Diversidade
Não seria exagerado e até
poderia ser dizer que o genuíno humanismo é aquele, conforme Protágoras, que
faz do homem a medida de todas as coisas. O que entendemos por Humanismo? Nada
mal seria partirmos da proposta aristotélica: as causas do ser. Todo ser se
estrutura sob quatro causas: causal, material, formal e final. Partindo da
proposta de Protágoras e conjugando com Aristóteles devemos encontrar um
humanismo cuja origem seria o homem explicado pelas causas intrínsecas do ser. Não pode ser um humanismo alicerçado numa
máquina fruto de uma inteligência artificial. Um humanismo só pode ser bom
quando tiver sua origem no homem, seja elaborado pelo homem e para o bem estar
do homem.
Sonho com um mundo ocupando
somente algumas horas do dia dentro de um escritório de máquinas que fabricam
máquinas. Sonho com robôs automatizados que trabalham em lavouras preparando a
terra, eliminando pragas, fazendo a colheita. Outros processando os produtos tornando-os
farinha, carne, pão e alimentos.
Sonho com um mundo pessoas se
dedicando às artes, ao lazer e ao culto cantando o hino de Beethoven: Alegria
dos Homens. Nesse tempo foi eliminado o suor dos homens, por isso, comerão o
pão com o sorriso nos rostos. O trabalho humano foi abolido e em seu lugar foi
instituído o lazer universal. A dor, a fome, a sede, a doença, o vestuário já
não é uma atividade dolorosa para conseguir por que existe em abundância: uma “Civitas
Solis” de Tommaso Campanella.
A realidade, porém ainda é
outra. Não só do nosso país, como do planeta Terra. Nosso país não tem nem
menos nem mais, mas ainda são enormes.
Quando e como chegaremos lá,
no reino da Alegria dos Homens? Alguns sonham com sociedade espontaneamente
igualitária, na qual os bens pertencem a todos e todos os usufruem conforme
seus desejos e necessidades. Outros sonham com uma igualdade compulsória, com
um grupo se encarregando de garantir o nivelamento, não permitindo que ninguém
e nem grupo algum se sobressaia. Há
ainda os aspiram com uma sociedade convicta da superioridade da igualdade, e
por isso age de forma convencida a viver na igualdade. Por fim há ainda uma
proposta de igualdade através da qual cada um busca sua própria igualdade. Não
seria a igualdade de todos, mas de todos igualmente livres. Pois não é a
igualdade que garante a realização, mas a liberdade. Os homens são iguais na
liberdade e não iguais na servidão.
Quais os tipos de
desigualdade? E quais as diferenças?
Geralmente podem ser
consideradas como grandes diferenças entre os seres humanos: gênero e raça.
Primeiramente há que
distinguir desigualdade e diferença. A tipologia a cima se refere às diferenças
e não às desigualdades. Um homem e uma mulher podem ser desiguais em gênero,
mas iguais em renda. Um negro e um branco são desiguais em raça, mas podem ser
iguais em status. Um rico e um pobre são desiguais na fortuna, mas podem ser
iguais na ocupação hierárquica. E em todas elas, vice-versa também é
verdadeiro. Contra as diferenças naturais nada se pode fazer, mas as
desigualdades podem ser corrigidas pela liberdade.
O humanismo é do ser humano,
isto é, a medida de todas as coisas. Devemos ser iguais? O parâmetro da
igualdade ou não, não pode ser o econômico e sim a liberdade. Por isso o
parâmetro da igualdade é a liberdade. Se tiver mais bens, ou menos. Se for mais
habilitado ou não, não importa desde que não seja impedido de ser. Isto
significa que a liberdade supre a não igualdade natural: se a natureza o privou
de um corpo perfeito, a liberdade complementa-a, como Hawking. Se a natureza o
privou de inteligência, a liberdade providenciará para supri-la como João
Vianey, ou Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que perdeu as mãos e os pés, mesmo
assim andava e esculpia com ajuda de técnicas, graças à liberdade.
Humanismo sem homem não
existe. E o que é o homem? Um ser mortal e finito. Por mais que procuremos
razões para justificar a finitude e a mortalidade, não encontraremos. Finitude
aqui significa ter fim, findar, e não apenas limitado. Por isso, não adianta justificar isto ou
aquilo quando o principal permanece inalterado: a finitude da vida.
Não há humanismo que resista
esta realidade que vai acontecer logo aí? O ser humano tem dois marcos: o
berço, inicial e o túmulo, final. E a fé, poderia ser um componente do
humanismo? Claro que sim, para os que têm fé. Um verdadeiro humanismo deveria
ser válido para todos os homens, caso contrário seria restrito: cristãos,
judeus, muçulmanos, hindus e todos os que creem. Por isso é preciso solucionar
a questão da finitude.
E se aceitássemos um
liberalismo como a autossuficiência de cada homem? A própria finitude deixaria
de ser um problema, como a solução. Quando cada homem encontrasse a plenitude
da sua finitude, isto seria o humanismo. Esta plenitude abrangeria as diversas
dimensões humanas, definidas como plenas por cada um. Se cada um conseguisse
tornar plena sua finitude, tornaria também pleno o humanismo dos humanos, desde
que fosse extensivo a todos os seres humanos.
Deveríamos ser iguais, mas nascemos desiguais, separados pelas diferenças.
ResponderExcluirMuito reflexivo, atentar a essência desta idéia.
ResponderExcluirQuando o homem deixar de acreditar que ê eterno aqui neste mundo, sua vida se transforma.
ResponderExcluirA alma sim, é eterna, só colherá, o que plantou.
Ser mortal e finito, deve ter um propósito.
ResponderExcluirO berço já nos trás o destino da caminhada.
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