A teoria de Zygmunt Bauman é
surpreendentemente simples: a composição social deixou de se entrelaçar com
ligames duradouros, sólidos, para alicerçar-se sobre bases voláteis, liquidas.
A singeleza da teoria contrasta com a expansão e as várias aplicações que está sendo
objeto e utilizada. De uma extremidade pode-se ver a aplicação na estrutura
social e na outra extremidade a atribuição até mesmo aos relacionamentos
amorosos.
Os contatos amorosos não
querem mais saber de compromissos duradouros. De ambas as partes: do lado de
quem procura como da parte buscada. E, os meios mais fáceis para a volatilidade
dos relacionamentos, são os “media” disponíveis da informática através de
aplicativos específicos. Eles têm a vantagem de mostrar e ao mesmo tempo
permanecer oculto, evitando com isso compromissos que possam tonar-se estáveis.
Como interpretação popular de Garota de Ipanema: mostra tudo, mas esconde o
essencial.
É este jogo de mostra e
esconde, aceita e nega, quer e não quer. É como alguém que se aproxima do
abismo para se jogar, mas recua, vai novamente e volta atrás, olha o abismo e
volta-se.
Os amores líquidos da
sociedade atual caracterizam-se por estabelecer laços e ao mesmo tempo mantê-los frouxos. Por isso nas escolhas
institucionais têm preferências as que podem desatar-se facilmente. Em vez de
namoro, contatos fortuitos, ao noivado, prefere-se o coabitar, ao vínculo
matrimonial opta-se pela união estável.
O fundamento social não reside
mais no “nós”, mas no eu. Os relacionamentos são vistos como bênçãos ambíguas.
Balançam entre o sonho e o pesadelo. Ao mesmo tempo em que se comprazem com
momentos de deleites fugazes, se retorcem de angústia como se fossem pesadelos
de condenados.
Os compromissos são como
máquinas: nada de definitivo, sempre provisórios. Sempre sujeitos a revisões.
Nesse ponto Baumann segue Maquiavel. Os compromissos devem ser válidos enquanto
cumprem sua função do momento. Passado o objetivo, finda o compromisso. Todo compromisso em longo
prazo se deve desconfiar pois é uma armadilha. No caso de uma relacionamento romântico, o
compromisso a longo prazo fecha a porta para outras possibilidades mais
vantajosas. O lema é manter distância. Se quiser usufruir o convívio, faça-o à
distância. As portas devem sempre ficar abertas a novidades.
Se nos detivermos na
etimologia do relacionar-se, é evidente que as portas devem estar sempre
abertas senão não faria sentido: re-lacionar-se, isto é, voltar à relação. Por
isso, sobre a atual relação deve pesar sempre o comando “deletar” e estar
pronto para... nova relação”!
Os amores são como gelos sólidos que se diluem em liquidos.
Os amores são como gelos sólidos que se diluem em liquidos.
PARABÉNS.
ResponderExcluirUma pérola esta explicação.
A sociedade líquida não se sustentará sem os vínculos, precisamos uns dos outros.
ResponderExcluirUnião estável, estamos juntos, até que um cansa, uma forma diferente.
ResponderExcluirTinha curiosidade para saber a obra de BAUMAN,interessante seu atigo, agradeço.
ResponderExcluirCompromisso em longo prazo?
ResponderExcluirÉ um alerta, muito bom.
Amores líquidos, amizades sem vínculos, tudo superficial.
ResponderExcluirParece-me que tudo se esconde, porque o medo é causa, se vc abraça uma causa vc se torna responsável perante a sociedade, então vc não participa, não se expõe e critica.
ResponderExcluirConcordo, uma teoria simples, mas é a lógica do capitalismo, usa e descarta.
ResponderExcluirSim, amores líquidos, familias em desequilíbrio, eramos felizes,agora é lembranças.
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