranacional.
Internamente destruiu os valores da nacionalidade criando
fantasmas como ideologia de gênero, provocações de conflitos entre classes,
raças, religiões, partidos.
Na política externa mudou os parceiros tradicionais como
os do bloco ocidental para o oriental. Através do Fórum de São Paulo o PT criou um
bloco regional de dominação englobando Argentina, Venezuela, Equador, Bolívia,
Chile, Colômbia, Peru, Paraguai, Uruguai, República Dominicana, Nicarágua,
Honduras e Cuba. Lula apossava-se dos recursos nacionais e os transferia para
estes países acima e africanos criando ao que se chamou de globalismo. Provavelmente
o golpe final estava previsto caso o PT vencesse a última eleição o que
felizmente não se concretizou.
Felizmente podemos agora falar, em Deus.
"AGORA FALAMOS. Artigo de Ernesto Araujo. Chanceler brasileiro.
Estou muito preocupado porque ele falou muito em Deus”.
Foi o que disse um conhecido comentarista político na TV, depois de ouvir o
discurso da vitória do Presidente Jair Bolsonaro, na noite de 28 de outubro de
2018, quando as urnas lhe deram vitória por margem de 55 a 45 sobre o candidato
marxista, Fernando Haddad.
Falar de Deus parece que preocupa as pessoas. Isto é
triste. Mas o povo brasileiro não se incomoda. O governo Bolsonaro, ao qual
sirvo como Ministro das Relações Exteriores, não liga para o que dizem os
comentaristas ou para o que os incomoda: eles não entendem nada de quem Deus é,
ou de quem o povo brasileiro é e quer ser. A preocupação deles é a de uma elite
que está prestes a ser destituída. Eles têm medo porque não controlam mais o
debate público, já não podem mais ditar os limites do que diz o presidente ou
quem quer que seja. A última barreira foi rompida: nós agora podemos falar de
Deus em público. Quem poderia imaginar uma coisa dessas?
Ao longo dos últimos anos o Brasil se havia transformado
em um atoleiro de corrupção e desesperança. O fato de que o povo não falava em
Deus e não trazia a sua fé à praça pública era certamente parte do problema.
Agora que o presidente fala em Deus e expressa a sua fé de maneira profunda e
sincera, é este o problema? Ao contrário: estou convencido de que a fé do
Presidente Bolsonaro é instrumental e não acidental para sua vitória eleitoral
e para a onda de mudança que está varrendo o Brasil.
O Brasil passa por um renascimento político e espiritual,
e o aspecto espiritual desse fenômeno é determinante; o aspecto político é
apenas uma consequência.
Durante um terço de século, o Brasil foi submetido a um
sistema político composto de três partidos que agiam crescentemente em
concerto. Somente agora se começa a perceber a forma e a extensão completa
daquela dominação. Primeiro tivemos o Movimento Democrático Brasileiro (PMDB),
que chegou ao poder depois que o regime estabelecido em 1964 (equivocadamente
chamado de regime militar) pacificamente deixou o poder em 1985. Originalmente
uma oposição de esquerda moderada ao regime (embora com infiltração da extrema
esquerda) , o PMDB tomou as rédeas do governo, escreveu uma nova constituição,
e tornou-se uma frente ampla para a velha oligarquia sob uma feição mais
moderna e urbana, com preocupações sociais. Esse grupo veio a dominar a arte do
favor político e da burocracia, estabelecendo-se como sustentação do sistema. A
amplitude com que a burocracia é capaz de alocar recursos na economia
brasileira – escolhendo vencedores e perdedores – sempre foi impressionante e
durante esse período tornou-se um sistema de governança de pleno direito que
sufocava completamente a economia.
Os anos 1990 assistiram à ascendência do Partido Social
Democrata (PSDB), uma ramificação do PMDB com raízes na esquerda, mas mais bem
arrumada, voltada aos eleitores ansiosos por estabilidade econômica depois de
uma década e meia de má administração e hiperinflação. O PSDB remodelou-se como
o partido do livre-mercado, ocultando parcialmente o seu verdadeiro caráter e
sua agenda cultural esquerdista, e apoiado em sólidas políticas macroeconômicas
tornou-se a força dominante entre 1994 e 2002, mantendo sempre os vínculos com
as tradicionais facções político-burocráticas representadas pelo PMDB.
