O
Ministro Luís Barroso, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral mencionou em
declaração recente que o ódio disseminado nas redes sociais, que veiculam o
ódio, mentiras e teorias conspiratórias vem de grupos que se apresentam, não
raramente, como cristãos. Essas pessoas invocam o nome do Filho de Deus para
praguejar e desejar o mal a diferentes pessoas. Embora não se possa discordar
do Ministro de que realmente há grupos que se dedicam a difundir a mentira e
disseminar o ódio e que estejam inseridas em algumas igrejas, não creio que se
possa falar de um cristianismo do mal. Isso se entendemos cristianismo como a
síntese dos ensinamentos de Jesus de Nazaré, que a fé ocidental reconhece como
sendo o Messias dos judeus. Se é isso há cristianismo e há outras ideologias e
crenças.
Isso
não significa que não exista aqueles que se aproveitam do nome de Jesus para
explorar os irmãos, disseminar o ódio, divulgar mentiras e propagar o ódio e trazer
divisão para o mundo. Pode-se de eles dizer, sem medo de errar, que não são
discípulos de Jesus e não lhe honram o nome. Isso sabemos bem, pois como Ele já
ensinara a seus apóstolos: “nem
tudo o que diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mt. 7:21) Portanto, o cristianismo consiste
numa prática de ensinamentos contidos no Primeiro Testamento e que Jesus
atualizou para seus dias. Essa é a vontade de seu Pai. Quem não segue esses
ensinamentos não é cristão e Jesus não os reconhecerá diante de seu Pai.
Podemos dizer então que há um cristianismo, que é uma atualização dos ensinamentos
do Primeiro Testamento, e há os que se fingem de cristãos para disseminar o
ódio e a mentira. Aqueles que amam e respeitam o Mestre, assumem o cristianismo
como referência de vida têm claro suas palavras: “E
conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” (João 8:32) Em outras
palavras, quem segue Jesus, em nenhuma hipótese espalha mentiras, dissemina o
ódio ou propaga a violência. Sobre quem não tem compromisso com a verdade o
mestre ensinou a quem servem: “Vós tendes por
pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida
desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele.
Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e
pai da mentira.” (Jo. 8:44)
Quanto
a paz no coração e ao afastamento de todo ódio o mestre foi claro sobre qual a
vontade de Deus: “Deixo a paz a vocês; a minha
paz dou a vocês. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração,
nem tenham medo.” (Jo. 14, 27). E não podia ser mais explícito sobre como se
comportar não só contra quem pensa diferente, mas mesmo diante dos que nos
perseguem: “Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos
perseguem” (Mt. 5,44)
Jesus ensinou que o Reino de Deus não se
encontra dividido: Todo reino dividido contra si mesmo será destruído; e cairá
uma casa por cima da outra” (Lucas 11,17). Pelo contrário, todos os que faziam o bem eram
bem acolhidos pelo mestre. A divisão é obra de outro. Dividir é o modo de atuar
do diabo, ele é o diabolus, aquele que divide, separa; aquele que não é
a favor do que é unido e estável. Ele afastou-se do Reino de Deus, separando-se
dos anjos e dos que fazem a vontade de Deus; a missão do diabo no mundo é justamente
esta: lançar a divisão e a separação.
Portanto, não há um cristianismo do mal, mas o mal que se
serve do cristianismo para difundir sua realidade. Um mal que se mostra no
abandono às, mas inclinações, na incapacidade de escolher o bem em situações
difíceis ou o pior de todos, o desejo de fazer o mal, de perpetrar a
destruição, a defesa da tortura, da crueldade, a pregação ao homicídio, o
desejo de recusar os valores do humanismo mantido pelo propósito imoral de
recusar o que é valioso.