No livro Se Jesus Voltasse Hoje? (Se Gesù tornasse oggi?) , Enzo Fortunato imagina o novo retorno de Jesus e para tanto traz à meditação alguns escritores da atualidade que se manifestaram sobre o assunto, tais como: Flaiano, Michelstaedter, Tolstoj, Dostoevskij.
Sobre o Deus de Flaiano imagina Jesus retornando à terra, importunado por jornalistas e fotógrafos, mas Ele somente atento aos humildes e doentes. Um homem traz sua filha doente e Lhe diz: não estou pedindo para curá-la, mas que a ame. Jesus a beijou e disse: na verdade este pai pediu o que eu posso dar. Depois destas palavras desapareceu numa glória de luz.
Flaiano viu no pedido a Jesus não o prodígio, mas o altíssimo dom da partilha, da comunhão, do sofrimento. Este seria o Jesus que retornaria, cheio de amor e compartilhante do sofrimento.
Já Tolstoy imagina um Jesus recebido por uma mídia indiferente: se Cristo viesse e apresentasse o Evangelho à imprensa os repórteres lhe pediriam autógrafos e nada mais.
Outros escritores seriam Michelstaedte e Dostoevskij que narram a seu modo e como pensam a segunda vinda de Jesus.
O tema central do livro é passagem do Apocalipse:
"Fico na porta e bato, se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entro e janto com ele e ele comigo", (Apocalipse (3 : 20).”
Fortunato se coloca a questão: Se Cristo voltasse hoje? Esta é uma pergunta que vai direto ao coração do cristianismo.. de nosso viver, de nosso amor, de nosso agir.
O que podemos aprender da análise dos grandes autores da literatura e da filosofia sobre a vinda de Cristo? É que na verdade a mensagem evangélica continua atual e com toda virtualidade.
Quando Jesus bate às nossas portas, nós o convidamos a entrar, mas deixamos do lado de fora sua verdade que são a paciência, o perdão, o amor, mas o AMOR resume todas as demais.
Fortunato disse que tentou visualizar Jesus com base nas imagens iconográficas que estavam gravadas na mente. Via-O vestido de branco, com a túnica vermelha atravessada ao lado. e quando Ele bater, abro a porta e nos olhamos. Reagindo espontaneamente disse-lhe: “Tentei seguir-Te” , e ao mesmo tempo me escusando: “Cometi todo mal? Tentei seguir-Te”. E comecei a chorar e me transportei ao coração do cristianismo, naquele ato de “cum prehendere” que também é um abraço. Então nos fixamos novamente e entendi que Ele não voltou para me censurar, mas apenas para me amar e permitir que eu o ame.
Imaginei também, sob outro olhar, que Ele observava minha maneira de trabalhar, de fazer as coisas e de me comunicar. Às vezes eu estava irritado e indiferente e mandava tudo a... Ou, ternamente eu chamava a pessoa e dizia: “vem cá, irmão”. Não sei se Ele estaria compartilhando o que faço, mas imaginava-O dizer: "Aqui tenta fazer melhor, aqui vai assim, aqui você vê que se esconde o tentador, tenta desmascará-lo!“
E sempre O via voltando à pergunta: “onde estou?” E eu começava entender que estava no cerne do cristianismo:
- no nosso viver, no
nosso amor, nas nossas ações e no nosso pensamento.