O terceiro ramo desse sistema emergiu no início dos anos
2000, com a ascensão do Partido dos Trabalhadores (PT), um nome orwelliano,
diga-se de passagem, pois trabalhadores raramente são vistos nesse partido
comandado por intelectuais marxistas, ex-guerrilheiros de esquerda e membros da
burocracia sindical. Depois da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (conhecido
universalmente como Lula) em 2002, o PT – que durante anos se preparara para
isso – rapidamente capturou e cooptou o esquema de poder PMDB-PSDB, mantendo o
antigo sistema do “toma-lá-dá-cá”, gerenciado pelo PMDB, e as políticas de
estabilidade, representadas pelo PSDB, aferrando-se muito mais firmemente ao
poder que seus antecessores. O PMDB tornou-se sócio minoritário na coalizão do
PT, enquanto o PSDB assumiu o papel de oposição dócil, participando das
eleições presidenciais a cada quatro anos, com a tarefa de perder altivamente
para o PT.
O PT assumiu o controle de todas as alavancas do poder
burocrático, dominando a economia por meio de estatais e de bancos públicos de
investimento, e criou um mecanismo completo de crime e corrupção. Praticamente
todos os negócios, todos os políticos locais, todas as instituições culturais,
esportivas e educacionais, quase todos, enfim, no Brasil, tinham sua
sobrevivência condicionada pelo governo central à oferta de propinas, apoio
político ou ambos. O modelo foi tão bem-sucedido que o PT começou a exportá-lo
a outros países latino-americanos, tentando criar e consolidar uma rede de
regimes corruptos de esquerda na região.
Ao mesmo tempo, a agenda de esquerda tomou a sociedade
brasileira. A promoção da ideologia de gênero; o avivamento artificial de
tensões raciais; a substituição dos pais pelo governo como provedor de
“valores” para as crianças; a infiltração na mídia; o deslocamento do “centro”
do debate para muito longe no campo da esquerda; a humilhação dos cristãos e a
tomada da Igreja Católica pela ideologia marxista (e a conseqüente promoção do
controle de natalidade); e assim por diante – esses foram os resultados das
políticas do novo governo.
A dominação foi assim estabelecida sobre as instituições
políticas, sobre a economia e sobre a cultura: um empreendimento plenamente
totalitário. Esse empreendimento parecia indestrutível. O sistema aceitava
debate apenas sobre como ser mais bem implementado. Havia algum debate sobre
privatização, mas que nunca alcançava o núcleo do mecanismo da corrupção. (A supostamente
grande onda de privatizações nos anos 1990, liderada pelo PSDB, deixou o Brasil
com 418 estatais – nos EUA, são catorze – e uma economia totalmente dependente
de financiamento governamental para quaisquer projetos de porte; o PSDB, porém,
diligentemente cumpriu o papel de partido “neoliberal” que lhe foi designado
pelo PT.)
Na política externa, o sistema entoou a ária globalista
sem perder uma nota. Ajudou a transferir poder dos EUA e da aliança ocidental
para a China; favoreceu o Irã; trabalhou incessantemente para levantar uma nova
cortina de ferro socialista sobre a América Latina, favorecendo governos ou
partidos de esquerda na Argentina, Venezuela, Equador, Bolívia, Chile,
Colômbia, Peru, Paraguai, Uruguai, República Dominicana, Nicarágua, Honduras e,
é claro, em Cuba. Tudo isso foi visto com bons olhos por Barack Obama, que
raramente levantava um dedo para combater qualquer regime socialista ou
islâmico em qualquer canto da Terra, e que descrevia Lula como “o cara”. Sim,
Lula era o cara do globalismo, um cara que desperdiçou todos os recursos que
assomaram ao Brasil durante o boom das commodities – centenas de bilhões de
dólares – para ajudar ditaduras e enriquecer seu partido e a si próprio. O
Brasil era, de fato, uma vitrine magnífica para o globalismo. Iniciando com um
tradicional capitalismo de compadrio, oligárquico, no final dos anos 1980, o
país passou por um falso liberalismo econômico nos anos 1990, até alcançar o
globalismo sob o PT: o marxismo cultural governava por dentro um sistema
aparentemente liberal e democrático, construído por meio de corrupção,
intimidação e controle de pensamento.
Trata-se de um sistema tão entranhado que jamais se
reformaria por si, apenas encontraria novas máscaras para estender seu domínio
– isso foi o que diversas lideranças políticas não petistas tentaram fazer a
cada quatro anos nas eleições. Mudanças reais poderiam vir apenas a partir de
fora desse sistema, dos domínios intelectual e espiritual.
