Para o sociólogo Adam
Arvidsson parece que o capitalismo chegou a um estágio tal que nem mesmo as
tecnologias digitais conseguem gerar crescimento. Tamanha a estagnação.
Isto é o que consta na sua
obra Changemaker – O Futuro Industrioso
da Economia Digital. Defende a imperiosa necessidade de mudanças baseado na
análise de perdas de conexões que constituíram os desafios que provocaram a
passagem do feudalismo ao capitalismo. Da mesma forma atualmente aparecem
novamente dois elementos que acionam os motores da economia industrial em
direção ao um futuro industrioso de uma economia digital.
O dilema que se descortina é
o seguinte: todos querem as mudanças, mas ninguém sabe como fazer. Disso se
configura uma encruzilhada insuperável. O pessimismo da inteligência e um
exacerbado otimismo da vontade. Todos querem a mudança, mas ninguém sabe como
atingi-la. Apresentam-se como inovadores os keinesianos, os defensores do
estado social, os fordistas, a escola austríaca, neoliberais entre outros. Conforme
Arvidssnon as reformas não irão tão longe.
Primeiramente o capitalismo
não será substituído por uma economia industriosa e igualitária de mercado, mas
poderá ocorrer uma evolução do capitalismo, no sentido de que as elites se auto
reproduzirão assimilando alguns elementos deste modelo de economia a outros que
advirão. Este é um conceito já consagrado no capitalismo, como ocorreu com a
passagem dos anos Oitocentos para Novecentos: de um capitalismo originalmente
de elite (que não previa um consumo de massa) de quem capitalismo sob a pressão
da classe operária, se abre ao consumo de massa, incorporando um como
consumidores com consequências de abertura de novos mercados e em decorrência uma
nova expansão.
O tema central do livro de Arvidsson
é a questão: como fazer o trânsito entre uma economia industriosa e uma
economia industrial?
Uma economia industriosa se
caracteriza por um trabalho intensivo e capital pobre, por uma economia
industrial que gire em torno a grandes organizações com fartos recursos
disponíveis. Ora, isto se tornou possível com a digitalização, pois a tornou
central. Contudo estamos numa era nem as tecnologias digitais parecem gerar
crescimento. Estamos de posse de smartphone, computadores, inteligência
artificial, algoritmos, mas não temos crescimento econômico, ao contrário estas
ferramentas são operadas dentro de um sistema que se contrai e não tem outra
perspectiva que incrementar o consumo.
Uma consequência é que o
ideal de: até o último da lista ( the
last of the list), inverteu-se: sempre aumenta mais a fila dos excluídos. A
economia industrial, laboriosa e digital chegou até aqui e não sabe mais o que
fazer. Não só não se incorporou o último, como a lista dos últimos aumentou.
Mas o paradoxo do azar
mostrou o caminho: a pandemia do Coronavírus.
Diante desta encruzilhada que não importa que rumo tomar, pois sempre
será o mesmo, a pandemia sacudiu o mundo econômico principalmente desatando-lhe
as amarras da indefinição e imobilismo. Os empreendedores surgiram de toda
parte e inovaram. E não foi nos estratos superiores, mas médios e baixos. Não
foram os executivos das multinacionais, mas os pequenos e médios empreendedores
que tomaram a direção do volante da economia rasteira e a levaram adiante. Com
a ferramenta que dispunham um smartphone ou um celular conectado à internet
chegou.
Já não se precisa ir ao
restaurante para fazer as refeições fora de casa. O delivery traz o almoço no
seu trabalho. Não precisa ir ao banco para ver saldos, movimentar conta, fazer
aplicações. Na palma de sua mão está o celular com o qual você pode fazer tudo
isso. Aulas presenciais podem ser dispensadas. Cirurgias à distância já são
possíveis sem falar em consultas online. O mundo se libertou das amarras dos
princípios capitalistas e socialistas. O homem pequeno e médio abriu as asas e
voou num voo para o infinito. A economia
teve nova vida. Já nem depende mais das decisões dos grandes. Os nanicos
tornaram-se gigantes. As compras e vendas são pela internet. As transações
também. Dinheiro é só virtual. Sai de uma conta e entra em outra. Não tem mais
presença física. É só um valor que consta em sua conta.
Realmente a mudança tornou-se algo tão espetacular que é difícil prever como será daqui um ano.
ResponderExcluirBeleza de artigo,completo.
ResponderExcluirEste é o incrível mundo novo, tudo virtual, os humanos com necessidade de mais empregos.
ResponderExcluirComo será???
Uma evolução do capitalismo poderia tomar rumos diferentes, com novas idéias....o trabalho por turnos com diminuição das horas trabalhadas,o mundo do trabalho se tornar agradável.
ResponderExcluirSeria uma forma de diminuir o desemprego,tipo 6 horas ao dia.
ExcluirUma analise perfeita.
ExcluirEstes tempos que vamos viver terão que ter respostas.
Os nanicos tornaram-se grandes, aí está o início do novo capitalismo.
ResponderExcluirÉ após esta pandemia, tudo será diferente, o mundo pede mudanças.
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