E então, o que quebrou o sistema? Olavo de Carvalho, a
Operação Lava Jato e Jair Bolsonaro. Desde meados da década de 1990,
paralelamente à ascensão de um regime ateísta corrupto (na época, ainda em
formação), novas idéias estranhas começaram a circular nos livros e artigos de
Olavo de Carvalho, um filósofo brasileiro, talvez a primeira pessoa no mundo a
ver o globalismo como o resultado da globalização econômica, a entender seus
propósitos impiedosos e a começar a pensar em como derrubá-lo. Por muitos anos,
ele também foi a única pessoa no Brasil a usar a palavra “comunismo” para
descrever a estratégia do PT e tudo o que estava acontecendo no país, em um
tempo em que todos pensavam que o comunismo era apenas uma espécie de
coletivismo que havia morrido com a União Soviética, cegos à sua sobrevivência
em muitas outras formas, na cultura e nas "questões globais". Graças
ao boom da internet, e especialmente à revolução da mídia social, as idéias de
Olavo repentinamente começaram a percorrer todo o país, atingindo milhares de
pessoas que tinham sido alimentadas apenas com os mantras oficiais. Essas
idéias romperam todas as represas e convergiram com a postura corajosa do único
político brasileiro verdadeiramente nacionalista dos últimos cem anos, Jair
Bolsonaro, dando-lhe um nível totalmente inédito de apoio popular. O Brasil
subitamente se redefiniu como um país conservador, antiglobalista e
nacionalista. Ao mesmo tempo, a Operação Lava Jato, a investigação do esquema
de corrupção do PT - talvez o maior empreendimento criminoso de todos os tempos
- evoluiu e começou a lançar luz sobre as profundezas da tentativa petista de
destruir o país e assumir o poder absoluto, desmoralizando toda a quadrilha e
mandando seu líder para a cadeia.
Com um aceno de mão, a nação descartou décadas de
doutrinação política e do politicamente correto e finalmente elegeu um líder
que lidera e sabe para onde quer ir.
Mas a história, é claro, é muito mais complicada. Tudo
conspirou contra esse renascimento nacional. Isso não deveria acontecer. Mas a
cada passo, especialmente desde os grandes protestos contra tudo de 2013,
eventos sociais, políticos e econômicos começaram a se encaixar
misteriosamente. Denúncias, rupturas e alianças políticas, revelações de nova
corrupção em lugares insuspeitos e milhares de outras peças foram de alguma forma
reunidas. Elas entregaram ao país sua recém-adquirida liberdade - com toda a
responsabilidade que isso envolve - na forma da vitória de Bolsonaro. Foi a
divina providência que guiou o Brasil por todas essas etapas, reunindo as
idéias de Olavo de Carvalho com a determinação e o patriotismo de Bolsonaro? Eu
acho que sim.
Meus detratores me chamaram de louco por acreditar em
Deus e por acreditar que Deus age na história - mas eu não me importo. Deus
está de volta, e a nação está de volta: uma nação com Deus; Deus através da
nação. No Brasil (pelo menos), o nacionalismo tornou-se o veículo da fé, a fé
tornou-se a catalisadora do nacionalismo, e ambos desencadearam uma estimulante
onda de liberdade e de novas possibilidades. Nós, brasileiros, estamos experimentando
uma enorme ampliação da vida política - dentro da Constituição e fora do
sistema estreito, materialista e estupidificante que nos dominou por muito
tempo e ainda é tão poderoso em todo o mundo. Temos agora a escolha de sermos
grandes, prósperos, poderosos e seguros, com liberdade de pensamento, de
expressão, de empreendimento. Temos a opção de viver democraticamente - pela
vontade do povo e não de acordo com uma coleção de frases vazias. Vivemos por
muito tempo em um mundo nominalista, onde apenas aquelas palavras vazias
existiam; vivemos por muito tempo frustrados pelo discurso globalista de
esquerda. Agora podemos viver em um mundo onde os criminosos podem ser presos,
onde pessoas de todos os estratos sociais podem ter as oportunidades que
merecem e onde podemos nos orgulhar de nossos símbolos e praticar nossa fé. O
sistema de controle psicológico está acabado, e isso não é nada menos que um
milagre.
Tornou-se célebre a frase do porta-voz de Tony Blair,
Alastair Campbell, sobre a Grã-Bretanha: "Nós não falamos de Deus"
("We don't do God"). Bem, no Brasil, agora falamos.